INTRODUÇÃO:
Na História da Civilização o EMPREENDEDORISMO é aceito por muitos estudiosos e historiadores como sendo algo inerente ao próprio homem. Se analisarmos o processo da evolução, podemos dizer que o homem primitivo já possuía VISÃO EMPREENDEDORA.
Por milhares de anos suas atividades, a partir da sedentarização, foram se organizando. E a cada uma das fases do progresso, uma característica sempre esteve presente como componente: o comportamento EMPREENDEDOR. Por séculos, a evolução tida como um processo longo e penoso excedeu várias etapas e demonstrou que o EMPREENDEDORISMO é atributo inerente ao ser humano.
Com o tempo, a divisão do trabalho e o uso do conhecimento acumulado substituíram a simples luta pela sobrevivência. As antigas civilizações mostraram um exemplo de EMPREENDEDORISMO no seu desenvolvimento. Porém, os trabalhos eram feitos a partir de um poder central.
DA IDADE MÉDIA AO MERCANTILISMO:
Em 1271 MARCO PÓLO, um mercador e explorador veneziano da Idade Média assumiu todos os RISCOS, físicos e emocionais, como EMPREENDEDOR ao se aventurar com seu pai e com o seu tio.
Eles percorreram a Rota da Seda, uma série de caminhos conhecidos e utilizados pelo comércio, entre o Oriente e a Europa, ligando a China e o Sul da Ásia.
O período histórico, a partir do fim da Idade Média e começo do Século XVI, traz uma forte retomada do comércio, as GRANDES NAVEGAÇÕES e o MERCANTILISMO num cenário incerto e muito arriscado.
E a dinâmica deste processo utilizou os recursos dos governos, INTELIGÊNCIA, CRIATIVIDADE e INOVAÇÃO ao desenvolver métodos e novos CONHECIMENTOS para as explorações (ou adaptou o que já estava disponível).
Assim, portugueses, espanhóis, ingleses, franceses e holandeses se fizeram ao mar em expedições arriscadas. E para muitos estudiosos as GRANDES NAVEGAÇÕES e o MERCANTILISMO são entendidos como sendo o início do que hoje é considerado como EMPREENDEDORISMO e GLOBALIZAÇÃO.
A relação entre RISCO e EMPREENDEDORISMO surgiu no Século XVII quando os negócios se desenvolveram nas colônias. Um EMPREENDEDOR poderia firmar um acordo com o reino e realizar serviços ou fornecer produtos. Em geral, os preços eram prefixados e, o lucro ou prejuízo, eram por conta do EMPREENDEDOR.
Eram indivíduos que identificavam uma OPORTUNIDADE DE NEGÓCIO comprando matérias-primas para vender a terceiros depois de processá-las. E assumiam todos os RISCOS da atividade.
EMPREENDEDORISMO – SÉCULO XVIII:
Pouco tempo antes da REVOLUÇÃO INDUSTRIAL o EMPREENDEDORISMO começa a se diferenciar de outras atividades específicas: uma PESSOA que criava e conduzia projetos e EMPREENDIMENTOS. RICHARD CANTILLON (1680 – 1734) foi importante economista e considerado como um dos primeiros a introduzir ou a criar o termo EMPREENDEDORISMO. De acordo com suas ideias, a sociedade está dividida em duas classes:
● Os recebedores de SALÁRIOS FIXOS (os Trabalhadores).
● Os que têm RENDA NÃO FIXA (os Capitalistas).
Os EMPREENDEDORES, por sua vez, têm RENDAS INCERTAS devido à natureza especulativa sobre uma demanda desconhecida do seu produto.
CANTILLON estabeleceu a diferença entre EMPREENDEDOR (o que assume riscos) do CAPITALISTA (o que fornece capital) e foi o autor do livro Ensaio sobre a Natureza do Comércio em Geral.
CANTILLON tornou-se banqueiro, homem de negócios, um mercador de sucesso e hábil em criar conexões políticas e empresariais. Acumulou grande fortuna com a bolha especulativa das ações da MISSISSIPPI COMPANY, um monopólio das colônias francesas da América do Norte e no Ocidente.
E no do final do século XVIII o significado de EMPREENDEDOR foi usado designar o indivíduo que criava e conduzia projetos com ousadia e que estimulavam o progresso econômico com novas e melhores formas de agir.
Mas, por muito tempo, o termo EMPREENDEDOR carregou a conotação e o conceito de aventureiro e desonesto. Somente no Século XX a noção foi definida de outra forma considerando o EMPREENDEDOR como aquele que atua num “[…] processo de criar algo novo e assumir os riscos e as recompensas dele decorrentes” (HISRICH, ROBERT D; PETERS, MICHAEL P. 2004, p. 29).
EMPREENDEDORISMO – SÉCULO XIX:
Com a REVOLUÇÃO INDUSTRIAL do Século XIX e do começo do Século XX, a figura do EMPREENDEDOR se confunde com os administradores responsáveis pelo surgimento das empresas da época. Ou seja, indivíduos OUSADOS e CRIATIVOS cheios de ideias que contaram com o apoio de CAPITALISTAS (os investidores) para financiar seus EMPREENDIMENTOS. Fundavam e gerenciavam empresas, controlavam o trabalho, vendiam produtos, pagavam operários, planejavam etc.
EMPREENDEDORISMO – SÉCULO XX E XXI:
Por volta de 1950, com a retomada do crescimento após a II Guerra Mundial, as primeiras análises de estudiosos surgiram com o objetivo de criar um conhecimento mais sólido nesta área e pesquisar a origem das novas empresas. Os estudos já começavam a apontar que o perfil EMPREENDEDOR deveria ter por princípio a inovação e a renovação tecnológica para dar impulso à economia.
