Os Seguidores de Taylor – Hugo Münsterberg

INTRODUÇÃO:

Até final do Século XIX a PSICOLOGIA era entendida como sendo uma parte da FILOSOFIA. A partir da primeira década do Século XX, o panorama começa a se modificar com o desenvolvimento de novos estudos e propostas de cientistas que deram caminhos mais amplos para a PSICOLOGIA.

Um dos destaques foi para os livros publicados por SIGMUND FREUD (1856-1939): “A INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS” em 1900, “UM CASO DE HISTERIA” de 1901, “TRÊS ENSAIOS SOBRE A TEORIA DA SEXUALIDADE” e “OS CHISTES E SUA RELAÇÃO COM O INCONSCIENTE” em 1905.

As novas aplicações da PSICOLOGIA a desvinculam de estudos de base filosófica e abordaram temas como as áreas médica, clínica, industrial, organizacional, legal, educacional e na Administração e negócios.   

HUGO MÜNSTERBERG (1863–1916)

Nasceu em DANTZIG, que na época fazia parte do IMPÉRIO ALEMÃO e que atualmente se chama GDANSK (na POLÔNIA).

Em 1883 MÜNSTERBERG ingressou na UNIVERSIDADE DE LEIPZIG no curso de medicina e se interessou por PSICOLOGIA após uma palestra de WILHELM WUNDT, seu professor, mentor e que se tornaria a grande fonte de inspiração em grande parte de sua carreira.

WILHELM WUNDT (1832–1920)

Foi medico, filósofo e psicólogo alemão na Universidade de LEIPZIG , considerado um dos fundadores e um dos pioneiros da PSICOLOGIA EXPERIMENTAL.   

Em 1879 WILHELM MAXIMILIAN WUNDT desenvolveu em LEIPZIG, na Alemanha, o primeiro laboratório de PSICOLOGIA EXPERIMENTAL. Foi o maior centro de formação de psicólogos daquele tempo, um local de  diversas experiências que criaram uma base científica para que a PSICOLOGIA obtivesse uma identidade independente.  

Sob a supervisão de WUNDT, MÜNSTERBERG se tornou seu assistente de pesquisa e obteve o título de doutor em PSICOLOGIA FISIOLÓGICA em 1885. Dando sequencia aos seus estudos, MÜNSTERBERG tornou-se doutor em Medicina em 1887 na UNIVERSIDADE DE HEIDELBERG.

Lecionando na UNIVERSIDADE DE FREIBURG em 1888, MÜNSTERBERG escreveu seu primeiro livro  “A ATIVIDADE DA VONTADE” e criou o segundo laboratório de PSICOLOGIA da ALEMANHA, com poucos meios e aparelhagem custeada com recursos próprios. Com suas experiências publicou, entre 1889 e 1892, uma série denominada CONTRIBUIÇÕES À PSICOLOGIA EXPERIMENTAL abordando os processos de atenção, memória, aprendizagem e percepção.

Os seus dois trabalhos receberam severas críticas de WUNDT e de EDWARD TITCHENER. Entre WUNDT e MÜNSTERBERG surgiu uma séria divergência em relação à PSICOLOGIA – para WUNDT ela deveria ser uma ciência pura, enquanto que para MÜNSTERBERG ela deveria ter aplicações práticas.

WILLIAM JAMES (1842-1910)

Foi psicólogo, um dos filósofos mais influentes da história americana e um dos maiores pensadores do final do século XIX.

JAMES estudou medicina, fisiologia e biologia e um de seus interesses estava voltado para o estudo científico da mente humana, em uma época em que a PSICOLOGIA ainda estava em desenvolvimento para se tornar uma ciência.

Segundo os especialistas, ILLIAM JAMES é o “PAI DA PSICOLOGIA AMERICANA”, autor do livro PRINCÍPIOS DA PSICOLOGIA (1890) e um dos pioneiros na criação do curso de PSICOLOGIA em HARVARD, onde lecionou PSICOLOGIA EXPERIMENTAL entre 1875 e 1876.

