INTRODUÇÃO:
Nas ORGANIZAÇÕES as DECISÕES poderão ser menos complexas ou poderão ser programadas quando as INFORMAÇÕES forem adequadas e o PROBLEMA estiver bem estruturado, compreendido ou for repetitivo. Mas, caso contrário, uma DECISÃO poderá se tornar difícil. Aliás, uma situação muito comum.
Podemos assimilar que as ORGANIZAÇÕES têm suas dimensões complexas com base em seus PROCESSOS. Ao mesmo tempo, elas podem ser analisadas por meio da leitura dos seus FLUXOS, regras, MÉTODOS, normas, procedimentos em vigor e INFORMAÇÕES, que mostram sua funcionalidade e formas de COMUNICAÇÃO. Então, por meio de seus FLUXOS será possível entender qualquer ORGANIZAÇÃO, se eles estiverem devidamente sistematizados e representados, com tarefas e atividades esclarecidas – fatores que auxiliam a TOMADA DE DECISÃO.
Processo: ato de proceder ou maneira pela qual realizamos uma operação, segundo determinadas normas, métodos e técnicas.
Fluxo: designação do que se movimenta de modo contínuo. Movimentação do que segue seu curso (entrada – processamento – saída) e pode representar uma estrutura produtiva ou administrativa. São caminhos definidos, sequenciados e controlados da execução das atividades.
Método: instrução pela qual é possível chegar a um dado resultado ou a uma determinada finalidade. Trata ainda como acontece um processo ou uma técnica operacional ou administrativa.
TIPOLOGIAS DAS ORGANIZAÇÕES
Nenhuma ORGANIZAÇÃO é igual. Elas se diferenciam apresentando particularidades e características que permitem classificá-las em tipos denominados TIPOLOGIAS DAS ORGANIZAÇÕES (que facilitam ou não a TOMADA DE DECISÕES).
Tipologia de base Mecanicista: a ORGANIZAÇÃO tem perfil extremamente formal, a divisão de trabalho é rígida, as DECISÕES são centralizadas, a hierarquia é rigorosa, tem estrutura burocratizada e o planejamento é bem definido.
Tipologia Orgânica: o perfil é flexível e tem maior informalidade na atividade organizacional. Há descentralização nas DECISÕES, pouca divisão de trabalho e ambiente mais dinâmico.
MODELOS DE TOMADA DE DECISÃO
Independente do porte, área de atividade, da TIPOLOGIA, das circunstâncias ou da CULTURA, as ORGANIZAÇÕES dependem das TOMADAS DE DECISÃO para resolução dos PROBLEMAS em seus negócios e na escolha do melhor rumo. E, para cumprir esta missão, há vários MODELOS DE TOMADA DE DECISÃO desenvolvidos por estudiosos, com variáveis a serem consideradas. Eles são importantes para o entendimento de suas principais peculiaridades e qual deles poderá ser adaptado para uma possível solução diante de um PROBLEMA.
O emprego dos MODELOS permitirá aos GESTORES a exata compreensão das características da ESTRUTURA ORGANIZACIONAL, o emaranhado de relacionamentos, típicos aos PROCESSOS, e a natureza dos PROBLEMAS ali existentes. Desta forma, na ADMINISTRAÇÃO cresce a importância do desenvolvimento de MODELOS (cada um deles referentes a uma situação determinada), métodos e técnicas no processo de TOMADA DE DECISÃO.
Cuidado: nem sempre (ou quase nunca) haverá um cenário perfeito ou favorável para a TOMADA DE DECISÃO.
1 – MODELO TEÓRICO DE PROCESSO DECISÓRIO
Supõe que a TOMADA DE DECISÃO dos GESTORES tenha total racionalidade em escolhas consistentes, de valor maximizado dentro de restrições especificadas. Para ROBBINS e DECENZO, um tomador de decisão, perfeitamente racional, seria plenamente objetivo e lógico. Definiria um PROBLEMA com cuidado e teria uma meta clara e específica. Além disso, as etapas na TOMADA DE DECISÃO levariam à escolha da alternativa que maximiza uma meta.
