Gestão Ergonômica

INTRODUÇÃO:

A preocupação com as questões relativas à ERGONOMIA passou a chamar a atenção das empresas, pela constatação das causas e justificativas dos níveis de absenteísmo. Além dos custos, os afastamentos têm outras consequências para os trabalhadores, como os efeitos psicológicos, sociais e prejuízos na qualidade de vida.

A origem do problema está nas condições ergonômicas dos locais de trabalho, posturas antiergonômicas, processos produtivos sem padrão ergométrico, tarefas repetitivas, emprego excessivo de força e inúmeros fatores que apresentam um alto potencial de risco. Recentemente, a busca por melhores condições de trabalho passou a ser uma matéria importante em razão de uma nova mentalidade, mais evoluída e marcada pelo aperfeiçoamento dos aspectos legais e trabalhistas e defesa da cidadania.

FORMAÇÃO EM ERGONOMIA:

No Brasil, instituições de ensino superior têm oferecido formação em ERGONOMIA em cursos de especialização (nível de pós-graduação lato sensu) abordando conhecimentos básicos em disciplinas focadas nos efeitos da tarefa e do ambiente sobre o trabalhador: Psicologia, Anatomia e Fisiologia, Organização do Trabalho, Design, Métodos de Avaliação e Tecnologia da Informação. Outras incluem a ERGONOMIA a na grade curricular  nas faculdades de Engenharia, Arquitetura, DESIGN de interiores etc.

A IMPORTÂNCIA DA ERGONOMIA NO AMBIENTE DE TRABALHO:

Um indivíduo passa a maior parte do seu dia no ambiente de trabalho, que nem sempre apresenta condições favoráveis para a realização das suas atividades rotineiras. Tanto no escritório, como no depósito ou na linha de produção, ele está exposto às mais diversas condições causadoras de stress e doenças laborais.

É o resultado de vários fatores: posições erradas, movimentos repetitivos, mobiliários e equipamentos impróprios para as tarefas, máquinas mal adaptadas, computadores em posições inadequadas etc. Portanto, a falta da aplicação dos conceitos da ERGONOMIA causa danos para a saúde do profissional e pode trazer:

A – Prejuízos Individuais:

● Aspecto Físico: diversas lesões por tarefas repetitivas, esforço físico, vibrações, ruídos, odores, compressão mecânica ou posições inadequadas por longos períodos.

● Aspecto Psicológico: stress, desinteresse, perda da PROATIVIDADE, desmotivação, comportamentos organizacionais inadequados e demais fatores que estão enquadrados no aspecto psicológico.

B – Prejuízos na Imagem Corporativa:

A importância do uso da ERGONOMIA nas empresas é abrangente e possibilita maior qualidade no CLIMA ORGANIZACIONAL e…

…obtém ENGAJAMENTO,confiança do CAPITAL HUMANO e aumento de produtividade.

….reduz o absenteísmo, o tempo nos processos, diminui ou elimina as pressões sindicais.

….reduz acidentes de trabalho e todos os seus desdobramentos: morte, invalidez, afastamentos, licenças médicas, indenizações, processos trabalhistas etc.

….diminui o TURN OVER.  

LER/DORT:

No início dos anos 80, a forma de pensar das empresas mais modernas começou se modificar em função de novas ideias, que lentamente, começaram a ganhar espaço como a introdução de ações de Responsabilidade Social e Preservação Ambiental w a criação de programas de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT).

Dentro deste último aspecto, as empresas perceberam que a falta de qualidade nas condições de trabalho estava diretamente relacionada aos afastamentos por lesões e doenças ocupacionais.  Desta forma, representavam uma grande fonte de despesas e a introdução dos Programas de Qualidade de Vida no Trabalho passou a considerar a ERGONOMIA como uma solução preventiva muito interessante.

LER/DORT até hoje é motivo de polêmica por se tratar apenas de uma designação genérica e não um diagnóstico que pesquisa a causa e origem das lesões. O termo, criado na década de 80, não tinha uma base cientificamente consistente, o que possibilitou uma simplificação questionada pela medicina moderna. Na época, os trabalhadores com jornadas de trabalho intensas, ergonomia inadequada e stress apresentavam sintomas similares que resultaram em ações na Justiça do Trabalho.  