Ao contrário de muitos, WILLIAM JAMES tinha uma opinião muito positiva sobre o trabalho de MÜNSTERBERG. Para ele A ATIVIDADE DA VONTADE e CONTRIBUIÇÕES À PSICOLOGIA EXPERIMENTAL eram obras relevantes por demonstrarem o conteúdo das teorias que ele defendia.

Durante o I CONGRESSO INTERNACIONAL DE PSICOLOGIA, realizado em Paris (1899), JAMES esteve em contato com o jovem psicólogo alemão e ficou impressionado com a sua criatividade, conhecimentos e ideias. Eles mantiveram uma correspondência frequente e, em 1892, MÜNSTERBERG foi convidado para trabalhar em HARVARD como o responsável pelo laboratório de PSICOLOGIA. Posteriormente, se tornou professor e diretor do programa de PSICOLOGIA.

MÜNSTERBERG EM HARVARD

Mesmo com as dificuldades iniciais no idioma inglês, sua carreira em HARVARD o tornou muito conhecido do público, do mundo acadêmico e da comunidade científica. Em reconhecimento pelo seu trabalho em PSICOLOGIA APLICADA, em 1898 MÜNSTERBERG foi eleito presidente da APA (Associação Psicológica Americana) e teve grandes possibilidades para se afiliar a diversas organizações, entre elas a Associação Filosófica Americana da qual também se tornou presidente em 1908.

Mas, não era uma unanimidade. Com frequência, MÜNSTERBERG era criticado veementemente por suas ideias revolucionárias e nem sempre bem visto na comunidade científica, na PSICOLOGIA e na indústria. Porém, as várias questões, seus ideais e suas posições favoráveis ao IMPÉRIO ALEMÃO na I GUERRA MUNDIAL causaram sérios transtornos. Foi ameaçado de morte, condenado por seus amigos e muitos dos seus colegas se afastaram. Outros tinham fortes suspeitas de que  ele fosse, na realidade, um espião a serviço dos alemães. Apesar destes problemas, ele continuou suas atividades e trabalhando como professor e diretor do LABORATÓRIO DE PSICOLOGIA. Teve morte súbita, por hemorragia cerebral, enquanto estava em uma plataforma de palestras em 1916.

MÜNSTERBERG E A ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA

O interesse de MÜNSTERBERG esteve voltado  para muitas aplicações práticas dos PRINCÍPIOS PSICOLÓGICOS. Ele foi pioneiro em usar os princípios no âmbito jurídico escrevendo vários artigos e criando a PSICOLOGIA FORENSE (Livro: PSICOLOGIA E CRIME – 1908). Também aplicou PRINCÍPIOS PSICOLÓGICOS na área clínica para entender as causas de comportamentos anormais.

Uma das primeiras preocupações dos psicólogos do início do Século XX era com a forma de seleção de empregados e com o desenvolvimento de uma série de trabalhos para o uso de testes em seleção. MÜNSTERBERG foi um dos primeiros a tirar estes testes do laboratório para sua aplicação prática na Administração. Estudava PRINCÍPIOS PSICOLÓGICO que pudessem ter aplicação e uso em técnicas da PSICOLOGIA para resolver os problemas das organizações. Era um grande admirador das ideias de TAYLOR e escreveu para ele em 1913:

“Nosso objetivo é esboçar os contornos de uma nova ciência, que é intermediária entre a psicologia do laboratório moderno e o problema da economia”

Mesmo não sendo um psicólogo, TAYLOR analisou a produtividade dos trabalhadores afirmando que eles deveriam ser contratados pelas necessidades do trabalho, treinados para as tarefas e recompensados para melhorar seu desempenho. MÜNSTERBERG também explorou em que condições psicológicas um empregador poderia garantir a melhor e mais alta qualidade de trabalho de todos os empregados e observou os efeitos da mudança do ambiente e do espaço de trabalho que poderiam afetar a produção dos trabalhadores. 

LIVROS

No seu artigo PSICOLOGIA E MERCADO (1909), MÜNSTERBERG sugeriu que a PSICOLOGIA poderia ter muitas outras aplicações ao abranger o gerenciamento, decisões vocacionais, publicidade, desempenho profissional e motivação.

