Criatividade e Inteligência

INTRODUÇÃO:

Em algumas ocasiões ouvimos certos comentários sobre CRIATIVIDADE, afirmando que ela é um dom natural do indivíduo. Outras opiniões divergem e atestam que a CRIATIVIDADE pode ser desenvolvida através de estímulos, principalmente vindos do meio social e da formação escolar.

Segundo EDGAR MORIN, durante a infância devem ser proporcionadas aprendizagens significativas, de modo a dar oportunidade de desenvolvendo a flexibilidade cognitiva. São as diversas experiências vividas que vão inferir no indivíduo a capacidade de pensar complexamente

Fonte: MORIN, EDGAR. O Desafio do Século XXI: Religar os conhecimentos. Instituto Piaget. Lisboa, 2001.

“Ao brincar, a criança exprime a sua personalidade e singularidade, desenvolve curiosidade e CRIATIVIDADE, estabelece relações entre aprendizagens, melhora as suas capacidades relacionais e de iniciativa e assume responsabilidades”.

Fonte: OCEPE (Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar) 2016, p.12.

ORIGEM

A palavra CRIATIVIDADE tem origem no Latim (do verbo CREARE), que significa gerar ou produzir e no grego GREER que significa crescer, fazer, produzir. Um PROCESSO CRIATIVO gera algo novo, inédito. É o resultado das experiências anteriores de um indivíduo e de acordo com as situações em que ele esteve envolvido.

Segundo muitas visões, a CRIATIVIDADE estimulada durante um processo de aprendizagem de uma pessoa vai permitir seu desenvolvimento integral, criado por uma consciência crítica de si, do outro e do meio em que ele se encontra. 

De acordo com TERESA AMABILE, a CRIATIVIDADE é a capacidade de criar uma solução para os nossos problemas do quotidiano. Visto que é uma capacidade NATURAL, se for explorada e estimulada de forma correta, pode ser responsável por grandes invenções, tais como a roda, a lâmpada ou o rádio. Ainda segundo TERESA AMABILE, a criatividade requer a ligação de três fatores, que em uma junção equilibrada capacita um indivíduo a produzir um pensamento criativo:

Habilidade de domínio: o conhecimento das técnicas disponíveis e saber como aplicá-las.

Processos criativos: relacionados com o próprio indivíduo, as suas vivências, a personalidade, a disciplina, a persistência e a capacidade de abordar uma situação através de uma nova perspectiva.

Motivação: o prazer que existe pelo desafio proposto.

Fonte: AMABILE, T. COMPONENTIAL THEORY OF CREATIVITY (HARVARD BUSINESS SCHOOL 2012 – p. 3-4.).

Vários autores procuram associar CRIATIVIDADE e INTELIGÊNCIA afirmando em seus estudos que uma pessoa mais inteligente é mais criativa. Contudo, de acordo com ROBERT GORDON e CLAUDECLERO, não é possível relacionar CRIATIVIDADE e INTELIGÊNCIA não há correlação direta entre estes dois fatores: há indivíduos criativos com um QI baixo ou inferior à média, e há indivíduos com um QI bastante superior à média que não são criativos. A CRIATIVIDADE é independente do nível de INTELIGÊNCIA, entretanto um indivíduo mais inteligente pode ser capaz de desenvolver a capacidade criadora de forma autônoma.

Fonte: GORDON, R. e CLERO, C. A actividade criadora da criança. Editorial Estampa. Edição 4ª. Lisboa, 1997.

CRIATIVIDADE E INTELIGÊNCIA NO EMPREENDEDORISMO

Discussões à parte, os PROCESSOS CRIATIVOS podem ser estimulados, desafiando a mente para dar uma resposta rápida na solução dos mais variados problemas. Os estudiosos do EMPREENDEDORISMO trazem outras visões:

A CRIATIVIDADE TEM INÍCIO NO CONHECIMENTO

● ROGÉRIO CHER mostra a importância do CONHECIMENTO, mas, principalmente que a CRIATIVIDADE começa na forma como ele é utilizado.