Neste sentido, BAZERMAN coloca que: “um processo racional de decisão subentende que o DECISOR seguiu as seis fases de um modo totalmente racional. Isto é, os tomadores de decisão (1) definem o problema perfeitamente, (2) identificam todos os critérios, (3) ponderam acuradamente todos os critérios segundo suas preferências, (4) conhecem todas as alternativas relevantes, (5) avaliam acuradamente cada alternativa com base em cada critério e (6) calculam as alternativas com precisão e escolhem a de maior valor percebido”.
De acordo com ROBBINS e DECENZO e BAZERMAN e MOORE algumas suposições de racionalidade formam o MODELO RACIONAL do PROCESSO DECISÓRIO, que é o fundamento para as TOMADAS DE DECISÃO: uma meta única e bem definida, todas as alternativas e consequências são conhecidas, as preferências são nítidas, constantes e estáveis. Não há nenhuma restrição de tempo ou de custo. A escolha final maximizará a recompensa econômica. ROBBINS, STEPHEN. P.; DECENZO, DAVID A. Fundamentos de Administração: conceitos e aplicações. Prentice Hall. São Paulo, (2004, pág. 81). BAZERMAN, MAX H.; MOORE J. Processo Decisório. Campus Elsivier. Rio de Janeiro (2010, pág. 5).
Na teoria, toda DECISÃO deve ser tomada racionalmente, com base em INFORMAÇÕES completas sobre os objetivos da empresa, alternativas plausíveis, prováveis resultados dessas alternativas e importância desses resultados para a ORGANIZAÇÃO.
“Na prática, a racionalidade da DECISÃO é atrapalhada pelo choque de interesses entre sócios da empresa, pelas barganhas e negociações entre grupos e indivíduos, pelas limitações e idiossincrasias que envolvem as decisões, pela falta de informações e assim por diante”.
CHOO, CHUN WEI. A organização do conhecimento: como as organizações usam a informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões”. SENAC. São Paulo (2003, pág. 29).
2 – MODELO RACIONAL DE TOMADA DE DECISÃO
É o mais sistematizado e estruturado entre todos e também é conhecido por MODELO DECISÓRIO RACIONAL DA ECONOMIA CLÁSSICA. Pressupõe regras e procedimentos pré[1]definidos, que devem ser seguidos para que se atinja um bom resultado – aumentar os objetivos da ORGANIZAÇÃO como um todo, considerando as alternativas para chegar a este objetivo.
Neste modelo, predomina em sistemas fechados, cuja ESTRUTURA ORGANIZACIONAL é altamente burocrática e as diretrizes da ORGANIZAÇÃO são criadas por regras formais, orientadas para objetivos, por meio da solução de PROBLEMAS. Ou seja, é um modelo regido por raciocínio técnico, normas e rotinas para que a ORGANIZAÇÃO atue de maneira rigorosamente racional.
O tomador de decisões tem todas as INFORMAÇÕES para a resolução do PROBLEMA e trabalha com base na lógica e na objetividade guiado por regras, rotinas e programas de desempenho. As etapas do MODELO RACIONAL são:
A – Identificar e definir o PROBLEMA: esta fase faz um diagnóstico e reúne a maior quantidade de DADOS e INFORMAÇÕES possíveis.
O profissional procura uma correlação das INFORMAÇÕES obtidas com as variáveis do ambiente e analisa a relevância para a solução (toma conhecimento das ocorrências e alterações que diferem do planejamento e que comprometem a consecução dos objetivos).
B – Identificação de alternativas: busca e analisa as alternativas avaliando quesitos de acordo com a importância para a ORGANIZAÇÃO: quais as alternativas, os custos envolvidos, vantagens e desvantagens de cada alternativa, faz a seleção da alternativa e TOMA A DECISÃO para aplicar a solução escolhida.
C – A escolha e a DECISÃO: opta pela melhor alternativa que favoreça o cumprimento dos objetivos em tempo previsto.
Alguns especialistas incluem mais uma etapa no MODELO RACIONAL: a escolha da DECISÃO (a melhor alternativa) não encerra o trabalho. Há a necessidade de MONITORAMENTO, análise e acompanhamento dos resultados alcançados (positivos e negativos).
