INTRODUÇÃO:
Durante os anos 70 e início dos anos 80, surgiram na Europa e nos Estados Unidos movimentos que, gradativamente, se espalharam por outras partes do mundo para controlar e combater impactos causados pelas indústrias na saúde humana e no meio ambiente.
Estes movimentos contribuíram para a criação de leis e regulamentos mais rigorosos e exigência de licenciamentos ambientais.
A reação das indústrias não foi favorável. O segmento industrial sempre visou apenas o lucro e metas de resultados de produção em larga escala, sem a devida atenção aos danos causados, direta e indiretamente, à natureza.
Por décadas, a degradação ambiental cresceu de forma acentuada, sendo justificada como o preço a ser pago pelo crescimento econômico que, apesar dos problemas, traria condições de vida muito melhores para a sociedade. Entretanto, ficou evidente que o descontrole deste crescimento estava causando prejuízos irremediáveis e, que a médio e longo prazo, trariam consequências mais graves ao homem.
As indústrias foram obrigadas a investir recursos no desenvolvimento de soluções tecnológicas, ainda que tímidas, em uma época de grande retração econômica. Mas, a intenção foi apenas seguir as regulamentações, cada vez mais severas, e obter licenças de operação de acordo com as restrições ambientais.
A preocupação em combinar desenvolvimento e negócios com o meio ambiente começou na Conferência das Nações Unidas (Estocolmo – 1972) com a criação de uma comissão independente, a Comissão Mundial de Desenvolvimento e Meio Ambiente (BRUNDTLAND COMISSION) com a finalidade de reavaliar o meio ambiente dentro do contexto do desenvolvimento.
Em 1987 a BRUNDTLAND COMISSION publicou o relatório NOSSO FUTURO EM COMUM, introduziu o termo DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL e estimulou as indústrias para o estudo e desenvolvimento de SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL eficientes.
PREVENÇÃO À POLUIÇÃO
“…qualquer prática, processo, técnica ou tecnologia que vise à redução ou eliminação de poluentes em volume, concentração e/ou toxicidade. Inclui substituição de matérias-primas; aumento de eficiência no uso de insumos (energia, água etc.); modificações nos equipamentos, processos ou procedimentos; reformulação ou replanejamento de produtos; melhoria nos gerenciamentos administrativos e técnicos da atividade poluidora”. MAZZINI (2008).
PRODUÇÃO MAIS LIMPA – PmaisL ou P+L
A P+L é uma das metodologias da PREVENÇÃO DE POLUIÇÃO. A partir do final da década de 1980 procurou-se estabelecero consenso para acomodar interesses do desenvolvimento econômico à responsabilidade e preservação ambiental. O uso de TECNOLOGIAS LIMPAS, apoiado no conceito de PREVENÇÃO, começa a ser difundido em processos produtivos denominados ECO EFICIENTES, com vantagens para a empresa e para o meio ambiente.
A expressão P+L foi criada na década de 90 pela UNITED NATIONS FOR INDUSTRIAL DEVELOPMENT (UNIDO).
De acordo com a UNIDO, a PRODUÇÃO MAIS LIMPA significa a…
“aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, através da não geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados, com benefícios ambientais e econômicos para os processos produtivos.”
O conceito dado pelo UNIDO tomou por base o programa ECOPROFIT – ECOLOGICAL PROJECT FOR INTEGRATED ENVIRONMENTAL TECHNOLOGIES (Projeto Ecológico para Tecnologias Ambientais Integradas), criado para o fortalecimento econômico da indústria através da PREVENÇÃO DA POLUIÇÃO.
A PRODUÇÃO MAIS LIMPA (ou “CLEANER PRODUCTION”) utiliza tecnologias de produção que melhoram a qualidade ambiental, reduzem custos e atendem às novas expectativas do consumidor. A proposta é o uso de uma estratégia ambiental de caráter PREVENTIVO, integrada aos processos e produtos, para aumentar eficiência e reduzir riscos à sociedade e ao meio ambiente. Assim, diminui desperdícios e ganha vantagem competitiva ao incentivar ideias inovadoras na produção.
O foco da P+L é verificar as causas da geração de resíduos e emissões atuando para obter o melhor aproveitamento no uso da matéria prima utilizada na produção, integrando processos de fabricação e objetivos ambientais. A P+L também procura utilizar tudo o que possa ser reciclado para ser reintegrado à produção e considera o descarte como a última alternativa a ser escolhida. A P+L significa mudanças e quebra de PARADIGMAS na GESTÃO da empresa e na mentalidade de todos os indivíduos envolvidos no processo.
