Práticas da Logística Reversa de PÓS-CONSUMO

INTRODUÇÃO:

A LOGÍSTICA REVERSA DEPÓS-CONSUMO é uma área dentro da LOGÍSTICA REVERSA que aborda o fluxo físico e que acompanha todas as informações relativas aos bens de PÓS-CONSUMO, descartados, que retornam ao ciclo produtivo ou apresentam novas oportunidades de negócios utilizando os canais de distribuição reversos (o SUPPLY CHAIN REVERSO). São considerados itens de PÓS-CONSUMO:

– Produtos que estão no final da sua vida útil.

– Produtos descartados por terem atingido o fim de vida útil.  

– Produtos que ainda apresentam alguma alternativa de aproveitamento.

– Produtos que já não têm mais serventia para os proprietários originais, mas que ainda possuem condições de reaproveitamento.

– Resíduos industriais.

Deste modo, os itens de PÓS-CONSUMO poderão dar origem a outros bens duráveis ou descartáveis tendo INTERFACE com outros departamentos das  empresas e com outras áreas de conhecimento.

PRÁTICAS DA LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

ALOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO está ganhando novas aplicações. Apesar de não ter recursos razoáveis, comparáveis aos da LOGÍSTICA tradicional, ela procura fazer o seu trabalho nos PROCESSOS REVERSOS com a mesma eficiência ao controlar todos os resíduos, embalagens etc. gerados pelo PÓS-CONSUMO. Mesmo com suas limitações, os conceitos das suas atividades saíram do âmbito da indústria e estão sendo difundidos em outras áreas. 

Ainda que seja um assunto que no momento vem ganhando as atenções de muitas empresas e ampliando o espaço na literatura especializada, o PROCESSO REVERSO já é usado há um bom tempo. 

Até o começo dos anos 70, as usinas de leite tinham um sistema de recolha de vasilhames, da mesma forma que as indústrias de bebidas ainda utilizam para suas garrafas retornáveis.

Na coleta de PÓS-CONSUMO o trabalho da LOGÍSTICA pode utilizar o mesmo canal que distribuiu o produto no mercado.

Assim, o retorno é facilitado pelo acerto direto entre e o Ponto de Venda (o cliente) e a empresa.

Em muitos casos, há supermercados, varejistas e lojas que devolvem produtos e embalagens para os seus fornecedores para reaproveitamento ou para a volta aos ciclos produtivos. 

Empresas dedicadas ao comércio de defensivos agrícolas coletam ou recebem embalagens vazias dos produtores rurais. Os fabricantes utilizam o PROCESSO REVERSO e recolhem, avaliam as condições dos recipientes devolvidos para serem aproveitados, reciclados ou incinerados de maneira ambientalmente correta.

O PARANÁ possui um modelo exemplar na logística de embalagens de defensivos agrícolas. Dados da AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DO PARANÁ apontam que, de cada 100 produtos que saem da indústria, 98 têm o recipiente reciclado ou incinerado de maneira controlada. Em 2017 foram recolhidos 5,6 mil toneladas de embalagens vazias de agrotóxicos, inseticidas, adubos, defensivos e pesticidas nas propriedades rurais do Estado.

No presente, muitas metalúrgicas e siderúrgicas coletam e aproveitam boa parte da SUCATA que coletam e trazem de volta dos clientes as peças, chapas, retalhos, rebites, parafusos, fios de cobre, equipamentos que podem ser reutilizados e etc.

É considerado como SUCATA todo o tipo de resíduo, produto defeituoso ou material fora de conformidade e sem condições de uso.

O seu reparo, ou utilização na forma original, são processos economicamente inviáveis. Porém, são materiais que podem ser reciclados para gerar outros produtos.

Cada vez mais cresce a variedade e itens para aproveitamento ou descarte correto: resíduos sólidos de processo produtivo, pilhas, caixas de papelão, plásticos, garrafões de policarbonato, vidros, baterias de celulares, lixo eletrônico (com cobre, prata e ouro), reaproveitamento de latas de alumínio ou ferro, produtos e compostos químicos tóxicos (e as respectivas embalagens), pneus, produtos radioativos extremamente perigosos etc.

Os Pneus usados são um tipo de lixo que não é biodegradável e, portanto e têm o grande inconveniente de se acumular em grande quantidade.

No Brasil, a cada 100 pneus que são trocados, cerca de 55% são aproveitados pelos proprietários como estepe ou outra utilização. Os 45% restantes acabam nos postos de coleta por não terem mais condição de uso. Dos 45, 67% são utilizados como combustível alternativo em fornos da indústria de cimento para a geração de energia e os outros 33% restantes vão para reciclagem e se tornam a matéria prima para pisos de quadras esportivas, grama sintética, tapetes de automóveis e solas de sapato.

