Logística Empresarial: A Evolução – 1950-1970

INTRODUÇÃO:

Para atender ao consumo reprimido dos anos 40, a retomada dos negócios criou novas oportunidades e uma disputa mais forte na ampliação de mercados. Agora já havia a percepção clara de que produzir e vender não era mais o suficiente. E as novas condições criaram transformações políticas, econômicas e tecnológicas que resultaram numa época de grande desenvolvimento.

THE AMERICAN WAY OF LIFE

O modo de vida americano se ampliou com rapidez pelo mundo Pós-Guerra. Esta nova realidade mudou padrões, hábitos e atitudes dos consumidores na busca por produtos mais variados e se tornou um espelho da cultura norte americana de fartura e bem estar.

O consumo de automóveis, eletrodomésticos, música, roupas, cinema, hábitos, matéria plástica, sabão em pó etc. representava tudo o que era sinônimo de modernidade.

Para acompanhar este ritmo crescente, as empresas tiveram que se transformar: produção, vendas, publicidade, formas de trabalho e avanço tecnológico. E também houve a necessidade de se dar a devida importância aos mecanismos de distribuição por sua pressão direta sobre os custos. Nesta mudança, a visão baseada no uso eficiente da LOGÍSTICA foi sendo adotada progressivamente. Sim, a década de 1950 foi o retrato de uma situação propícia e de grande desenvolvimento (apesar do temor causado pela GUERRA FRIA – a bipolarização do mundo entre Estados Unidos e URSS a partir de 1947).

A LOGÍSTICA E A GUERRA DA CORÉIA (1950 – 1953)

Foi um conflito entre a Coreia do Norte, apoiada pela China Comunista, contra a Coreia do Sul apoiada pelos EUA e as forças das ONU.

Os americanos não restabeleceram o ARSENAL DA DEMOCRACIA da II GUERRA MUNDIAL e em 1950 aproveitaram uma parte do que já dispunham. E, por uma questão estratégica para facilitar a LOGÍSTICA no conflito, a maior parte dos suprimentos, materiais e equipamentos foi fabricada no Japão. Ou seja, a fonte de abastecimento estava muito mais perto do teatro de operações do que a costa oeste dos EUA e ressuscitaram o parque industrial dos japoneses.  

Os anos 50 aproveitaram os grandes avanços científicos, tecnológicos desenvolvidos durante a II Guerra e se caracterizou por ter sido uma fase de grandes mudanças econômicas, culturais e comportamentais.

LOGÍSTICA – 1950 – 1960    

No início dos anos 50 as empresas estão voltadas para a produção e com o foco no manuseio de materiais, armazenagem e controles de inventários feitos manualmente (KARDEX).

Nas empresas pequenas o próprio “PATRÃO” fazia as compras de matéria prima e a venda dos produtos. Estruturas administrativas mais complexas eram apenas nas empresas maiores em que a distribuição era feita pela frota da empresa, mas sem estar coordenada com outras funções . Em outras, as fábricas produziam, os atacadistas compravam e vendiam os produtos para o varejo. E assim os produtos chegavam às mãos dos consumidores.

Na metade da década, ainda num ambiente de crescimento, estudos sobre ADMINISTRAÇÃO e MARKETING ganham força fazendo com que a distribuição física e a LOGÍSTICA fossem analisadas mais de perto.

Apesar de a experiência militar servir de exemplo, não existia uma filosofia de trabalho orientadora. A obtenção de matérias primas seguia o comportamento da demanda e a distribuição não trilhava um planejamento rígido. As tarefas que hoje entendemos que são relacionadas à LOGÍSTICA estavam fragmentadas, ficando limitadas ao transporte e compras.

Demorou algum tempo para integrar e equilibrar todas as atividades, que posteriormente ficaram conhecidas como CADEIA DE SUPRIMENTOS. Muitos estudiosos apontam que na época faltava a compreensão sobre a influência nos custos, que as empresas ainda não haviam evoluído ou que, por uma questão de tradição, outras áreas eram consideradas mais importantes.