CONHECIMENTO é a matéria-prima das novas ideias. O individuo criativo é alguém com bagagem de CONHECIMENTOS, mas isso não basta. A verdadeira chave para se tornar CRIATIVO está no que se faz com o CONHECIMENTO. São as ATITUDES que definirão se o indivíduo é mais ou menos CRIATIVO e é em torno das suas ATITUDES que o EMPREENDEDOR desenvolve e amplia seu potencial criativo, bem como de seus COLABORADORES.

CRIATIVIDADE vem de criar, que significa “dar origem à”, “produzir”, “inventar”. É o processo que resulta no surgimento de um novo produto, serviço ou comportamento, aceito como útil satisfatório ou de valor em algum momento. Assim, criar será inovar, e não haverá campo no qual a INOVAÇÃO não possa produzir efeitos, seja no modo de pensar, de agir, não agir, falar, trabalhar, entregar ou distribuir. (…) Onde houver um padrão e um costume haverá possibilidade de INOVAÇÃO, pois sempre será possível quebrá-los. Onde houver CONHECIMENTO será possível inovar, a partir do seu rearranjo.

Fonte: CHER, ROGERIO. Empreendedorismo na veia: um aprendizado constante. Editora Campus Elsevier. Edição 1ª. Rio de Janeiro, 2008. p 228.

OS EMPREENDEDORES SÃO PESSOAS DIFERENCIADAS

Para JOSÉ DORNELAS, o mundo tem passado por várias transformações em curtos períodos de tempo, principalmente no século XX, quando foi criada a maioria das invenções que revolucionaram o estilo de vida das pessoas. Geralmente, essas invenções são frutos de INOVAÇÃO, de algo inédito ou de uma nova visão de como utilizar coisas já existentes, mas que ninguém antes ousou olhar de outra maneira.

Por trás dessas invenções, existem pessoas ou equipes de pessoas com características especiais que são visionárias, questionam, arriscam, querem algo diferente, fazem acontecer e empreendem. Os EMPREENDEDORES são pessoas diferenciadas, que possuem motivação singular e são apaixonadas pelo que fazem e que não se contentam em ser mais um na multidão. Eles querem ser reconhecidas e admiradas, referenciadas e imitadas, querem deixar um legado. Uma vez que os EMPREENDEDORES estão revolucionando o mundo, seu comportamento é o próprio processo empreendedor devem ser estudados e entendidos.

Fonte: DORNELAS, JOSÉ CARLOS ASSIS. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. Editora Campus Elsevier. Edição 1ª. Rio de Janeiro, 2005. p 293.

QUEBRAR PARADIGMAS

Entretanto, ainda há uma etapa precedente para que o processo de CRIATIVIDADE aconteça. Existe uma barreira que se transformou num sério obstáculo o indivíduo formar o seu ESPÍRITO CRIATIVO: Paradigmas.

A CRIATIVIDADE é um processo contínuo.

E desta forma, para o EMPREENDEDORISMO é fundamental que haja a quebra de BLOQUEIOS MENTAIS (os PARADIGAMAS) para permitir que o ser humano encontre as mais variadas oportunidades de criar e de recriar no ambiente ou em qualquer âmbito da sociedade.

A INOVAÇÃO

O EMPREENDEDORISMO também tem na INOVAÇÃO como um processo contínuo. Portanto, para que haja INOVAÇÃO é preciso ter CRIATIVIDADE para desenvolver VANTAGEM COMPETITIVA em relação à concorrência. Esta é a chave da CONTINUIDADE

● A NOVIDADE TEM ORIGEM NA INOVAÇÃO: o elemento básico da CRIATIVIDADE é a novidadeatravés de uma IDEIA, PRODUTOS, SERVIÇOS ou COMPORTAMENTOS ou ainda uma solução qualquer para algum problema ou que satisfaça uma NECESSIDADE devidamente identificada.

Uma IDEIA inédita ou uma nova visão para usar o que já existia e que ninguém pensou (ou teve a OUSADIA) em fazer de outra maneira. O EMPREENDEDOR tem que assumir o papel de ATOR SOCIAL e apresentar determinadas características que o diferencie das pessoas comuns.

