Em comparação com a década anterior, a II GUERRA MUNDIAL (1939-1945) possibilitou o aparecimento de armas, equipamentos, máquinas e meios de transporte bem mais aprimorados. Foi o resultado do progresso e da evolução técnico-científica que o confronto exigiu.
Este desenvolvimento exigiu dos usuários e dos operadores, novas demandas intelectivas na tomada de decisão, nível de atenção, senso mais rápido na análise situacional, reflexos e coordenação de movimentos, mãos e olhos. A partir de 1950, a ERGONOMIA foi se desenvolvendo e ampliando aplicações em diversos ramos de atividade, de forma muito mais inteligente, verificando e corrigindo os efeitos das atividades humanas sobre o corpo e a mente.
Os estudos ergonômicos passaram a contribuir no planejamento, projeto e avaliação de tarefas, condições dos postos de trabalho, produtos, ambientes e sistemas. A finalidade foi encontrar a compatibilidade entre necessidades, habilidades e limitações do homem.
Num entendimento mais simples, os estudiosos apresentam a ERGONOMIA como um conjunto de disciplinas que estuda a melhor maneira de organização do trabalho onde ocorrem ações entre seres humanos e máquinas.
Portanto, projeta e aplica técnicas para adaptar elementos do ambiente de trabalho ao ser humano, gerar bem-estar, prevenir enfermidades e possibilitar maior produtividade. A ERGONOMIA é a ciência que se ocupa com projetos de trabalho, equipamentos e locais para adequá-los ao trabalhador.
É muito comum as pessoas limitarem a ERGONOMIA somente em relação aos aspectos físicos do ambiente, como postos de trabalho, instalações, painéis, movimentação etc. Mas, nos últimos anos, essas análises também têm considerado uma relação mais profunda, ligada ao ambiente onde o ser humano trabalha.
A ABORDAGEM HOLÍSTICA:
No âmbito da ERGONOMIA, dois temas decisivos se tornaram o alvo das empresas: segurança no trabalho e a prevenção dos acidentes laborais. Neste contexto, a ERGONOMIA sugere a criação de locais adequados e de apoio ao trabalho, criação de métodos laborais para valorizar e estudar o trabalho.
Pode-se afirmar com segurança que a ERGONOMIA é uma área que, tendo uma abordagem HOLÍSTICA, é voltada para todos os aspectos da atividade humana e está em constante progresso. Ela vem ampliando sua abrangência ao criar possibilidades de aplicação e aprimorar seu trabalho em áreas onde já atua.
Portanto, hoje o conceito e a preocupação da ERGONOMIA estão voltados para a qualidade de adaptação da máquina ao seu operador (e não o contrário) obtendo resultados positivos e evitando desgastes e esforços extremos na execução das tarefas.
ÁREAS DA PESQUISA ERGONÔMICA:
CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS: Desenho Industrial, Arquitetura, Urbanismo, Comunicação, Ciência da Informação, Ciência da Computação.
ENGENHARIA: Engenharia Industrial, Produção, Civil, Elétrica, Agrícola, Florestal, Mecânica, Sanitária e Biomédica.
CIÊNCIAS HUMANAS: Psicologia.
CIÊNCIAS AGRÁRIAS: Agronomia e Recursos Florestais.
LINGUÍSTICA, LETRAS E ARTES: Artes.
SAÚDE: Educação Física e Fisioterapia.
LER/DORTs:
LER: lesões por esforço repetitivo. O cuidado da ERGONOMIA está voltado para ações preventivas em relação às lesões por esforço repetitivo (LER), um dos problemas físicos mais comuns e uma preocupação com o afastamento de funcionários. Estas lesões podem causar limitações sérias e incapacidade em definitivo.
DORT: distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Este termo se refere aos distúrbios ou doenças do sistema músculo – esquelético, principalmente do pescoço e membros superiores relacionados, ou não ao trabalho.
STRESS: é a soma de cansaço físico e mental. No presente é uma das razões que tem maior influência negativa sobre a qualidade de vida. É a reação a uma situação ou a uma adaptação que desencadeia sintomas de caráter físico, psicológico e comportamental.
As soluções ergonômicas no local de trabalho podem aumentar níveis de satisfação, eficácia e eficiência, o que faz os especialistas procurarem formas para aprimorar produtos, os locais de trabalho ou como um sistema pode ser projetado para se adequar aos usuários. E, tendo um alcance tão amplo, a ERGONOMIA age em conjunto com a Segurança do Trabalho, Medicina Ocupacional, CIPA, QVT, Programa 5S e em outras atividades.
