1 – Mãe Natureza: A Provedora

INTRODUÇÃO:

Antes de se abordar qualquer assunto sobre GESTÃO AMBIENTAL é preciso ter a visão humanística, compreendendo a história da relação do homem com o meio físico e com a NATUREZA. Em primeiro lugar, ela tem caráter de PROVEDORA. Ela é a fonte de tudo e fornece o que é essencial para que o ser humano possa existir. Daí ser denominada de “MÃE-NATUREZA”

A RELAÇÃO DE DEPENDÊNCIA:

A partir do início do seu processo de evolução como espécie, o HOMEM esteve continuamente numa situação de luta pela sobrevivência. E, no decorrer da história, esta relação de dependência entre os seres humanos e o meio natural sempre foi crucial, de fundamental importância.  

A NATUREZA jamais deixou de ser a provedora de seus meios de subsistência. Porém, esta luta pela sobrevivência também conferiu ao homem a sua vocação para o desenvolvimento de desastres ambientais.

A ação do homem vem provocando estragos, aquecimento e extinção de espécies há 15.000 anos.

Uma das primeiras vítimas da ação humana foram os mamutes, extintos por causa da caça há 11.000. Eles desapareceram junto com outros animais da MEGAFAUNA.

Como resultado, comprovado pelos cientistas, o fim dos mamutes mudou a vegetação da Sibéria e do Alasca provocando mudanças no clima destas regiões. Assim, a relação HOMEM-NATUREZA e a suainterferência no MEIO AMBIENTE são tão antigas quanto sua própria existência.

NATUREZA – O CARÁTER DIVINO: Durante a Pré História e Antiguidade, esta relação de dependência em relação à NATUREZA deu origem a várias práticas e crenças religiosas com mitos, rituais e magia associados um deus ou aos fenômenos naturais.

Os corpos celestes, o Sol, Lua, céu, chuva, mar, raios, trovões, ventos, rios, árvores etc. eram considerados entes divinos, com poder sobre a vida. Assim, o reconhecimento em relação ao que lhe era oferecido fez o homem crer que todos estes elementos não pertenciam ao mundo físico.

A prosperidade, cultivo, plantações, as colheitas com fartura, rebanhos e os demais resultados positivos teriam relação com o sobrenatural. E a regularidade observada e, associada aos ciclos do clima que, nem sempre aconteciam da maneira prevista, eram de acordo com a vontade divina.

No Antigo Egito a dependência em relação ao Rio Nilo era muito grande. Os egípcios viam o rio como a divindade provedora de alimentos e o consideravam como o responsável pelo sustento da vida.

E, por toda a Antiguidade, a submissão do homem em relação à NATUREZA sempre foi a raiz de diversas crenças religiosas. Grande parcela dos povos deste período praticava suas crenças e ritos onde seus deuses e divindades se tornavam presentes por meio de elementos ou fenômenos naturais. Sacrifícios humanos e festas pelos resultados das colheitas sempre estiveram relacionadas algum culto religioso.

A TRANSFORMAÇÃO:

Se, no princípio a ligação entre o homem e a NATUREZA foi de submissão, o decorrer da história mostra que houve diversas mudanças na VISÃO-DE-MUNDO.

1 – NO RENASCIMENTO: Do Século XIV ao XVII o RENASCIMENTO coloca o homem no centro do Universo (Antropocentrismo) e o torna investigador por excelência:

● Com a evolução cultural a NATUREZA perdeu o caráter divino.

● Neste período, o questionamento do mundo,  a ciência e os métodos científicos rompem o antigo conceito divino de submissão com a NATUREZA (ao contrário do supersticioso pensamento medieval, os cientistas do RENASCIMENTO usam métodos experimentais e técnicas mais avançadas de observação).

● O homem medieval vivia num mundo contemplativo, onde tudo obedecia a vontade de Deus. No Renascimento o homem desenvolveu a ciência e, através dela, percebeu possibilidades de poder usufruir da NATUREZA ao entender suas leis. (as oportunidades para extrair e explorar ao máximo o benefício de suas riquezas).

● Qualquer ação do homem prejudica o MEIO AMBIENTE. E este processo de intervenção humana foi se ampliando aos poucos.  

NA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL:

Com a REVOLUÇÃO INDUSTRIAL na Inglaterra a partir do Século XVIII, as formas de produção mudaram.

Nas cidades as fábricas e as máquinas alteraram a relação do homem com o trabalho e com a NATUREZA e transformaram o tradicional modo de produção artesanal em uma coisa do passado.

● Ao se espalhar da Inglaterra para a Europa, EUA e posteriormente para o mundo, o modo de produção capaz de baratear produtos e beneficiar a vida da população acabou mostrando sua face cruel.

● Além das transformações sociais, com a exploração da mão de obra, a voracidade do CAPITALISMO ocasionou vários desdobramentos e impactos no MEIO AMBIENTE.

● Na REVOLUÇÃO INDUSTRIAL o novo conceito de produção com as máquinas originou um progresso rápido e deixou à mostra a capacidade humana de prejudicar os ambientes naturais.

● A partir do fim do Século XVIII e início do Século XIX a sociedade foi se tornando praticamente atrelada à atividade industrial. É a origem do consumismo, que no presente se tornou o maior desafio para a preservação ambiental.

