INTRODUÇÃO:
Os grandes impérios da Antiguidade se formaram com base em exércitos eficientes. Os comandantes da época já haviam percebido a importância da organização e das atividades de apoio.
Na Idade Média, os grandes impérios já não existiam mais. Foram substituídos por feudos que contavam com castelos e fortalezas, construções que também mudaram as características da guerra e que exigiram novas formas de combate.
O cerco a um castelo era longo, desgastante e penoso. A campanha militar prolongada solicitava aos atacantes meios de subsistência e mantimentos suficientes para manter o cerco. Por sua vez, os sitiados deveriam ter meios de subsistência, mantimentos suficientes para poder resistir, o máximo de tempo possível desgastando os invasores.
E no decorrer da História, a preocupação com a organização foi a garantia de sucesso. As Cruzadas, a Guerra dos Cem Anos, as Grandes Navegações e a formação das colônias não teriam acontecido sem que houvesse nenhum tipo de preparo. Mas, o conceito de LOGÍSTICA no Âmbito Militar só se constituiu num procedimento bem organizado, contando com apoio de forma regular, apenas no Século XVII durante a GUERRA DOS TRINTA ANOS (1618-1648).
GUSTAVO ADOLFO II (1594-1632): foi o rei da Suécia de 1611 a 1632. Em seu reinado ele fez grandes reformas transformando o parlamento, desenvolvendo o ensino e separando a administração civil e militar.
É apontado como um dos maiores comandantes militares da História por formar exército moderno, bem treinado, com alta capacidade de combate.
GUSTAVO ADOLFO conduziu a Suécia na GUERRA DOS TRINTA ANOS e, o maior destaque, ficou pelo método como os suecos utilizaram seus comboios de suprimentos. Eles foram extremamente decisivos prestando apoio, organizado e contínuo, para manter o exército bem armado e equipado.
LUÍS XIV (1638 – 1715): foi rei da França de 1643 a 1715. Ficou conhecido como “Rei Sol” (ou “o Grande”) e exerceu o controle total do estado francês, centralizando de poder, e se transformando no símbolo da monarquia absolutista.
Por volta de 1670, Luís XIV iniciou a reorganização do exército francês que necessitava de uma estrutura mais avançada. As mudanças realizadas criaram a força militar de maior poder na Europa.
Uma destas mudanças criou a posição de MARÉCHAL-DES-LOGIS. A função deste oficial era com relação aos problemas administrativos do Exército contemplando: planejamento das marchas, acampamentos, meios e recursos de transporte, armazenagem e abastecimento de suprimentos e capacidade de forragem. Essa função deu origem ao termo “LOGÍSTICA“. O título de MARÉCHAL-DES-LOGIS tem origem do verbo LOGER, que em francês significa alojar, habitar, colocar e posteriormente derivou para o termo LOGISTIQUE.
VON CLAUSEWITZ (1780 – 1831): foi general de exército prussiano e teórico militar. No final do Século XVIII e início do Século XIX os militares entendiam a Guerra como tendo sua base apenas em Estratégias e Táticas. Porém, o conceito começa a sofrer alterações com a percepção de que havia outro componente significativo para se alcançar a vitória.
CARL PHILLIP GOTTLIEB VON CLAUSEWITZ se notabilizou pelo seu livro DA GUERRA (VON KRIEGE) que até hoje é tema de estudos em muitas academias militares.
Após as GUERRAS NAPOLEÔNICAS, do início do Século XIX (1796 a 1815), VON CLAUSEWITZ escreveu sobre a arte militar entre 1816 e 1830. O livro, DA GUERRA, publicado após sua morte, é uma obra incompleta sendo que os dois últimos capítulos não foram finalizados. Mas, se tornou um dos clássicos mais renomados sobre o assunto.
