INTRODUÇÃO:
TAYLOR passou a trabalhar como um consultor independente e o seu cartão de visitas o apresentava como “Especialista em sistematizar gestão de fábricas e custos de fabricação”. Entre 1901 e 1912, os seus novos métodos de trabalho foram sendo aplicados em diversas empresas, com o apoio de sua equipe de seguidores. Comprovadamente, o TAYLORISMO elevava o desempenho das empresas. Nas fábricas, onde estas ideias foram praticadas, a produção duplicou ou até triplicou. Em consequência, os lucros também se elevaram.
Ao mesmo tempo, as etapas supérfluas do trabalho foram eliminadas, as empresas se tornaram mais produtivas e os trabalhadores tiveram maiores salários. Mesmo com os bons resultados, a introdução das novas formas de trabalho, frequentemente causava problemas e greves. De um modo geral, a abordagem da GESTÃO CIENTÍFICA concebia a organização dentro de um padrão mecânico, com o emprego de técnicas que criaram as ideias da desumanização do trabalho.
OS SINTOMAS:
Os problemas começaram pela dificuldade de substituir as tradições estabelecidas na maneira de trabalhar (quase que perpétuas) por novos procedimentos muito mais eficientes. Antes da Administração Científica, os trabalhadores sentiam orgulho ao concluir um produto. Na divisão do trabalho, com o método TAYLORISTA na manufatura, os trabalhadores perderam o senso de conexão com a produção.
O trabalho monótono e insatisfatório nas fábricas criaram tensões e levaram os operários a buscarem apoio nos sindicatos para apresentar as suas queixas. Os trabalhadores começaram a se sentir desprivilegiados e sem importância.
TAYLOR tinha uma visão bem negativa sobre os sindicatos e acreditava que eles apenas levavam à diminuição da produtividade.
ARSENAL DE WATERTOWN – A PARALISAÇÃO:
● Sob a Administração Científica, com CARL BARTH, as demandas e a intensificação do trabalho no ARSENAL DE WATERTOWN reduziram o moral dos operários e exacerbaram os conflitos com a gestão.
● Os trabalhadores ficaram insatisfeitos, ressentidos e hostis ao ambiente. Para eles, a racionalização TAYLORISTA do trabalho foi vista como uma violação da integridade do indivíduo (ninguém quis ser vigiado por um cronômetro).
● A GESTÃO CIENTÍFICA causou a desvalorização e desqualificação dos empregos e, como consequência, o TAYLORISMO fortaleceu a influência dos sindicatos.
Em 1911, quando TAYLOR publicou o livro “PRINCÍPIOS DE GESTÃO CIENTÍFICA”, os sindicalistas se manifestaram e consideraram a obra como antidemocrática e desumana.
Também em 1911, ao se introduzir o sistema de bônus na fundição do ARSENAL, toda a força de trabalho saiu por alguns dias. Uma greve num órgão tão importante do governo levou a uma investigação dos métodos por um Comitê no Congresso americano.
A PESQUISA HOXIE:
A primeira crítica grave ao TAYLORISMO ocorreu com a PESQUISA HOXIE, organizada pela Comissão para as Relações Industriais dos EUA (no Senado Americano).
A pesquisa foi dirigida por ROBERT FRANKLIN HOXIE (1868-1916), economista, professor da UNIVERSIDADE DE CHICAGO e editor associado do JOURNAL OF POLITICAL ECONOMY.
Entre 1914 e 1915, HOXIE estudou os problemas em relação às greves e tumultos dos trabalhadores nas fábricas americanas. A pesquisa foi considerada um dos principais alertas e uma oposição à “TIRANIA DO SISTEMA TAYLOR” ao demonstrar os inconvenientes morais, psicológicos e sociais causados pelo método apenas baseado no rendimento e eficiência. Os operários não conseguiam trabalhar de acordo com o ritmo de tempo-padrão preestabelecido e passaram a se queixar de uma nova forma sutil de exploração: padrões elevados de desempenho favoráveis apenas à empresa. Portanto, justificava a reação dos trabalhadores com greves e protestos.
A TEORIA DA MÁQUINA:
Os operários viam a SUPERESPECIALIZAÇÃO como algo degradante e humilhante pela monotonia, automatismo, menor exigência de raciocínio e pela destituição completa de qualquer significado psicológico do trabalho. O homem deveria produzir como uma máquina (a visão microscópica do homem).
Pelas críticas feitas pelos trabalhadores de WATERTOWN (civis e sindicalizados), TAYLOR foi levado para depor diante do Comitê do Congresso em 1912 por diversas vezes sobre o uso dos seus métodos (o que acabou abalando a sua saúde).
Ainda em 1912, o Comitê relatou e concluiu que a ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA trouxe algumas técnicas úteis e valiosas sugestões para as empresas. Mas, apesar do pagamento de bônus, o sistema forçava o trabalhador a um ritmo anormal, com disciplina severa e arbitrária com o uso do cronômetro.
Em uma sessão subsequente, o Congresso proibiu o uso do cronômetro e o pagamento de prêmios ou bonificações aos trabalhadores em estabelecimentos do governo americano. Concluindo, proibiu a GESTÃO CIENTÍFICA nas instalações governamentais e desfez o sistema TAYLORISTA em WATERTOWN. Ao final do processo, TAYLOR foi condenado “moderadamente”. O relatório final recomendou a necessidade do consentimento mútuo, entre trabalhadores e empresas, antes da aplicação de qualquer sistema de gestão.
Mesmo com os problemas identificados por ROBERT HOXIE em sua PESQUISA, a ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA foi se ampliando. As ideias de TAYLOR continuaram a se espalhar, em uma época na qual as empresas procuravam sair da produção artesanal para uma forma de trabalho mais ágil e lucrativa. A proibição do cronômetro e dos pagamentos de incentivos, não impediu que as demais técnicas da Administração Científica fossem preservadas, com grandes resultados de eficiência e produção, que contribuíram para o desenvolvimento do Século XX.
Administração Científica também foi de grande valor para os EUA durante a I GUERRA MUNDIAL em 1917.
O peso da indústria americana foi fundamental para a vitória. Os franceses ficaram admirados com a quantidade e com os meios à disposição das tropas americanas, sua velocidade na construção de estradas, cais, linhas de comunicação etc. Após 1918 os EUA se tornaram a maior potência econômica do mundo, o que só foi possível porque seus métodos industriais puderam atender todas as suas necessidades do conflito.
ROBERT FRANKLIN HOXIE. Scientific Management and Labor – 1915. D. Aplleton and Company. Editora: Antique Reprints (2016). Idioma: Inglês.
De acordo com as conclusões da PESQUISA HOXIE, publicadas em 1915, o TAYLORISMO não demonstrava ter um caráter científico e cada empresa fazia o que considerava ser melhor. O único ponto convergente era em relação ao aumento da carga de trabalho dos operários com a perda do conhecimento sobre o próprio trabalho.
A eficiência da ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA indicava a especialização do trabalhador pela divisão e subdivisão de todas as operações (TAREFA e SUBTAREFA). As tarefas mais simples, um resultado da subdivisão, poderiam ser ensinadas com facilidade elevando a especialização e a produção do operário. Mas, os resultados alcançados pelas empresas, em termos de produtividade e lucratividade, fizeram com que em pouco tempo o trabalho da pesquisa de HOXIE caísse no esquecimento. A Administração Científica continua atual, em uso nas empresas e ensinada nas faculdades de administração e de engenharia.