IDENTIFICANDO COMPETÊNCIAS PESSOAIS E PROFISSIONAIS

O ATO DE EMPREENDER: alguns autores do entendem o ato de EMPREENDER como algo que pode ser intrínseco a qualquer indivíduo. Desta forma, entende-se que uma pessoa comum pode se tornar em um EMPREENDEDOR. São nas suas várias vivências profissionais e pessoais que um indivíduo vai construindo suas características EMPREENDEDORAS: a busca de oportunidades, um perfil exigente, comprometimento com o que faz e ter eficiência.  O grau de instrução ou a condição econômica não exercerão nenhuma influência.

Segundo ROBERT HISRICH não existe um perfil empresarial específico:

O EMPREENDEDOR provém de experiências educacionais, situações familiares e vivências profissionais variadas. O EMPREENDEDOR em potencial pode ser hoje enfermeira, secretária, trabalhador de linha de montagem, mecânico, vendedor, dona de casa, gerente ou engenheiro. O EMPREENDEDOR em potencial pode ser homem, mulher e de qualquer raça ou nacionalidade.

Fonte: HISRICH, ROBERT D.; PETERS, MICHAEL P., SHEPHARD, DEAN A. Empreendedorismo. Editora Bookman. Edição 5ª.  Porto Alegre, 2004. p 77.

O MULTIESPECIALISTA: para os próximos anos quanto mais MULTIESPECIALISTA for o EMPREENDEDOR (ou mesmo um trabalhador) maiores serão as possibilidades para o sucesso.

Então, o EMPREENDEDOR de talento não precisa ser GENERALISTA e nem ESPECIALISTA. Na visão moderna ele precisa ser um MULTIESPECIALISTA. Isto implica na necessidade da VERSATILIDADE nas diversas áreas e o estudo contínuo para ter novas ideias, ter maiores informações, habilidades e conhecimentos.

AUTOESTIMA: para muitos estudiosos do EMPREENDEDORISMO é a chave para o sucesso ou para o fracasso. É a apreciação que uma pessoa faz de si mesma formando sua AUTOCONFIANÇA e o AUTORESPEITO. É a maneira como um indivíduo se sente a respeito de si mesmo sendo um fator de grande influência sobre todos os aspectos da vida. O processo acontece durante a infância tendo por base o tratamento e as influências do ambiente. Além disso, a AUTOESTIMA POSITIVA através de AUTOCONHECIMENTO desenvolve COMPETÊNCIAS.

AUTOESTIMA ALTA: é quando uma pessoa se sente bem confiante, competente e merecedora de tudo. É capaz de alcançar seus OBJETIVOS através do entusiasmo.

AUTOESTIMA BAIXA: é quando uma pessoa se sente errada, cheia de medos, insegura, alvo de críticas, hesitante, depressiva e preocupada em agradar outros.

Componentes da AUTO ESTIMA: AUTO CONFIANÇA e AUTO RESPEITO

Segundo EMANUEL FERREIRA LEITE, há características muito importantes para o sucesso do EMPREENDEDOR:

Algumas características marcantes, como AUTOCONFIANÇA e OTIMISMO; capacidade de assumir RISCOS calculados e responder positivamente aos desafios; adaptabilidade e flexibilidade diante das mudanças; conhecimento dos mercados e do ramo de negócio em que atua; desejo de ser independente CRIATIVO e com forte necessidade de realização; é líder dinâmico, com forte senso de iniciativa; é perseverante e dotado de excelente percepção, com grande visão para o aproveitamento de OPORTUNIDADE”.

Fonte: LEITE, EMANUEL F. O fenômeno do empreendedorismo. Editora Bagaço Recife, 2000. p.67.    

O PENSAMENTO CRIATIVO prevê uma atitude, uma perspectiva que conduz um indivíduo na busca de ideias, manipulação de conhecimentos e experiências.

Fonte: MOSER, Vera Maria Dória Nobrega de. A criatividade: a necessidade da promoção da atividade criadora no Pré-Escolar, Instituto Superior de Educação e Ciências, Lisboa, 2015.

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