Os Livros principais são OS AMERICANOS (1904), PSICOLOGIA E CRIME (1908), PROBLEMAS AMERICANOS (1910), PSICOLOGIA GERAL E APLICADA (1914), VOCAÇÃO E APRENDIZAGEM (1912) e PSICOLOGIA E EFICIÊNCIA INDUSTRIAL (1913)estes dois últimos são obras apreciadas e vistas como sendo o início da PSICOLOGIA INDUSTRIAL.

PSICOLOGIA E EFICIÊNCIA INDUSTRIAL

O livro  é uma das maiores contribuições para a expansão da ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA e apresentou assuntos importantes: a contratação de trabalhadores com personalidades e habilidades mentais mais convenientes e os requisitos como sendo a melhor maneira de aumentar a motivação, retenção e melhores resultados.

O trabalho de MÜNSTERBERG foi diretamente ligado às propostas do TAYLORISMO em 3 pontos principais:

01 – Como encontrar o melhor homem possível

02 – Como produzir o melhor trabalho possível.

03 – Como garantir os melhores resultados possíveis.

Nesta época, o TAYLORISMO ganhava força cada vez maior por seus resultados positivos baseados em um controle rígido sobre os processos produtivos e no aumento da eficiência.

MÜNSTERBERG também criou e empregou os primeiros testes psicológicos que analisam a personalidade dos candidatos e o seu ajuste aos cargos, habilidades mentais  e emocionais para maior eficiência e produtividade no trabalho.

MÜNSTERBERG foi consultor para assuntos de comportamento humano nas empresas e, pela importância do seu trabalho, a PSICOLOGIA INDUSTRIAL já havia se transformado num aspecto importante para a ADMINISTRAÇÃO por volta de 1920.

Fez experiências com operários, marinheiros e telefonistas e propôs vários métodos para medir “funções mentais” de trabalhadores. Por exemplo, para verificar se um candidato era esperto e atento, sugeria um teste em que o objetivo era riscar a lápis todas as letras “A” contidas em um texto.  A ideia foi um sucesso e os testes foram sendo rapidamente adotados.

A PSICOLOGIA INDUSTRIAL apareceu como um instrumento interessante para as indústrias na seleção e colocação profissional, orientação vocacional baseada em testes, na verificação do limite de esforço dos trabalhadores para criar quotas de produção e em estudos sobre condições de trabalho para aumentar a produtividade.

VOCAÇÃO E APRENDIZAGEM

Uma das contribuições mais interessantes deste livro foi o desenvolvimento da TEORIA VOCACIONALMÜNSTERBERG mostrou que as pessoas podem encontrar sua vocação, fazer a melhor escolha do que estudar e dar direção para a vida profissional. A TEORIA VOCACIONAL tem por base 3 Dimensões: PENSAR, SENTIR e FAZER. Assim, cada indivíduo precisa encontrar a vocação mais adequada aos seus talentos, paixões e conhecimento.

“Os jovens sabem muito pouco sobre si mesmos e sobre suas habilidades. Quando chega o dia em que eles descobrem suas verdadeiras forças e fraquezas, muitas vezes é tarde demais. Devemos ajudá-los a entender seu potencial para que possam criar seu próprio plano de vida “. HUGO MÜNSTERBERG

Sugestão de Leitura

ZANELLI, JOSÉ CARLOS;  BORGES-ANDRADE JAIRO EDUARDO; BASTOS, ANTONIO V. BITTENCOURT. Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. Editora Artmed. Edição 2ª. São Paulo, 2014.

HOTHERSALL, DAVID. História da Psicologia. Editora Mcgraw Hill. Edição 4ª. São Paulo, 2014.  

CAMPOS, DINAEL CORRÊA. Atuando em Psicologia do Trabalho, Psicologia Organizacional e Recursos Humanos. Editora LTC. Edição 2ª. Rio de Janeiro, 2017.

ROTHMANN, IAN. Fundamentos de psicologia organizacional e do trabalho. Editora Atlas. Edição 2ª. São Paulo, 2017.

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