O FIM DO TUBO
Uma das mudanças necessárias na GESTÃO é a eliminação dos tratamentos de resíduos e emissões gerados no final do processo produtivo (o “FINAL DO TUBO”). O tratamento é dispendioso e, em geral, tem poucos resultados e demonstra o nível de desperdício. O tratamento é dispendioso e, em geral, tem resultados pobres e demonstra o nível de desperdício. Para os especialistas, há outro aspecto que significa um custo desnecessário: o planejamento e a tarefa para a disposição ambientalmente correta dos resíduos.
ECOEFICIÊNCIA
É o aumento de produtividade e rentabilidade das empresas com a PREVENÇÃO DE POLUIÇÃO e redução de impactos ambientais. Portanto, seguindo este princípio, a poluição significa falta de eficiência para substituir a habitual VISÃO CORRETIVA pela VISÃO PREVENTIVA.
ETAPAS DA P+L
Como qualquer atividade a ser introduzida numa organização, a P+L também precisa do apoio da DIRETORIA para vencer resistências, quebrar paradigmas e ter maiores chances de sucesso ao estabelecer uma estratégia ambiental integrada e preventiva. Um dos maiores obstáculos é a falta de informações a respeito das técnicas e práticas utilizadas na P+L. A ideia comum acredita que são necessários grandes investimentos em tecnologia a serem aplicados no processo. Na realidade, na maioria dos casos, o problema está na falta de boa vontade.
Porém, no presente, existem técnicas mais modernas para reduzir o uso de matérias-primas e a poluição por meio de simples mudanças (nos processos e na mentalidade dos trabalhadores).
Em empresas industriais, o objetivo é a produção de produtos que sejam ambientalmente corretos, que não prejudiquem o meio ambiente, que possam ser reutilizados, reciclados ou armazenados de maneira adequada. Para os prestadores de serviços, as questões ambientais devem ser incorporadas desde o projeto até o fornecimento dos serviços.
AS QUESTÕES DA P+L
● – Onde e por que os resíduos são gerados?
● – Quais as formas para não gerar resíduos?
● – Quais as formas para reduzir a quantidade de resíduos?
● – Qual o melhor método de RECICLAGEM INTERNA? (alternativa para que os resíduos sejam reintegrados ao processo produtivo).
● – Quais as formas de RECICLAGEM EXTERNA (não há alternativas para que os resíduos sejam reintegrados ao processo produtivo).
AS VANTAGENS DA P+L
● – Maior facilidade para o cumprimento de leis e regulamentos ambientais.
● – Diminuição do risco de acidentes ambientais e redução de resíduos.
● – Melhoria nas condições de segurança do trabalho e saúde do trabalhador.
● – Melhoria da imagem da empresa junto ao mercado.
● – Novas oportunidades de negócios.
● – Reciclagem e aproveitamento de resíduos.
● – Aumento da vantagem competitiva.
SISTEMA DE PRODUÇÃO LIMPA
É a aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambiental e técnica nos processos de fabricação de produtos. O seu objetivo é elevar a eficiência na utilização de matérias-primas, água e energia. A expectativa é impedir, minimizar ou reciclar resíduos e ANTECIPAR problemas ambientais. O SISTEMA DE PRODUÇÃO LIMPA faz a análise de todas as fases da produção e do ciclo de vida de um produto prevenindo (ou minimizando) riscos à saúde do ser humano, preservando a biodiversidade e evitando danos à natureza.
Sugestão de Leitura
MAZZINI, ANA L. D. DE AMORIM. Dicionário Educativo de Termos Ambientais. Livraria ABES-SP. Edição 4ª. São Paulo, 2008.
ALMEIDA, FERNANDO. O Bom Negócio da Sustentabilidade. Editora Nova Fronteira. Rio de Janeiro, 2002.
SACHS, IGNACY. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Editora Actual. Edição 1ª. Lisboa, 2017.
MANZINI, E.; VEZZOLLI, C. O desenvolvimento de produtos sustentáveis: os requisitos ambientais dos produtos industriais. Editora Edusp. São Paulo, 2002.
VEIGA, JOSÉ ELI DA. Para entender o desenvolvimento sustentável. Editora 34. Edição 1ª. São Paulo, 2015.
CAPRA, F. O Tão da Física. Editora Cultrix. São Paulo, 2000.
MANZAN, RONALDO. Busca da Produção mais Limpa por meio da Produção Enxuta. Editora Novas Edições Acadêmicas. São Paulo, 2018.
DIAS, REINALDO. Gestão Ambiental: Responsabilidade Social e Sustentabilidade. Editora Atlas. Edição 1ª. São Paulo, 2017.