Telhado Verde

INTRODUÇÃO:

O termo SUSTENTABILIDADE vem ganhado espaço e importância em várias áreas.

Na arquitetura e na construção civil alguns temas se tornaram muito interessantes em função de problemas referentes à escassez de recursos naturais, pela poluição causada por processos construtivos, pela quantidade de resíduos de obras que não são degradáveis, e, acima de tudo, pelos seus impactos sobre a vida humana e sobre a natureza.

Muitos dos novos projetos de edificações (residenciais, comerciais e industriais) estão considerando sistemas sustentáveis de alta tecnologia com a adoção de estratégias e técnicas da ARQUITETURA VERDE e da BIOCONSTRUÇÃO. Elas cooperam na redução de impactos ambientais, otimização de recursos financeiros, contribuem na conservação ambiental e na melhoria da qualidade de vida. Suas soluções procuram ser muito mais criativas e harmonizadas com o ambiente.

Na virada do Século XXI, as alternativas da GESTÃO AMBIENTAL nas empresas não ficaram restritas apenas à preocupação com o SISTEMA DE PRODUÇÃO LIMPA, descarte de resíduos, reciclagem, ações de caráter PREVENTIVO etc. Novas ideias e aplicações foram sendo direcionadas para outras áreas visando eficiência no uso racional de água e energia, usando tecnologias aplicáveis nas instalações das empresas (armazéns, galpões industriais e áreas administrativas).

TELHADO VERDE

Uma das alternativas mais inteligentes foi a utilização do TELHADO VERDE (também chamado de TETO VERDE ou ECOTELHADO ou GREEN ROOF). É uma opção viável e sustentável em relação aos telhados e lajes tradicionais.

O DESENVOLVIMENTO

O uso de cobertura vegetal para a redução da temperatura interior de templos e edificações já foi usado, desde a Antiguidade, em diferentes períodos históricos no Egito e Mesopotâmia. No Século XIX eram comuns as cabanas feitas com teto coberto de gramíneas nos Estados Unidos.

Mas, em 1920 a técnica da cobertura vegetal se desenvolveu e foi definida, como conceito de arquitetura moderna por LE CORBUSIER (1887-1965), um arquiteto, urbanista, escultor e pintor francês.

Na época, suas ideias eram muito inovadoras por considerar a casa uma máquina viva, na qual todos os espaços são mobiliados funcionalmente.

A partir dos anos 70, esse tipo de cobertura, denominada TECNOLOGIA DE TELHADOS VERDES, foi estudada na Alemanha por pesquisadores, arquitetos e fabricantes com o uso de materiais betuminosos, impermeáveis e resistentes ao crescimento das raízes. Rapidamente, a novidade teve grande aceitação pelos consumidores dos anos 1980.

TECNOLOGIA DE TELHADOS VERDES

É um sistema artificial de construção de coberturas. A princípio, foi utilizado apenas em projetos residenciais e, progressivamente, vem sendo um assunto emergente, com novas possibilidades em edifícios comerciais, galpões, armazéns e mesmo em estruturas de apoio. Tradicionalmente, um TELHADO VERDE é feito em camadas de forma harmoniosa com vantagens estéticas, arquitetônicas e ambientais:

1 – Próximo à base é colocada uma membrana impermeável evitando a penetração da água das chuvas no telhado que causam infiltrações e vazamentos.

2 – Em seguida, é colocada uma camada que vai armazenar parte da água das chuvas que será usada pelas próprias plantas.

3 – A próxima camada contém uma espessura variável de terra, o que torna o TELHADO VERDE bastante pesado. Assim, é imprescindível analisar e avaliar com cuidado toda a estrutura da construção. Para aliviar o peso, algumas opções interessantes foram criadas substituindo a terra por um sistema mais leve e com todas as suas características: lugar de fixação, aeração, acúmulo de água e nutrientes, mas com peso adequado à estrutura. 

4 – A última camada contém as plantas, com espécies que podem ser diferentes para cada região.

O TELHADO VERDE facilita o escoamento de grandes cargas de águas pluviais, leva a água para o sistema de drenagem, permite a melhoria das condições termo acústicas e mantém a construção protegida em relação às temperaturas extremas (no verão, especialmente, diminui a temperatura em 3°C).

Ao mesmo tempo, permite o equilíbrio constante da umidade relativa do ar ao redor do prédio, promove o reequilíbrio ambiental, traz os benefícios da vegetação para a saúde pública e para a biodiversidade. A vegetação e a terra do TELHADO VERDE agem como um filtro natural da água que pode ser armazenada para ser usada na jardinagem, limpeza sanitária, o uso sensato da água etc.

Os custos de instalação compensam as vantagens, porém, depende do projeto, do sistema e da tecnologia a serem adotados. As diferenças de preço se devem à quantidade e os tipos de materiais envolvidos, à área, à complexidade de instalação e qualificação da mão-de-obra.

O investimento tem rápida amortização com a economia de energia (ventiladores, ar condicionado e sistemas de climatização), economia com a água de reuso e com o aumento da vida útil de um TELHADO VERDE em relação à cobertura convencional.

ILHA DE CALOR

Com exceção das PLACAS FOTOVOLTAICAS, o TELHADO VERDE tem se tornado o detalhe construtivo mais comentado por suas vantagens para evitar as ILHAS DE CALOR. O uso do TELHADO VERDE também pode ser feito em conjunto com os JARDINS VERTICAIS (ou PAREDES VERDES ou ECOPAREDES) para reduzir a poluição e a temperatura. Em muitas empresas, as instalações sem áreas verdes podem se tornar verdadeiras ILHAS DE CALOR, desconfortáveis e prejudiciais aos trabalhadores.

No Brasil, o senso comum ainda acredita que estas alternativas são apenas apropriadas aos imóveis residenciais. Futuramente, a difusão de tecnologias possíveis de serem adotadas em edifícios ecológicos, deverão apresentar projetos mais inteligentes para as construções da área corporativa. Em empresas de mentalidade atualizada, a GESTÃO AMBIENTAL já considera os benefícios do uso de materiais construtivos adequados, a eficiência energética, a reciclagem de resíduos, o reuso de águas servidas e de águas pluviais, bem como a economia de recursos e o CONFORTO BIOCLIMÁTICO.

Sugestão de Leitura

REBOLLAR, NORA A. PATRICIA; e outros.Telhados Verdes: uma abordagem multidisciplinar. Editora LEDIX. Edição 1ª. Florianópolis, 2017.

KRUGER, ABE; SEVILLE, CARL. Construção verde. Editora Cengage Learning, Edição 1ª.  São Paulo, 2016.

KOZMHINSKY. MARCELO; PINHEIRO, SARA MARIA GOMES; EL-DEIR, SORAYA GIOVANETTI. Telhados Verdes. Grupo Gestão Ambiental de Pernambuco (GAMPE), da UFRPE. Recife, 2016.

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