Na década de 1970, os autores identificam como a principal característica no perfil do EMPREENDEDOR a necessidade de alcançar seus objetivos pela dedicação e a disciplina ao avaliar alternativas, antecipar RISCOS e os possíveis resultados. Na década de 1980, o EMPREENDEDORISMO ganhou impulso. Surgiram estudos mais ordenados, publicações e pesquisas acadêmicas direcionas para o seu desenvolvimento.
O EMPREENDEDOR passou a visto como o elemento capaz de aproveitar oportunidades e criar mudanças. As ações não estão mais restritas somente ao talento, intuição ou criatividade do indivíduo. Seu conhecimento e experiências ganharam maior destaque.
No final dos anos 90 o EMPREENDEDORISMO se transforma e ganha intensidade ao se tornar campo de conhecimento e de interesse relevante na Administração. A sua forma original, restrita à especulação ou a simples criação de empresas, se perdeu no passado da aventura para se tornar um componente muito importante dentro da atividade econômica.
O conceito atual aborda um conjunto de manifestações humanas, que abrangem várias disciplinas ao criar projetos por conta de um indivíduo (ou por um grupo de indivíduos) ou até mesmo dentro das organizações.
Hoje, o EMPREENDEDORISMO além da sua importância na economia, ganhou espaço no meio acadêmico e tem despertado interesse cada vez maior por parte de vários autores. Isto pode ser comprovado pelo expressivo crescimento da literatura, publicações e do aumento do espaço dedicado ao EMPREENDEDORISMO em palestras, eventos, na mídia e em pesquisas na área de Administração.
EMPREENDEDORISMO – DIFERENÇAS:
No Século XX, o grande impulso do EMPREENDEDORISMO aconteceu no início da década de 70 com as crises da economia mundial decorrentes dos aumentos do preço do petróleo.
Em consequência, as ondas de desemprego nos países do Primeiro Mundo apresentaram alternativas para que muitos resolvessem abandonar tradicional trabalho formal para correr o risco em uma atividade por conta própria.
No caso brasileiro, impulso do EMPREENDEDORISMO também acontece na metade dos anos 70, por conta das crises da economia e dos seus reflexos, que perduraram pela década seguinte.
Além do mais, é preciso acrescentar os efeitos desastrosos dos vários planos econômicos e a introdução da INFORMÁTICA, fatores que provocaram o fechamento empresas e a eliminação de milhares de postos de trabalho.
O subemprego ou as iniciativas empreendedoras se tornaram as únicas opções diante das poucas vagas disponíveis no mercado de trabalho. Desta maneira, ao contrário dos países desenvolvidos, o EMPREENDEDORISMO brasileiro se caracterizou por ser um EMPREENDEDORISMO POR NECESSIDADE e não um EMPREENDEDORISMO POR OPORTUNIDADE.
A retração no mercado de trabalho desencadeou a criação de pequenos negócios. Mas, os “EMPREENDEDORES” não tinham preparo, perfil e competências necessárias para se tornarem empresários. Muitos usaram suas indenizações, economias de anos de trabalho (até venderam seus bens) e… perderam. Ainda hoje, o problema perdura e o EMPREENDEDORISMO brasileiro apresenta altas taxas de mortalidade.
Os anos 1980, na América Latina, ficaram conhecidos como “a década perdida”, no âmbito da economia. Das taxas de crescimento do PIB à aceleração da inflação, passando pela produção industrial, poder de compra dos salários, NÍVEL DE EMPREGO, balanço de pagamentos e inúmeros outros indicadores, o resultado do período é medíocre.
No Brasil, a desaceleração representou uma queda vertiginosa nas médias históricas de crescimento dos cinquenta anos anteriores. Fonte: IPEA
No início dos anos 1990 tem início no Brasil o interesse pelos estudos sobre o EMPREENDEDORISMO e sobre as características empreendedoras em função de alguns fatores:
● – O governo Collor abriu a economia do país para o mercado externo, inspirado pelo modelo neoliberal. Empresas de alguns setores não conseguiram competir com os importados fazendo com que os índices de desemprego continuassem altos. Por sua vez, os planos econômicos não estabilizaram a economia, não contiveram as taxas de inflação e tiveram um efeito desastroso para a geração de empregos.
● – A GLOBALIZAÇÃO, a INTERNET e as novas tecnologias criaram maior integração e oportunidades de negócios.
● – O EMPREENDEDORISMO se mostra como sendo uma forte tendência na economia de países desenvolvidos.
● – O perfil diferenciado apresentado pelas novas gerações que vieram chegando ao mercado de trabalho com o gosto pela liberdade e independência.
● – O desencanto com a falta de oportunidades de crescimento profissional oferecidas pelo emprego formal.
Sugestão de Leitura
DORNELAS, JOSÉ C. A. EMPREENDEDORISMO: transformando ideias. Editora CAMPUS ELSEVIER. Edição 2ª. São Paulo, 2005.
MARINS, LUIZ. Homo Habilis. Você Como Empreendedor. Editora Gente. Edição 1ª. São Paulo. 2005.
SALIM, S., NASAJON, C., SALIM, H., & MARIANO, S. Administração empreendedora: teoria e prática usando estudos de casos. Editora Campus. Edição 1ª. Rio de Janeiro, 2004.
HISRICH, ROBERT D; PETERS, MICHAEL. Empreendedorismo. Editora Bookman. Edição 5ª. Porto Alegre, 2004.