INTRODUÇÃO:
Em diferentes períodos do Século XX, o MINIMALISMO em seu conceito original, sempre esteve relacionado às manifestações culturais, artísticas e de comunicação. A preocupação era com uma estética simples, limpa e de cores neutras usando o mínimo de elementos.
Na opinião dos especialistas em artes, as cores e formas são bastante limitadas e simétricas. O MINIMALISMO não se restringiu apenas as artes plásticas e teve grande influência na arquitetura, design, ERGONOMIA, desenho industrial etc. No início do Século XXI, foi sendo adotado em outras áreas e como parte da rotina de muitas pessoas.
1 ▪ O MINIMALISMO representa um pensamento baseado no mínimo dos níveis de consumo – o que for simples e elementar. É ter apenas os bens necessários para uma vida plena: o que realmente tem utilidade e importância para que um indivíduo seja, de fato, feliz.
O estilo de vida no MINIMALISMO prioriza uma existência mais simples, voltada para autoconhecimento, autonomia e para ações que contribuam para a realização pessoal livre de valores e metas. É uma vida com menos…
2 ▪ Para o AMBIENTALISMO, o MINIMALISMO é uma proposta com mentalidade mais sustentável, com agressões mínimas a NATUREZA e que se apresenta como a oposição ao consumo desnecessário, exibicionista e sem necessidade.
3 ▪ No âmbito da política, os MINIMALISTAS formam uma parcela de público que exige o mínimo possível de reivindicações, propostas e mudanças. Esta população se satisfaz com pouco…. e, assim, não cria grandes problemas.
MENOS É MAIS
VAN DER ROHE, arquiteto alemão do Século XX, ficou famoso por ter criado um estilo arquitetônico funcional a partir da simplicidade utilizando a luz, o vidro temperado e o aço em espaços abertos e sem obstáculos.
O seu conceito sobre arquitetura sempre procurou uma abordagem racional, seguindo o preceito do MINIMALISMO, levando em conta a simplificação da forma e as necessidades de acordo com o local. VAN DER ROHE também ficou famoso por suas frases. Entre elas, as mais marcantes foram: “LESS IS MORE”(menos é mais) e “GOD IS IN THE DETAILS” (“Deus está nos detalhes”).
MINIMALISMO NO MUNDO CORPORATIVO
É evidente que para muitas organizações, adotar uma estratégia MINIMALISTA se tornou em algo muito atraente. Claro! O MENOS É MAIS, fazer o que realmente importa, eliminar desperdícios e excessos fazendo com que a empresa seja ágil e LUCRATIVA. Este é o sonho da grande maioria dos EMPRESÁRIOS, GESTORES, ADMINISTRADORES, EMPREENDEDORES e EXECUTIVOS. A proposta é chegar a resultados favoráveis e significativos, mesmo em CORE BUSINESS complexos. Contudo, criar uma GESTÃO enxuta, sem excessos e sem desperdícios vai significar novos desafios.
Uma estratégia MINIMALISTA não poderá ser restrita ao corte de custos, corte de mão de obra, diminuição das estruturas organizacionais e TERCEIRIZAÇÃO de atividades.
O MINIMALISMO em uma empresa vai exigir ações racionais, talento, inspiração, critérios, HABILIDADE POLÍTICA, coragem e transpiração. Caso contrário, poderá trazer efeitos negativos.
A ADOÇÃO DA ESTRATÉGIA MINIMALISTA
Não é uma tarefa simples. Os primeiros obstáculos estarão na CULTURA ORGANIZACIONAL já estabelecida, na maneira como é praticada a IDENTIDADE ORGANIZACIONAL – MISSÃO, VISÃO E VALORES e na forma como as LIDERANÇAS conduzirão o processo de GESTÃO DE MUDANÇAS.
Em geral, as empresas têm a propensão para criar processos e burocracias nem sempre úteis ou que, com o passar do tempo, se tornaram desnecessárias. Sem perceber, estas atividades deslocam a atenção, desperdiçam talento de DESMOTIVAM colaboradores.
O QUE É REALMENTE ESSENCIAL?
A filosofia MINIMALISTA é uma ferramenta que auxilia na definição do que realmente é relevante. Para muitos especialistas, a adoção da ESTRATÉGIA MINIMALISTA necessita, em primeiro lugar, estabelecer com clareza qual a IDENTIDADE ORGANIZACIONAL usando textos curtos, trazendo o ESSENCIAL e o objetivo real da empresa (o que ela se propõe a entregar aos clientes).