O PROCESSO REVERSO para os pneus descartados tem boas perspectivas de crescimento. Estudos realizados nos últimos anos vêm desenvolvendo novas opções: aplicações na construção civil (novos tipos de concreto e calçamento) e encapsulamento de motores.

Fonte: ANIP (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos).

Em algumas cidades brasileiras já estão em operação pontos para recolhimento e unidades para a reciclagem de ENTULHOS vindos da construção civil. Este tipo de material já não pode ser mais descartado na forma habitual e foi preciso criar alternativas para uma correta destinação

A reciclagem pode ser feita na própria obra ou entrar num processo logístico para o envio do ENTULHO até instalações com equipamentos apropriados.  O processo de reciclagem é feito em três etapas: triagem, trituração e classificação dos materiais.

O MARKETING E A LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

Grande parte do que já foi abordado sobre a LOGÍSTICA foi dedicado à sua importância estratégica, planejamento e o andamento das atividades ligadas a suprimentos, produção e distribuição de produtos. Durante a década de 1990, o assunto passou a ter outro entendimento, voltado para as questões ambientais, redução de custos, reaproveitamento, combate aos desperdícios, perdas de materiais e um relacionamento mais estreito com seus clientes. Ao mesmo tempo, as empresas perceberam que LOGÍSTICA poderia atuar de forma diferente, como uma LOGÍSTICA de caráter reverso. 

Os danos causados ao MEIO AMBIENTE pela maneira inadequada de descarte, depois que um produto satisfaz as necessidades do consumidor, tem causado problemas em relação à imagem corporativa da empresa fabricante. O descaso quanto à destinação adequada vem se tornando um tema discutido entre a GESTÃO AMBIENTAL e as demais áreas envolvidas nas empresas.

ÁREAS DA LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO

Segundo PAULO ROBERTO LEITE, presidente do Conselho de Logística Reversa do Brasil e autor de Logística Reversa: Meio Ambiente e Competitividade (2003), a LOGÍSTICA REVERSA DEPÓS-CONSUMO, está dividida em duas áreas:

1 – Condições de uso: bens duráveis ou semiduráveis, que podem ser reutilizados, o que faz com que o produto retorne ao canal reverso em mercado de segunda mão.

2 – Fim de vida útil: os bens duráveis ou semiduráveis retornam ao ponto de origem, onde o produto ou seus componentes são desmontados ou reciclados, dando origem a novos produtos.  Já os bens descartáveis, recebem a destinação correta de descarte.

ASPECTOS POSITIVOS PARA A LOGÍSTICA REVERSA

Tanto para a LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-VENDAS e para a LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO há alguns aspectos que precisam ser levados em conta no planejamento estratégico das empresas (independentemente do porte e do ramo de atividade):

1 – LEGAIS: acompanhar rigorosamente as normas e disposições legais referentes à política ambiental.

2 – CORPORATIVO: cuidar da imagem da empresa diante da comunidade assumindo o compromisso na recolha e destinação final.

3 – TECNOLÓGICOS: estar em dia com as técnicas para reciclagem, reaproveitamento ou descarte de bens.

4 – FINACEIRO: economia relativa ao aproveitamento produtos de PÓS-CONSUMO como matérias primas ou venda para usinas de reciclagem. 

5 – LOGÍSTICOS: criar processos competentes e adequados para a coleta com infraestrutura de transporte, armazenamento, aproveitamento ou descarte. Incluem os controles com o mapeamento dos retornos utilizando procedimentos formalizados e rigorosos, sistemas de informação, ciclos e destinação correta. 

6 – RELACIONAMENTOS: ter uma política de operações que minimize os desgastes com clientes e fornecedores em uma relação colaborativa.

Sugestão de Leitura

LEITE, PAULO ROBERTO. Logística Reversa: Meio Ambiente e Competitividade. Editora Prentice Hall. São Paulo, 2003. 

GUARNIERI, PATRÍCIA. Logística Reversa – em busca do equilíbrio econômico e ambiental. Editora Clube dos Autores. Edição 1ª. Recife. 2011.

PEREIRA, ANDRÉ; BOECHAT, CLÁUDIO; TADEU, HUGO; SILVA, JERSONE. Logística Reversa e Sustentabilidade. Editora Cengage Learning. Edição 1ª. São Paulo, 2011.

CAMPOS, ALEXANDRE DE; GOULART, VERCI D. GARCIA. Logística reversa integrada: Sistemas de responsabilidade pós-consumo aplicados ao ciclo de vida dos produtos Editora Érica. Edição 1ª. São Paulo, 2017.

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