INTRODUÇÃO:
Desde o início dos estudos da Administração a maior preocupação sempre foi encontrar a PEDRA FILOSOFAL que criasse uma ORGANIZAÇÃO PERFEITA, funcionando de forma impecável e com a precisão de um relógio suíço.
Durante a maior parte do Século XX os estudos sobre organizações foram incontáveis. Com suas teorias e ideias, dezenas de estudiosos e analistas foram organizando, avaliando, reorganizando, desconstruindo e reconstruindo diversos fluxogramas, organogramas, criando burocracia e tentando achar um controle administrativo perfeito sobre a realidade dos negócios. E… nada (ou encontraram de tudo!).
Por várias décadas vários Cientistas, Dirigentes e Gestores passaram debruçados sobre pesquisas estudando estruturas, fluxos, processos, tarefas, divisão do trabalho, especialização, organização informal, uniformidade, comportamentos etc. Tudo isso em busca de uma fórmula de estrutura correta e infalível aplicável para qualquer tipo de empresa.
A TRANSFORMAÇÃO
Entretanto, a partir dos últimos anos do Século XX, devido às sucessivas turbulências dos anos 70, ocorreram muitas mudanças nas condições econômicas, políticas e sociais que se aceleraram com a GLOBALIZAÇÃO e com a INTERNET.
Além da eterna preocupação sobre o perigo latente, representado por uma ESTRUTURA ORGANIZACIONAL que dificilmente chega à beira da perfeição, as empresas tiveram que dividir as atenções para outro assunto dentro do seu ambiente de negócios: os STAKEHOLDERS. Eles se tornaram um tópico que cresceu consideravelmente, com um grande peso para ser analisado com profundidade.
STAKEHOLDERS – SIGNIFICADO
A palavra vem do inglês e pode ser entendida como PARTE INTERESSADA ou PARTE INTERVENIENTE (STAKE: interesse, participação, risco e HOLDER: aquele que possui). O termo não é recente e foi usado pela primeira vez em 1708 para determinar uma pessoa (ou uma empresa) com investimentos em alguma coisa.
STAKEHOLDERS – A IMPORTÂNCIA
Em Administração os STAKEHOLDERS são vistos como um público altamente estratégico, mesmo que não tenham investimentos em algum negócio. Mas, é um grupo com INTERESSES ou com a capacidade de INTERFERÊNCIA. Também são conhecidos pela sigla PI’s (PARTES INTERESSADAS ou PARTES INTERVENIENTES).
Assim, os STAKEHOLDERS podem afetar de forma positiva (ou não) e podem ser afetados de forma positiva (ou não) quando se trata de PLANO DE NEGÓCIOS, estabelecimento de ESTRATÉGIAS, desenvolvimento de Projetos e na forma de atuação de uma organização. Cabe à DIREÇÃO ou aos responsáveis pelo planejamento ter uma visão maior e mais apurada sobre os STAKEHOLDERS para avaliar com precisão a extensão da sua influência.
ROBERT FREEMAN (1951 – ):
É um filósofo americano e professor de administração de empresas na Universidade de Virgínia.
É muito conhecido por seu livro “Gestão Estratégica: Uma Abordagem STAKEHOLDER”, de 1984, onde apresentou a definição mais aceita sobre o assunto e ainda reconhecida pela Administração.
ROBERT EDWARD FREEMAN enfatiza que o termo STAKEHOLDER foi usado pela primeira vez num memorando interno do STANFORD RESEARCH INSTITUTE (SRI) em 1963. Na época, a GESTÃO propunha que qualquer empresa teria apenas, como única obrigação, a visão voltada para os seus ACIONISTAS.
O livro de FREEMAN populariza o termo. Hoje “STAKEHOLDER” é muito usado na ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS e em outras áreas para se referir aos que são afetados ou que podem ser afetar as atividades de uma empresa. Assim, o conceito fornece maneiras diversas de se pensar em ESTRATÉGIA.
FREEMAN R. EDWARD; HARRISON, JEFFERY. Strategic Management: A Stakeholder Approach. Editora: Cambridge University Press (2010).
STAKEHOLDERS – Administração ESTRATÉGICA e Gestão de PROJETOS
A ideia é bem clara: independentemente de seu ramo de atividade ou do seu tamanho, uma empresa NÃO pode existir sem STAKEHOLDERS. De alguma forma eles podem ser afetados pelos objetivos da ESTRATÉGIA ou podem afetar objetivos propostos pela ESTRATÉGIA.
As chances para uma melhor elaboração de PROJETOS ou do planejamento estratégico serão maiores se a empresa reconhecer e identificar com exatidão quem são os seus STAKEHOLDERS, seus objetivos, interesses, expectativas e necessidades. É preciso avaliar corretamente o seu peso na ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA: a percepção será mais ampla e a visão mais correta ao se abordar seus pontos fortes e seus pontos fracos.
QUEM SÃO OS STAKEHOLDERS
O nível de envolvimento, interesses, objetivos, expectativas e necessidades de cada STAKEHOLDERS são diferentes e mutáveis. Dependendo da situação pode haver uma grande alternância na identificação e na posição dos STAKEHOLDERS. Alguns podem deixar de serem apoiadores mudando de posicionamento. Outros podem mudar o seu grau de influência e interesse. E para a percepção mais apurada o trabalho de análise vai ter vários desdobramentos e detalhes mais complexos para serem investigados.
PI’s – PARTES INTERESSADAS ou PARTES INTERVENIENTES
Numa visão atualizada a moderna Administração relaciona: proprietários, acionistas, investidores, funcionários, sindicatos, clientes, fornecedores, credores, bancos, ambientalistas, sociedade, comunidades, ONG`s, governo e associações.
SHAREHOLDERS
A palavra é entendida como acionista. Vem do inglês SHARE (parcela, participação, parte) e HOLDER (aquele que possui). É o indivíduo que possui ações de uma empresa (pelo menos uma ação de uma empresa), investindo recursos e, consequentemente, recebendo sua parte dos lucros. Portanto, um SHAREHOLDER também é um STAKEHOLDER. Um SHAREHOLDER poderá ter lucro se a empresa tiver sucesso no mercado (e o oposto também é verdadeiro – ele terá prejuízo caso a empresa não apresente bons resultados).
Sugestão de Leitura
ROCHA, TELMA; GOLDSMIDTH, ANDRÉA. Gestão dos Stakeholders: Como gerenciar o relacionamento e a comunicação entre a empresa e seus públicos de interesse. Editora Saraiva. Edição 1ª. São Paulo, 2012.