O professor PAUL DULANEY CONVERSE (1889-1968)  da UNIVERSIDADE DE ILLINOIS é considerado por muitos críticos como sendo o verdadeiro pai do MARKETING. Em 1954, durante a 26ª. Conferência de Boston sobre Distribuição, mostrou em seu texto “A outra metade do Marketing” que a distribuição física ainda não era uma das maiores preocupações das empresas.  

Mas, na opinião de CONVERSE, a distribuição física era um elemento chave e que deveria ser o complemento dos esforços para que o MARKETING fosse bem sucedido.

A LOGÍSTICA – 1960 1970    

No início dos anos 60 o ímpeto do consumo começa a perder fôlego inicial. Mas, mesmo assim, a população urbana cresceu e mudou o seu perfil principalmente na metade da década. Apareceram novos grupos de ATORES SOCIAIS, relações diferentes e novas tendências políticas e culturais com as fortes mudanças demográficas e econômicas. Os consumidores começam a procurar novos tipos de produtos adotando uma posição mais exigente, ávida por novidades, resultando no aumento da concorrência.

Produtos padronizados e comuns, tendo apenas o baixo preço como atrativo, já não eram mais tão sedutores. O mercado agora quer variedade e mais alternativas de compra. Isto significa produção mais flexível e controle de estoques com itens bem mais diversificados e distribuição física competente. PETER DRUCKER escritor, professor de HARVARD e consultor, considerado e reconhecido como o pai da Administração moderna afirma, em 1962, que as atividades de distribuição física são “as áreas de negócios infelizmente mais desprezadas e mais promissoras na América”.

E durante toda a década de 60, o conceito de uma distribuição física mais competente pelos canais se mostra com um assunto que necessita de uma GESTÃO mais efetiva e que exerce pressão sobre os lucros. Na época a preocupação era apenas com o trabalho burocrático e o foco da LOGÍSTICA esteva voltado apenas para a DISTRIBUIÇÃO (EXPEDIÇÃO – VENDAS/MARKETING) sem uma filosofia orientadora.

Em 1963 é criada a primeira grande associação de profissionais e acadêmicos de LOGÍSTICA, o NATIONAL COUNCIL OF PHYSICAL DISTRIBUTION MANAGEMENT – NCPDM.

Segundo RONALD BALLOU o período de 1950 a 1970 é considerado para a LOGÍSTICA como sendo o PERÍODO DE DESENVOLVIMENTO. 

A LOGÍSTICA E A GUERRA DO VIETNÃ

Foi um conflito envolvendo o Vietnã do Norte, Vietnã do Sul, Camboja e Laos (1955 – 1975). Os EUA foram se envolvendo aos poucos no conflito desde 1955 enviando assessores militares em apoio aos sul vietnamitas para impedir o avanço comunista no Sudeste Asiático. A partir de 1965 o apoio e o envolvimento norte americano se tornam cada vez mais acentuados. Segundo alguns historiadores, para os EUA a Guerra do Vietnã resultou em derrota no campo político, para outros foi um desastre militar apesar do excelente trabalho realizado pela sua LOGÍSTICA

Sugestão de Leitura

NOGUEIRA, AMARILDO DE SOUZA. LOGÍSTICA EMPRESARIAL. Editora Atlas. Edição 2ª. São Paulo, 2018.

CAIXETA, JOSÉ VICENTE FILHO; MARINS, RICARDO SILVEIRA.  GESTÃO LOGÍSTICA e TRANSPORTE DE CARGAS. Editora Atlas. Edição 1ª. São Paulo, 2007.

CORONADO, OSMAR.  LOGÍSTICA INTEGRADA: Modelo de Gestão. Editora Atlas. Edição 1ª. São Paulo, 2009.

LUDOVICO, NELSON; PENOF, DAVID GARCIA; EDSON CORREIA DE MELO. Gestão de Produção e Logística. Editora Saraiva. Edição 1ª. São Paulo, 2017.

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