Na literatura sobre o tema, há o consenso de que uma TOMADA DE DECISÃO totalmente racional é praticamente impossível. O tomador não tem condições de possuir conhecimento sobre todas as variáveis que exercem influência no processo.
“No processo decisório, para se fazer uma escolha totalmente racional, o indivíduo teria que identificar todas as alternativas existentes, prever as consequências de cada alternativa e avaliá-las de acordo com os objetivos e preferências”.
CHOO, CHUN WEI. A organização do conhecimento: como as organizações usam a informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. SENAC. São Paulo (2003, pág. 265).
3 – MODELO PROCESSUAL DE TOMADA DE DECISÃO
Este modelo é caracterizado pela ênfase no processo de TOMADA DE DECISÃO em ambientes complexos e dinâmicos. O MODELO PROCESSUAL mostra várias semelhanças ao MODELO RACIONAL com suas principais características parecidas em muitos aspectos. Porém, fator que o diferencia é a flexibilidade que permite aos GESTORES realizarem os ajustes necessários.
O MODELO PROCESSUAL é usado quando os objetivos são claros e específicos. Porém, os métodos e as técnicas são incertos.
Mesmo assim, o PROCESSO revela uma linha geral de desenvolvimento a partir do reconhecimento e do diagnóstico de um PROBLEMA, segue com a análise das possíveis alternativas e se encerra com a avaliação e seleção de uma alternativa para resolver o PROBLEMA.
Este modelo se caracteriza por ser o mais complexo e com mais etapas para a TOMADA DE DECISÃO. É constituído por três fases decisórias, três rotinas de apoio e seis grupos de fatores dinâmicos (CHOO, 2003, p. 283-287).
FASES DECISÓRIAS
A – Identificação: reconhece a necessidade de tomar uma DECISÃO e desenvolve o entendimento das questões implicadas na DECISÃO. Consiste em rotinas de reconhecimento e rotinas de diagnóstico do PROBLEMA.
B – Desenvolvimento: desenvolvimento de uma ou mais soluções para um PROBLEMA, crise ou oportunidade. Consiste na busca ou criação de projetos para a solução.
C – Seleção: avalia as alternativas e escolhe uma delas.
ROTINAS DE APOIO
A – Rotinas de controle: guiam o processo decisório, consistem em planejamento e determinam os limites do espaço da DECISÃO.
B – Rotinas de COMUNICAÇÃO: reúnem e distribuem a INFORMAÇÃO como parte do processo decisório.
C – Rotinas políticas: importantes nos processos estratégicos: podem assumir a forma de barganha, de persuasão ou de cooptação.
FATORES DINÂMICOS
A – Interrupções: intervenções ambientais, tanto internas quanto externas.
B – Adiantamento de prazos: diminuir o ritmo das atividades do processo decisório.
C – FEED-BACK: surge quando os responsáveis guardam os resultados de ações praticadas para serem usadas posteriormente.
D – Ciclos de compreensão: necessários para lidar com questões complexas.
E – Ciclos de fracasso: ocorrem quando não se consegue chegar a uma DECISÃO.
Sugestão de Leitura
BAZERMAN, MAX H. Processo Decisório. Editora Campus Elsivier. Edição 7ª. Rio de Janeiro, 2010.
EMMERICH, HERBERT. O processo decisório. Editora Fundação Getúlio Vargas. Rio de Janeiro, 1962.
ROBBINS, STEPHEN. P.; DECENZO, DAVID A. Fundamentos de Administração: conceitos e aplicações. Editora Prentice Hall. São Paulo, 2004.
CHOO, CHUN WEI. A organização do conhecimento: como as organizações usam a informação para criar significado, construir conhecimento e tomar decisões. Editora SENAC. São Paulo, 2003.
SHIBATA, INÁCIO H; PASQUOTO, JORGE LUÍS D. e outros. Tomada de decisão nas organizações: Uma visão multidisciplinar. Editora Saraiva Uni. Edição 1ª. São Paulo, 2012.
Modelos de tomada de decisão e sua relação com a informação orgânica
MARIANA LOUSADA; MARTA LIGIA POMIM VALENTIM.
https://www.scielo.br/j/pci/a/t8XnmBCGfRGYpm9YQh4CKFh/?format=pdf&lang=pt Acesso em: 22 jul. 2022.