INTRODUÇÃO:
Desde o fim do Século XIX a MACONHA nunca deixou de ser consumida. As leis e proibições apenas diminuíram sua participação em atividades que anteriormente eram frequentes. Mas, no fim dos anos 50 e, principalmente na década de 60, os movimentos culturais nos EUA fizeram com que a droga voltasse e tivesse um consumo com intensidade crescente. E agora veio acompanhada por um novo perigo: as DROGAS SINTÉTICAS.
DROGAS SINTÉTICAS E SEMI SINTÉTICAS
DEFINIÇÕES
Nos anos finais da década de 20, os cientistas iniciaram pesquisas sobre a CANNABIS analisando e estudando seus componentes e efeitos no organismo. Então, é preciso deixar claro que não havia a intenção de criar DROGAS RECREATIVAS. O trabalho tinha como propósito o desenvolvimento de novos medicamentos para a cura de doenças.
DROGAS SINTÉTICAS: obtidas artificialmente em laboratórios através de um ou de vários compostos químicos (substâncias) que não são encontrados na natureza. O objetivo é produzir efeitos semelhantes aos das drogas naturais (ou potencializar o efeito). – Quetamina, Efedrina, POPPERS Anfetaminas, Ice, Ecstasy, LSD, GHB, Anabolizantes, Inalantes etc.
DROGAS SEMI SINTÉTICAS: obtidas através de drogas naturais modificadas em laboratórios por processos químicos – crack, cocaína, cristais de haxixe, heroína, maconha (modificada), morfina, codeína etc.
– 1927: Anfetaminas – 1938: LSD 25 – 1950: Nitazeno – 1960/1970: GHB (Ecstasy Líquido) e GLB – 1965: Cetamina – 1967: DOB – 1970/1980: PCP, PMA, PMMA, 2-CB, 2-CT-7, MDMA (Ecstasy) e 4-MTA FLATLINE – 1980/1990: Ice, Anabolizante e MPTP – 2000: K2/K4/K9 (a maconha sintética com mais de 300 tipos já identificados) – 2005: JWH-18 etc.
A EVOLUÇÃO DAS DROGAS SINTÉTICAS
Os cientistas continuaram suas pesquisas e em 1964 o químico israelense RAPHAEL MECHOULAM (conhecido como “o pai da cannabis”) isolou o ingrediente ativo da maconha (o THC – Tetrahidrocanabinol).
Posteriormente, na década de 70, MECHOULAM e outros cientistas começaram a fazer compostos sintéticos baseados na estrutura do Tetrahidrocanabinol.
Nesta mesma época, os cientistas dos laboratórios farmacêuticos voltaram as atenções para as experiências publicadas pelos pesquisadores. Tomando por base as informações obtidas também se dedicaram às pesquisas sobre o tema.
DROGAS SINTÉTICAS – UM QUADRO DE EPIDEMIA
Na década de 90 e começo dos anos 2000, os pesquisadores desenvolveram novos sintéticos do THC e expuseram os seus resultados em revistas acadêmicas e na INTERNET. Pelo fato que o uso das DROGAS SINTÉTICAS já vinha crescendo desde os anos 60, 70 e 80 (sem a oferta compatível com o nível do consumo), muitos químicos sem responsabilidade e sem ética, aproveitaram os resultados divulgados. Então puderam produzir, por conta própria, várias DROGAS SINTÉTICAS e SEMI SINTÉTICAS ilícitas que tinham efeitos ainda piores se comparados aos da MACONHA (dos laboratórios de pesquisa elas foram para as ruas e para a ilegalidade).
No sentido contrário, muitas opiniões que afirmam que as SINTÉTICAS não causam graves danos à saúde e não criam dependência. Porém, já está mais do que comprovado que elas não são naturais, não são inofensivas e podem ser de 10 a 100 vezes mais potentes que a CANNABIS.
Frequentemente, os usuários fazem a mistura com outras drogas (em comprimidos, injeção ou em pó) para experimentar novos efeitos. Sendo assim, o quadro se agravou: o número de atendimentos médicos chega aos milhares, as SINTÉTICAS se tornaram comuns e mais letais. Como reflexo, nos EUA, Europa e Ásia os casos de overdoses aumentaram junto com os dados sobre mortes por intoxicação. E as ações policiais são intensas no combate ao contrabando, a violência e na repressão ao tráfico.
A COMPARAÇÃO
Os efeitos das SINTÉTICAS desaparecem mais rápido em comparação com a CANNABIS. Em geral, levam os usuários ao aumento do consumo aumentando o grau de dependência e os prejuízos à saúde. No longo prazo, esses prejuízos serão cada vez mais graves e duradouros e poderão se tornar irreversíveis.
Em relação à abstinência, os resultados das SINTÉTICAS são piores. Portanto, em qualquer quesito a ser comparado, as SINTÉTICAS são mais prejudiciais do que a MACONHA cultivada.