Estes sintomas foram reunidos sob a denominação LER, e posteriormente DORT, causados por mecanismos e recebendo tratamentos diferentes que, de maneira errônea, foram associadas apenas aos movimentos repetitivos, principalmente na linha de produção.

LER: significa LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS e trata-se de um grupo de DISTÚRBIOS do sistema musculoesquelético que apresenta intensidade e manifestações diferentes. Portanto, não é uma doença ou enfermidade.  DORT significa DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO e substituiu a sigla LER por que:

● A maioria dos trabalhadores com sintomas no sistema musculoesquelético não apresenta lesões em qualquer estrutura.

● Além do esforço repetitivo, ou sobrecarga dinâmica, outros tipos de movimentos podem se tornar prejudiciais ao trabalhador, como o uso de contração muscular por períodos prolongados para manutenção de postura (sobrecarga estática ), excesso de força empregada para executar tarefas, o uso de equipamentos que transmitam vibração excessiva e trabalhos em posturas inadequadas.

Os DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES OCUPACIONAIS mais comuns são: TENDINITES, particularmente do ombro, cotovelo e punho, as LOMBALGIAS, dores na região lombar e MIALGIAS, as dores musculares em diversos locais do corpo.

Sintomas como dor, dormência, formigamento, pontadas ou agulhadas, diminuição da força, sensação de peso, sensação de cansaço nos membros, inchaço, dificuldade de movimentação e desconforto podem estar relacionados associados às diversas condições não relacionadas às sobrecargas biomecânicas do trabalho. Muitos DISTÚRBIOS reumáticos, imunológicos, hormonais, metabólicos, ortopédicos, neurológicos ou infecciosos podem ser responsáveis por sintomas que simulam DORT.

Grupos de risco: profissionais que trabalham com computadores, digitadores, operadores de telemarketing, trabalhadores das linhas de montagem e produção, operadores de britadeiras, músicos, esportistas e pessoas que fazem trabalhos manuais. A informatização elevou a ocorrência de lesões ocupacionais, que até a segunda metade da década de 70 não tinham a devida importância e eram pouco conhecidas ou estudadas.

● A posição das empresas: infelizmente muitas organizações não consideram a existência dos DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES OCUPACIONAIS. Na maioria dos casos a situação é tratada como problema psicológico, não há o cumprimento da Legislação Vigente e as condições inadequadas para o trabalhador continuam iguais. É preciso lembrar que o custo do afastamento de funcionários e seus desdobramentos pesa mais do que os investimentos em ERGONOMIA.

GESTÃO DA ERGONOMIA:

A ERGONOMIA requer uma organização do ambiente de trabalho diferenciada e uma maior INTERFACE. Talvez, por esta razão, o nível de resistência às mudanças seja tão grande.

A ERGONOMIA caracteriza-se por abranger diversos campos do conhecimento humano. Em uma empresa, há a necessidade de que vários profissionais se envolvam, dentro do processo dinâmico, no desenvolvimento de condições para a prevenção dos acidentes laborais e na criação de locais adequados de trabalho:

– Recursos Humanos. – CIPA. – Manutenção/Engenharia.  

– Produção. – Gestores da QVT.  – Arquitetos e projetistas.

             – Designers de interiores – ERGONOMISTAS.

Todos eles, em conjunto, planejam para criar um projeto com a avaliação das tarefas, trabalhos, produtos, ambientes e sistemas a fim de torná-los compatíveis com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas.

Há uma soma de conhecimentos e observações sobre os efeitos que o trabalho provoca sobre o corpo. O planejamento deverá adequar o trabalho às pessoas e não as pessoas ao trabalho. Outros fatores a serem analisados incluem a adequação de EPI’s e EPC’s que atendam aos níveis de qualidade e de eficiência, necessários para cada situação e ambiente.