A obra, considerada a “Bíblia da Ciência Militar”, traz textos sobre estratégias e táticas. Porém, ignorou a importância da atividade da LOGÍSTICA. Apesar de não usar a palavra “LOGÍSTICA” ele apenas afirma:
“… existe na guerra, um grande número de atividades que a sustentam e que devem ser consideradas como uma preparação para esta…”.
BARÃO DE JOMINI (1779 – 1869): foi general de exército francês, crítico, historiador, uma das maiores personalidades da estratégia militar do Século XIX e ficou famoso por ser um dos criadores do moderno pensamento militar.
O termo LA LOGISTIQUE, adotado pelo BARÃO ANTOINE-HENRI JOMINI,cobre as operações não relacionadas ao combate ou batalhas, sendo um trabalho a ser desenvolvido pelos Estados-Maiores.
Ainda hoje suas obras e conceitos são estudados.O seu livro SUMÁRIO DA ARTE DA GUERRA (PRECIS DE L’ART DE LA GUERRE – 1836) teve prestígio e influenciou os exércitos europeus. JOMINI dividiu a arte daguerra foi em cinco atividades: estratégia, grande tática, LOGÍSTICA, engenharia e tática menor.
Pela sua ideia, a LA LOGISTIQUE é a arte do movimento do exército considerando transportes, estrutura organizacional, reconhecimento, inteligência para a movimentação e abastecimento. A LOGÍSTICA é a ação que conduz à preparação e sustentação das campanhas e a prática de movimento dos exércitos.
Até então, as atividades atrás do FRONT não tinham uma ideia corretamente definida sobre os serviços prestados pelas unidades, com funções de apoio às tropas em combate (atividades de NÃO-COMBATE). No conceito do Âmbito Militar, era uma ideia geral de administração e serviços de apoio incluindo transporte, abastecimento, comunicação de sinais, ajuda médica etc.
O conceito das ideias de JOMINI teve por base suas experiências em campanhas ao lado de NAPOLEÃO BONAPARTE.
JOMINI assistiu o exército francês ser derrotado pelo Inverno Russo pela falta de suprimentos e de equipamentos adequados. Ou seja, pela falta de uma LOGÍSTICA eficiente. Assim, o contingente original de 450.000 soldados do exército de NAPOLEÃO ficou reduzido a 27.000 soldados no final de 1812.
“Logística é a arte prática de movimentar os exércitos, compreendendo não apenas os problemas de transporte, mas também o trabalho do estado maior, as medidas administrativas e até as unidades de reconhecimento e de informações necessários para o deslocamento e a manutenção das forças militares organizadas.”
ANTOINE-HENRI JOMINI
Com o passar do tempo, LOGISTIQUE foi sendo entendido como a arte de transportar, abastecer e alojar tropas. Foi traduzida para o inglês como LOGISTICS.
GUERRA MEXICANO–AMERICANA (1846-1848):
Os militares americanos conheciam muito bem as ideias de JOMINI e de VON CLAUSEWITZ.
Na GUERRA MEXICANO–AMERICANA os norte-americanos, sob o comando do General WINFIELD SCOTT (1786-1866), desembarcaram 12.000 soldados perto do porto de Vera Cruz em Março de 1847. Depois de uma série de batalhas, que se estenderam até Setembro, os americanos tomaram a Cidade do México. As linhas de abastecimento foram de enorme importância para a vitória.
A invasão francesa da Rússia em junho de 1812, também conhecida como a Campanha Russa, terminou em desastre para o exército francês. Como efeito, por falta de uma LOGÍSTICA adequada.
A derrota transformou o exército de NAPOLEÃO BONAPARTE (o GRANDE ARMÉE) em um contingente inexpressivo em comparação com sua força original. E, em consequência, teve início o declínio da supremacia francesa e uma grande mudança na política europeia.
Sugestão de Leitura:
VON CLAUSEWITZ, CARL. Da Guerra. Editora Martins Fontes. São Paulo, 1996
JOMINI, ANTOINE-HENRI. A Arte da GUERRA. Editora Laemmert. Rio de Janeiro, 1947.