MEDICINA OCUPACIONAL (ou MEDICINA DO TRABALHO):
É a área dedicada à relação entre o meio de trabalho e a saúde dos trabalhadores. Em empresas mais modernas, ela assumiu em conjunto com a ERGONOMIA, um papel preventivo, além do tratamento de ferimentos ou doenças decorrentes do ambiente de trabalho. Atualmente, o problema das LER/DORTs se encontra em todos os setores da economia e ampliaram o nível das análises, aplicações e a prática de métodos ergonômicos.
● ERGONOMIA – Alternativas preventivas: revezamento de funcionários, pausas, melhorias na organização do trabalho e nos métodos de trabalho, projetos de melhoria ergonômica e orientação ao trabalhador sobre práticas corretas.
Porém, a ERGONOMIA aborda estudos sobre as articulações, músculos, LER ou fatores como as atividades repetitivas, vibração, força e postura estática. As análises envolvem processos que influenciam a maneira de execução das tarefas. Leva em conta a o planejamento e a implantação de processos menos desgastantes e sem stress para os funcionários. Para tanto, aplica teorias, princípios, dados e métodos ao DESIGN visando o desempenho e o bem-estar.
● Exigências da ERGONOMIA:
Tecnológicas – aplicadas nas técnicas de produção.
Econômicas – visando a qualidade e custo de produção.
Sociais – para a melhoria das condições de trabalho.
Organizacionais – propiciando uma Gestão participativa.
● Abrangência da ERGONOMIA:
MICROERGONÔMICA – relacionada ao posto de trabalho.
MACROERGONÔMICA – relacionada aos sistemas de produção.
● Contribuições da ERGONOMIA:
Ergonomia de Concepção – verificando normas e especificações do projeto.
Ergonomia de Correção – que executa modificações de situações presentes.
Ergonomia de Arranjo – Físico para a melhoria da sequência e dos fluxos de produção.
Ergonomia de Conscientização – para a capacitação na área.
● ERGONOMIA – Interface:
Engenharia – projeto e produção ergonomicamente seguros.
Design – metodologia de projeto e design do produto.
Psicologia e RH – treinamento e motivação do pessoal.
Medicina Ocupacional – prevenção de acidentes e doenças laborais.
Administração – endomarketing, comunicação, treinamento e ações da Administração de R.H.
Ergonomia de Laboratório – efetua pesquisas ergonômicas controladas em laboratório.
Ergonomia de Campo – efetua pesquisas ergonômicas em condições reais de trabalho.
Ergonomia Industrial de Projeto – tem um caráter preventivo na fase de projeto a ser implantado na fábrica.
Ergonomia Industrial Corretiva – analisa as condições ergonômicas da linha de produção e faz as modificações necessárias.
Ergonomia da Produção – analisa previamente as condições ergonômicas no chão de fábrica.
Ergonomia do Produto – atua na concepção dos mais diversos equipamentos, máquinas e produtos.
ENFOQUES DA ERGONOMIA:
● Enfoque Antropométrico: a Antropometria estuda as medidas do corpo humano para estabelecer as diferenças entre indivíduos, sexo, idade, raças, status socioeconômico etc. As medidas Antropométricas avaliam o tamanho, forma e composição do corpo humano. O Enfoque Antropométrico estuda o conjunto de técnicas para medir o corpo humano ou suas partes para avaliar a acessibilidade e dimensionamento.
● Enfoque Biomecânico: a Biomecânica é multidisciplinar e estuda os movimentos humanos com base em estudos da anatomia, fisiologia e mecânica. Avalia sistemas biológicos e os diversos efeitos das forças mecânicas exercidas sobre o organismo humano em movimentos executados no trabalho descrevendo, analisando o movimento humano.
Enfoque Fisiológico: é a ciência voltada para o estudo do funcionamento do organismo humano analisando e compreendendo todas as funções: circulação sanguínea, sistema digestório, sistema respiratório, endócrino etc
● Enfoque Cognitivo: é a função psicológica que trabalha na aquisição do conhecimento. Ela acontece por meio de processos como: percepção, a atenção, associação, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem.
Sugestão de Leitura
DUL, JAN; WEERDMEESTER, BERNARD. Ergonomia prática. Editora Blücher. Edição 2ª. São Paulo, 2004.
RIO, RODRIGO PIRES DO; PIRES, LICÍNIA
Ergonomia: Fundamentos da prática Ergonômica. Editora LTR. Edição 3ª. São Paulo, 2001.
FALZON, PIERRE. Ergonomia. Editora Blücher. Edição 2ª. São Paulo, 2018.
CYBIS, WALTER. Ergonomia e usabilidade: conhecimento, métodos e aplicações. Editora Novatec. Edição 2ª. São Paulo, 2010.
KROEMER, KARL H. E.; GRANDJEAN,ETIENNE. Manual de Ergonomia: Adaptando o Trabalho ao Homem. Editora Bookman. Edição 5ª. Porto Alegre, 2004.
