INTRODUÇÃO:
O REUSO de água (ou uso de águas RESIDUÁRIAS) vem sendo praticado desde a Antiguidade. Com o aumento da CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL, nos últimos anos do Século XX, a ÁGUA passou a ser vista como um RECURSO NATURAL essencial. Surgiram assim, novas tecnologias e o conceito de GESTÃO AMBIENTAL que permitiram um cuidado maior com a REUTILIZAÇÃO da água em processos industriais. O volume de água em uso nas indústrias, a princípio, tem como maior obstáculo o desperdício nas instalações industriais (a preocupação é para reduzir o consumo de água durante a fabricação).
ASPECTO ECONÔMICO E AMBIENTAL
As empresas industriais, que consideram a SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL uma parte importante dentro do seu modelo de negócios, estão investindo grandes somas em tecnologia e práticas para reduzir gastos e desperdícios fazendo com que o ciclo de REUTILIZAÇÃO seja cada vez mais intenso.
O trabalho de GESTÃO INTEGRADA dos RECURSOS HÍDRICOS se inicia no treinamento e orientações a todos colaboradores, criando a mentalidade voltada para combater o desperdício. Além das melhorias nos métodos de produção, há ações contra vazamentos, corrosão, aproveitamento racional pelo REUSO planejado da água (em áreas fabris, administrativas e externas), reaproveitamento e tratamento de EFLUENTES em estações de tratamento e, se for o caso, o DESCARTE AMBIENTALMENTE CORRETO.
CONSUMO SUSTENTÁVEL
Significa saber como usar recursos naturais para satisfazer as nossas necessidades, sem comprometer as necessidades e aspirações das gerações futuras. E este pensamento é válido, não apenas para o uso da água na atividade industrial. O CONSUMO RACIONAL aliado às estratégias de REUSO traz resultados bastante válidos para o agronegócio, condomínios residenciais, condomínios comerciais e geração de energia.
INDÚSTRIA – A GRANDE VILÃ?
A opinião geral sempre considerou a atividade industrial a maior, senão uma das maiores responsáveis pela poluição dos rios.
De acordo com as fotos utilizadas para ilustrar textos que abordam o assunto, os DEJETOS que poluem os rios e mares (junto com toneladas de peixes mortos), são sempre provenientes de fábricas que, sem nenhum cuidado, lançam no MEIO AMBIENTE toneladas de tudo o que não tem mais serventia.
Esta imagem vem sendo modificada. As fábricas, que antes eram vistas como as grandes VILÃS, estão aplicando somas consideráveis em PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS. A REUTILIZAÇÃO DA ÁGUA vem se tornando uma atitude bem vantajosa para a indústria ao reduzir danos ao meio ambiente, custos de produção e melhoria da imagem corporativa diante da sociedade.
A redução e a utilização correta dos recursos hídricos pelas indústrias são fundamentais para diminuir os impactos no MEIO AMBIENTE causados pelo HOMEM.
LEGISLAÇÃO
Na verdade, a “LEI DAS ÁGUAS” (Lei nº 9.433 – 08/01/1997) teve grande peso nesta mudança de atitude da indústria. A Lei contém imposições pesadas e restritivas quanto ao lançamento de efluentes nos rios.
Lei Nº 9.433 – 08/01/1997: institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989.
Lei Nº 9.984 – 17/07/2000: institui a ANA (Agência Nacional de Águas), um fator importante dentro deste cenário.
É uma autarquia do Governo Federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, e responsável pela implementação da gestão dos RECURSOS HÍDRICOS brasileiros.
A REUTILIZAÇÃO DA ÁGUA INDUSTRIAL
Para iniciar um projeto de REUTILIZAÇÃO da água em processos industriais, independentemente do ramo de atividade, é necessário ter o conhecimento de todas as fases da produção, a quantidade e a qualidade de água que é empregada em cada etapa (BALANÇO HÍDRICO). Desta forma, é possível estabelecer quais as formas de REUTILIZAÇÃO que serão mais viáveis para a adaptação às questões ambientais e as normas legais.
A – Há a recuperação de EFLUENTES vindos do processo produtivo que, depois de passar por descontaminação e tratamento (químico ou biológico), se transformam em água para diversas finalidades não potáveis.
B – Há indústrias com processos que NÃO PODEM UTILIZAR a água de REUSO como matéria-prima na composição de seus produtos. A sua destinação também é para usos não potáveis.
Em ambos os casos, este trabalho contribui na conservação de recursos hídricos e traz benefícios econômicos e sociais: a água de REUSO é destinada para a irrigação de jardins, lavagem de pisos, manutenção de espelhos d’água, ar condicionado, limpeza de equipamentos, lavagem de veículos, limpeza de áreas externas, descargas sanitárias etc.
C – Outras indústrias podem fazer o REUSO da água como matéria-prima no reaproveitamento de EFLUENTES da própria produção, nas águas pluviais etc. Após a RECIRCULAÇÃO (tratamento por microfiltração, nano filtração, abrandamento ou desmineralização) elas voltam a ter utilidade econômica. O tratamento elimina microrganismos, impurezas, a dureza (*), diminui o teor de SÍLICA presente, diminuição do teor de cloretos e condutividade.
FORMAS DE REUSO:
● Reciclagem Interna: é a forma mais econômica de REUSO industrial. Após o uso, a água é tratada dentro das instalações industriais e reutilizada na própria produção.
● Reuso Direto: uso planejado dos recursos hídricos provenientes de efluentes, tratamentos de esgotos ou captações pluviais para o uso industrial.
● Reuso Indireto: é quando a água já utilizada é tratada e despejada nos corpos hídricos para diluição e captada, novamente, para o REUSO.
Grandes volumes de água potável podem ser poupados pelo reuso, independentemente da área de atuação para o atendimento de necessidades que não solicitam potabilidade. Um sistema de tratamento de água industrial garante reaproveitamento correto ou o descarte feito de forma segura no meio ambiente.
(*) ÁGUA DURA é a água que contém alto conteúdo mineral.
Sugestão de Leitura
TELLES, DIRCEU D´ ALKMIN; COSTA, REGINA H. P. GUIMARÃES. Reúso da Água. Conceitos, Teorias e Práticas. Editora Edgard Blucher. Edição 1ª. São Paulo, 2007.
HESPANHOL, IVANILDO; MIERZWA, JOSÉ CARLOS. Água na Indústria – Uso Racional e Reúso. Editora Oficina de Texto. Edição 1ª. São Paulo, 2005.
Manual de conservação e REÚSO da água na indústria – FIRJAN e SEBRAE-RJ.
MANCUSO, PEDRO C. SANCHES; SANTOS, HILTON FELÍCIO DOS. Reúso de Água. Editora Manole. Barueri, 2013.
DIA MUNDIAL DAS ÁGUAS
A data foi criada pela Assembleia Geral da ONU (resolução A/RES/47/193 –21/02/1993) que declara o dia 22 de Março de cada ano como sendo o DIA MUNDIAL DAS ÁGUAS.
A data foi instituída para alertar sobre a importância da preservação da água. A cada ano um tema específico é abordado, para a conscientização sobre a urgência da economia deste recurso natural, vital para a sobrevivência de todos.