A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros, tudo se transformava em lucro. As cidades tinha sua sujeira lucrativa, suas favelas lucrativas, sua fumaça lucrativa, sua desordem lucrativa, sua ignorância lucrativa, seu desespero lucrativo. As novas fábricas e os novos altos-fornos eram como as Pirâmides, mostrando mais as escravização do homem que seu poder. DEANE, PHYLLIS A., 1979.

● Na REVOLUÇÃO INDUSTRIAL não havia nenhuma preocupação com a questão ambiental.  Os recursos naturais eram abundantes, e a poluição não era o foco da atenção da sociedade industrial e intelectual da época.

● As primeiras fábricas, ainda com a produção numa escala modesta, começam a mudar a paisagem e a causar danos ao MEIO AMBIENTE. De modo insignificante, mas, perceptível. As preocupações eram poucas e a fumaça das chaminés era considerada como símbolo de progresso e desenvolvimento.

A VISÃO CAPITALISTA – 1800 A 1900:

A partir do Século XIX as consequências da REVOLUÇÃO INDUSTRIAL se espalham:

● A consolidação do CAPITALISMO (a posse dos meios de produção na mão de poucos com um grande acúmulo de riqueza) e a forma de produção.

● Tornou evidente o grau de poluição. A indústria se tornou a principal responsável pelo lançamento de poluentes no MEIO AMBIENTE.

● Os moldes do CAPITALISMO com a atividade industrial causaram êxodo rural, urbanização muito rápida, concentração populacional nas cidades industriais que provocaram inúmeros problemas ambientais.

A aglomeração urbana, sem nenhum tipo de planejamento, aumentou o volume de esgotos, acúmulo de lixo, falta de condições de vida adequadas, doenças etc.

● Mas, o modo CAPITALISTA vê apenas produtos, mercadorias, bens e serviços produzidos para o comércio. Ou seja, uma ação constante de produzir e acumular riqueza.

● O pensamento CAPITALISTA considera que tudo o que existe e tudo o que é produzido é mercadoria para benefício apenas do próprio CAPITALISMO: pessoas, grupos sociais, espaço físico, NATUREZA, solo, subsolo, mares, ar, rios, florestas são apenas elementos.

● O pensamento CAPITALISTA foca a dominação e a subserviência da NATUREZA, que deve fornecer tudo o que pode ser economicamente útil para ser explorado. O grau de importância está voltado para o que trará maiores lucros, em curto prazo, e não é o que é bom ou correto. 

● Desde o Século XVIII e durante todo o processo de industrialização, os recursos naturais começam a ser explorados de forma desordenada e predatória, ocasionando efeitos nocivos ao MEIO AMBIENTE e ao homem.

A VISÃO CAPITALISTA – 1900 A 1939:

No começo do Século XX as empresas haviam crescido e chegado a um tamanho e a uma complexidade muito maior. Porém, sem organização e trabalhando de forma empírica.

● O período anterior a I Guerra Mundial aproveitou o desenvolvimento tecnológico, as invenções, as novas fontes de energia e a aplicação do progresso científico à produção.

● A grande oportunidade de suprir um mercado, em crescimento constante, fez as empresas crescerem de maneira rápida, acelerada (para produzir cada vez mais e da maneira mais eficiente possível).

● A ciência e a tecnologia se desenvolveram rapidamente numa tendência que já vinha se acentuando desde 2ª. Revolução Industrial – 1860 a 1914.

● Num cenário deste, houve a necessidade se substituir a improvisação para ganhar de eficiência e competitividade. Para tanto, foi necessária a organização eficiente do trabalho que se tornou a base para o desenvolvimento da Teoria e da prática da Administração.

● O crescimento da atividade industrial tornou as técnicas de produção cada vez mais sofisticadas forçando a ocupação do território físico agredindo ainda mais o MEIO AMBIENTE.

● A situação era favorável. E havia a necessidade de que os processos industriais fossem mais eficientes para atender às crescentes demandas do CAPITALISMO.

● Os métodos de FREDERICK TAYLOR e a linha de montagem aplicada por HENRY FORD transformaram a maneira das fábricas produzirem. Os CAPITALISTAS adotaram rapidamente a ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA para aumentar os lucros. Mas, um dos aspectos levantados pelo Taylorismo foi deixado em segundo plano: o MEIO AMBIENTE.

● O TAYLORISMO e o FORDISMO se espalharam pelo mundo. As indústrias, cada vez mais produtivas, solicitaram a busca de mais fontes de fornecimento de matérias primas na NATUREZA. E o grau de devastação e de poluição avançou acentuadamente. Na realidade, não houve cuidado com o MEIO AMBIENTE.

Sugestão de Leitura

DEANE, PHYLLIS. A. A Revolução Industrial. Editora Zahar. Rio de Janeiro, 1979

BARSANO, PAULO ROBERTO; BARBOSA, RILDO. Meio Ambiente – Guia Prático e Didático. Editora Érica. Edição 2ª. São Paulo, 2012.

DERENGOSKI, PAULO RAMOS. MEIO AMBIENTE: Sua História – Como defender a NATUREZA sem ser um ECOCHATO. Editora Insular. Edição 1ª.  Florianópolis, 2001.

THIAGO VITAL PAIS. Da Gestão Ambiental A Desconstrução do Sistema. Editora Atual. São Paulo.

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