Riscos Ergonômicos: a primeira tarefa é identificar os elementos que podem prejudicar os trabalhadores no aspecto físico ou psicológico. Estes riscos podem estar relacionados com o estresse, monotonia de métodos de trabalho, longas horas de trabalho sem pausas para descanso etc. Significa utilizar com sabedoria os conhecimentos de diversas ciências e observações no decorrer dos séculos, dos efeitos que o trabalho provoca em nosso corpo. 

Laudo Ergonômico: ou Análise Ergonômica do Trabalho, é um documento que aponta detalhadamente os riscos ergonômicos de cada uma das áreas de trabalho e as ações necessárias para minimizar os Riscos ao máximo. O Laudo Ergonômico é uma exigência legal para as empresas por determinação do Ministério do Trabalho e Emprego.

LAYOUT ADEQUADO NA ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE DE TRABALHO.

Layout é a organização espacial de um ambiente que utiliza técnicas corretas para o conforto físico e mental. Sua importância reside no fato de que, se o projeto for inadequado o espaço pode ser mal ocupado, o ambiente poderá parecer menor, a circulação poderá ser prejudicada etc. O LAYOUT também está ligado a alguns fatores do ambiente como: cor, revestimento, iluminação, textura, acústica, conforto térmico e conforto ambiental.

Com as técnicas de LAYOUT na ERGONOMIA é possível criar um ambiente agradável e confortável facilitando a execução das tarefas a serem realizadas pelos profissionais (escritório e fábrica).

Objetivos do LAYOUT:

– Reduzir custos e aumentar a produtividade.

– Racionalizar a utilização do espaço e o fluxo de trabalho.

– Reduzir a movimentação de material, produtos e pessoas.

– Minimizar o tempo de produção.

– Propiciar melhores condições de trabalho.

– Aumentar a flexibilidade para as variações necessárias.

LAYOUT e o ambiente de Trabalho: o LAYOUT não é objeto de estudo isolado. Ele é um meio (e não o objetivo) de se criar um sistema, no qual há a interligação entre homens-móveis-equipamentos-atividades, num espaço físico projetado de forma racional para obter a satisfação do homem no seu ambiente de trabalho. O LAYOUT também facilita a movimentação interna, execução de tarefas e a comunicação ao projetar a disposição de materiais, máquinas e equipamentos na fábrica ou escritório.

Fatores do Planejamento Inicial do LAYOUT: pelo Laudo Ergonômico o DESIGNER pode iniciar o estudo das necessidades do projeto e prever um LAYOUT burocrático ou industrial. O ambiente (o local de trabalho) é composto por diversos fatores: pessoas, móveis, elementos e objetos, temperatura ambiente, umidade do ar, organização de materiais, limpeza, iluminação, equipamentos e a edificação.

– Necessidade de espaço (quantidade de pessoas, quantidade de máquinas, móveis, equipamentos etc.).

– Natureza do trabalho, natureza das relações entre pessoas e departamentos e o fluxo e circulação de pessoas.

– Operações e maquinário/equipamentos em uso.

– Prevenção e proteção das pessoas (segurança, incêndio, acidentes, inundações, vias de escape). A desorganização destes fatores, que aparentemente são inofensivos, pode causar lesões nos trabalhadores, pois, os riscos são invisíveis aos olhos humanos.  A ERGONOMIA minimiza os riscos.

Indicadores de Problemas em LAYOUTS:

– Demora excessiva e desperdício de tempo.

– Fluxo de trabalho mal planejado.

– Projeção de locais de trabalho malfeitas.

Elementos do LAYOUT:

– Espaço físico.

– Planta baixa da área a ser reestruturada e modelos dos itens físicos.

– Detalhamento.

– Postos e espaço de trabalho (funcionário e o seu material de trabalho).

– Condições ambientais.

– Prazos e implantação.

Sugestão de Leitura

CORRÊA, VANDERLEI MORAES; BOLETTI,  ROSANE ROSNER. ERGONOMIA – Fundamentos e Aplicações.  Editora Bookman. Edição 1ª. Porto Alegre, 2015

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