A CHIBABA (como a MACONHA era chamada em várias regiões do Brasil nos anos 60) era obtida em um processo de extração de resina da planta e tinha um efeito mais forte. A resina concentrada chegava a um produto de maior pureza e com maior teor de THC. Mas, não há comparação com os resultados das DROGAS SINTÉTICAS e SEMI SINTÉTICAS.
OS ANTIDEPRESSIVOS
ROLAND KUHN foi um psiquiatra suíço que trabalhou como médico e diretor na clínica psiquiátrica e hospital de MÜNSTERLINGEN (de 1939 a 1980).
Em seus trabalhos de pesquisa descobriu em 1954 o antidepressor CLORIDRATO DE IMIPRAMINA (comercializada com o nome TOFRANIL ).
KUHN introduziu a IMIPRAMINA pela primeira vez em 1956 no tratamento sobre o estado de humor de pacientes deprimidos (como auxiliar na (*) PSICOTERAPIA) e divulgou os seus trabalhos em 1957. Neste período, em função do reconhecimento clínico dos resultados da IMIPRAMINA na PSICOTERAPIA surgiram outros antidepressivos.
A IMIPRAMINA teve grande aceitação por não apresentar os graves efeitos colaterais como a IPRONIAZIDA que, a princípio foi produzida para o tratamento da tuberculose. Mas, em 1952, foi descoberto um outro emprego: a IPRONIAZIDA foi o primeiro antidepressivo. Entretanto, por seus efeitos colaterais (insônia, nervosismo, secura na boca, danos ao fígado e alta incidência de HEPATITE, queda na pressão arterial, ganho de peso, euforia, estimulação excessiva etc.) em 1960 o seu uso foi interrompido.
Nos anos finais da década de 70 os ANTIDEPRESSIVOS eram vendidos livremente nas farmácias e sem qualquer restrição. O consumo foi crescendo gradativamente.
De acordo com muitas opiniões, foi por reflexo da conjuntura do Brasil e de outros países: crises na economia, rápidas transições, crise social, desemprego, frustrações, distanciamento social, desagregação familiar, violência doméstica, competitividade no mercado de trabalho e a sensação generalizada de insegurança coletiva e individual. A partir da década de 90 foi estabelecida a regulamentação sobre a classificação de medicamentos de acordo com o grau de risco e a venda sendo mediante por meio da apresentação da receita médica.
Nos anos iniciais do Século XXI temos um quadro ainda mais grave: os usuários de COCAÍNA, de DROGAS SINTÉTICAS, DROGAS SEMI SINTÉTICAS e MACONHA agregaram os ANTIDEPRESSIVOS e o ÁLCOOL para a mistura ter um poder maior nas “VIAGENS”. Para a sociedade há perdas com as vidas ceifadas, talentos perdidos, desagregação etc. Para as autoridades policiais o trabalho exaustivo no combate ao tráfico nem sempre traz resultados necessários. Na área da saúde cresce, em uma proporção alarmante, o número de usuários que necessitam atendimento. E o problema também tem se espalhado no AMBIENTE CORPORATIVO.
(*) PSICOTERAPIA: trata-se de processo em que os profissionais da áreade PSICOLOGIA acolhem o paciente, compreendem suas queixas fazendo intervenções através das técnicas aprovadas pela ciência, pela prática e pela ética profissional. O objetivo da PSICOTERAPIA é ajudar na resolução de conflitos, dar alívio às situações de STRESS e ansiedade, na recuperação de traumas e se transformou em uma ferramenta valiosa contra sentimentos negativos causados pelo diagnóstico de outras doenças. Caso haja necessidade, a PSICOTERAPIA pode contar com a PSIQUIATRIA para a prescrição de medicamentos contra a ansiedade ou a depressão.
A PSICOTERAPIA vem chamando a atenção de algumas empresas diante de vários problemas de saúde mental no ambiente de trabalho:
Alcoolismo, tabagismo e dependência de drogas.
Transtornos: obsessivo-compulsivo, bipolaridade, pânico, anorexia, depressão, stress pós-traumático, variações de humor, variações de personalidade etc. A PSICOTERAPIA tem abordagens diferentes: Psicanálise, Terapia analítico-comportamental, Terapia cognitivo comportamental, Gestalt-terapia, Psicoterapia Junguiana e Psicologia positiva.
Sugestão de Leitura
MARANO, VICENTE PEDRO. As Drogas e o Trabalho. Editora LTr. Edição 1ª. São Paulo, 2014.
BATISTA, ERALDO CARLOS; NASCIMENTO, VEGNER FERREIRA DO. Saúde mental e políticas públicas: os desafios teóricos e práticos no cuidado em saúde. Editora CRV. Edição 1ª. Curitiba, 2020.
ARATANGY, LIDIA ROSENBERG. Doces Venenos: Conversas e Desconversas Sobre Drogas. Editora Melhoramentos. Edição 1ª. São Paulo, 2015.