Cuidado: é preciso clareza e exatidão. Quanto maior a lista de objetivos propostos, maiores as oportunidades do MINIMALISMO se tornar confuso. A escolha sempre será pelos processos e tarefas que sejam mais simples para os colaboradores,
Com o ESSENCIAL bem definido, o trabalho será mais simples e será melhor para todas as partes envolvidas: funcionários, clientes, fornecedores e os demais STAKEHOLDERS. Assim, reduzir e simplificar o trabalho por meio de poucas METAS será essencial. Elas deverão ser poucas, simplificadas, bem definidas (no nível estratégico ou individual) e atuar CONJUNTAMENTE para ter maiores possibilidades de chegar a bons resultados.
Este primeiro passo na ESTRATÉGIA MINIMALISTA é uma oportunidade interessante na melhoria do CLIMA LABORAL e na TOMADA DE DECISÕES. A redução e a simplificação melhoram o foco e a capacidade de adaptação no caso mudanças sem grandes desgastes em todos os níveis da HIERARQUIA.
Eliminar velhas ideias, aquilo que não é realmente essencial e o que não agrega mais benefícios é a base da ORGANIZAÇÃO MINIMALISTA. Mas, em muitos casos, esta estratégia enfrentará resistências de grupos por interesses, por amarrações políticas, poder já conquistado e ego.
Mas, os profissionais que forem conduzir o trabalho terão de ter talento e usar HABILIDADE POLÍTICA e LIDERANÇA. O processo MINIMALISTA precisa trazer resultados claros, ter caráter renovador e a imagem de um exercício de inteligência, capaz de retirar produtos de linha e até mesmo simplificar ou eliminar processos que já não tem mais função. É natural – com o tempo, muitas práticas em uso caem na obsolescência e perdem a relevância.
QUALIDADE? QUANTIDADE?
Por sua essência, a filosofia MINIMALISTA busca atuar com excelência, sem perdas, desperdícios e tem muita preocupação com a QUALIDADE do que a ORGANIZAÇÃO entrega aos seus clientes e consumidores.
A SATISFAÇÃO DO CLIENTE
Escolher ESTRATÉGIA MINIMALISTA sem ter por preocupação a SATISFAÇÃO DO CLIENTE, é pura perda de tempo e de recursos. Apresentar uma IMAGEM positiva e construir uma boa reputação no mercado não é uma ação feita em um curto período. Desta maneira, é preciso ter cuidado e avaliar o comprometimento diante da comunidade de negócios:
A empresa entrega de fato o que ela se propõe?
O que empresa entrega beneficia (ou simplifica) a vida dos clientes/consumidores?
A COMUNICAÇÃO da empresa com mercado é relevante ou redundante?
Qual o conceito construído diante dos clientes/consumidores?
Como a ORGANIZAÇÃO é vista pela comunidade, pelos parceiros e fornecedores?
Qual o conceito construído diante dos funcionários (os clientes internos)?
USAR RECURSOS DE MANEIRA SÁBIA
Trabalhar de forma MINIMALISTA não significa retalhar toda a ORGANIZAÇÃO para cortar custos (e torná-la MÍNIMA) como o método “INFALÍVEL” herdado das crises do fim do Século XX. Trabalhar de forma MINIMALISTA é usar recursos com sabedoria, energia criativa e inteligência na definição do que é realmente relevante.
Cuidado: por princípio, a maneira MINIMALISTA trabalha na satisfação dos clientes construindo ações que tragam resultados. Se não houver critérios inteligentes, a ORGANIZAÇÃO de fato se tornará menor (mínima) mas, correndo o risco de perder QUALIDADE e colaboradores talentosos.
Sugestão de Leitura
MCKEOWN, GREG. Essencialismo: A disciplina da busca por menos. Editora Sextante. Edição 1ª. São Paulo, 2015.
LAVINGIA, SAHIL. O Empreendedor Minimalista: Como Grandes Empresários Fazem Mais com Menos. Editora Actual. Edição 1ª. Lisboa, 2022.
ROCHA, RODRIGO. Sistema de Estratégia Minimalista. Editora Alta Books, Edição 1ª. Rio de Janeiro, 2018.
LUZIO, FERNANDO. Fazendo a estratégia acontecer: Como criar e implementar as iniciativas da organização. Editora Cengage Learning. Edição 1ª. São Paulo, 2010.