INTRODUÇÃO:
Desde a mais remota Antiguidade o homem teve que criar mecanismos de defesa para sua sobrevivência. Os grupos nômades tinham que se preservar das ameaças da natureza (o ambiente), do ataque de animais ferozes e, principalmente, se defender de seus semelhantes. As lutas entre rivais eram pelo domínio de territórios favoráveis, por áreas de caça, água e para a preservação do bando.
Após a sedentarização, com práticas agrícolas e com o desenvolvimento técnico e cultural, as rivalidades continuaram. As tribos e clãs continuaram disputando territórios maiores e mais férteis, fontes de água, animais, colheitas, produtos e aprisionando escravos. Mas, os combates eram feitos de forma desorganizada sem táticas definidas e com armamento rudimentar.
Com a formação dos Estados, o padrão começa a se modificar. Os primeiros Faraós criaram unidades do exército regular no Egito, com armamento e uniforme padronizado na defesa contra intrusos e na proteção de rotas comerciais. Foi um dos primeiros usos ordenados da infantaria. Na Mesopotâmia os exércitos dos sumérios também começaram a se constituir de forma organizada.
OS LOGISTIKAS:
É comum encontrarmos na literatura corporativa a ideia de que as atividades da LOGÍSTICA estejam ligadas apenas em relação ao âmbito militar. De fato, com um olhar sobre a História veremos que os HITITAS, CITAS, ASSÍRIOS, CALDEUS e PERSAS formaram seus grandes impérios graças à melhor organização de seus exércitos. As guerras também foram vencidas graças à organização LOGÍSTICA que colocou os meios necessários à disposição durante as batalhas. E estes meios necessários tiveram importância decisiva.
Os exércitos desenvolveram esse senso de organização prevendo recursos, abastecimento, acessos etc. Na Grécia, Macedônia, Roma e Bizâncio os exércitos tinham uma área específica encarregada de planejar e organizar transporte, armazenamento, distribuição e manutenção de materiais necessários às operações.
Geralmente as guerras eram em regiões distantes, com batalhas em áreas abertas ou com longos cercos contra cidades inimigas. Era preciso deslocar tropas, equipamentos, armamentos, mantimentos e recursos num constante fluxo. Estas operações eram planejadas sob a responsabilidade dos LOGISTIKAS, oficiais responsáveis por garantir os recursos.
ATRIBUIÇÕES DOS LOGISTIKAS:
● O estudo prévio sobre rotas (nem sempre mais curtas, mais fáceis ou mais viáveis).
● O estudo prévio sobre fontes de água potável.
● O transporte da base até uma posição avançada ou até nos locais de combate: soldados, cavalos, elefantes, forragens, roupas, suprimentos, víveres e armamentos (incluindo montagem e preparação e montagem das torres de assalto, catapultas, aríetes, carros de guerra etc.).
● Retorno à base com resultado do saque, pilhagem e com os inimigos sobreviventes capturados para o cativeiro ou execução. Ou o retorno à base com os sobreviventes após uma derrota.
SUN TZU (544 – 496 a. C.): Na China há outro exemplo da ideia voltada para a LOGÍSTICA fora do cenário das civilizações que se desenvolveram no Oriente Médio e no mundo Greco-Romano.
SUN TZU foi um general estrategista e filósofo chinês e grande conhecedor de manobras militares. A ARTE DA GUERRA, o seu livro sobre estratégias militares, ainda hoje é um exemplo para o mundo dos negócios e lido por muitos executivos.
Com inteligência demonstrou a racionalidade e a dimensão da obediência, disciplina, planejamento e motivação dos exércitos. A análise e conhecimento do ambiente interno e do ambiente externo possibilita escolher uma estratégia diferenciada que aproveitará o potencial e lhe dará aptidões para superar inimigos.
Comparando-se, as ideias de SUN TZU dão a noção da importância do uso de informações, pesquisa de mercado, análise dos pontos fortes e fracos e o conhecimento das ameaças existentes (as ideias valem para o mundo dos negócios e também para a LOGÍSTICA).
“Se conhecemos o inimigo e a nós mesmos, não precisamos temer o resultado. Se nos conhecemos, mas não ao inimigo, para cada vitória sofremos uma derrota. Se não nos conhecemos nem ao inimigo, sucumbiremos em todas as batalhas.”
“A guerra é de vital importância para o Estado; é o domínio da vida ou da morte, é o caminho para a sobrevivência ou a perda do Império: é preciso manejá-la bem. Não refletir seriamente sobre tudo o que lhe concerne é dar prova de lastimável indiferença no que diz respeito à conservação ou à perda do que nos é mais querido; e isso não deve ocorrer entre nós. Há que valorá-la em termos de CINCO FATORES FUNDAMENTAIS, e fazer comparações entre as diversas condições dos contendores, com vistas a determinar o resultado da guerra”. SUN TZU
CINCO FATORES FUNDAMENTAIS DE SUN TZU:
A – Doutrina: significa aquilo que faz com que o povo esteja em harmonia com o seu governante, de modo que o siga aonde for, sem temer por sua vida, nem de se expor a qualquer perigo.
B – Clima: noite e dia, frio e calor, dias de sol ou chuva e a mudança das estações.
C – Terreno: implica nas distâncias, refere-se onde é fácil ou difícil deslocar-se, se é em campo aberto ou locais estreitos (isto tem influência sobre as possibilidades de sobrevivência).
D – O Mando: quem estiver no comando terá que ter como qualidades a sabedoria, a sinceridade, a benevolência, a coragem e a disciplina.
E – Disciplina: ela deve ser compreendida como a organização do exército, as graduações e classes entre os oficiais (hierarquia), a regulação das rotas de mantimentos e a provisão de material militar para o exército.
Os exércitos da Antiguidade já haviam compreendido a importância da LOGÍSTICA. E no decorrer da História nota-se que houve a preocupação com organização: Cruzadas, Guerra dos 100 anos, Grandes Navegações e na construção dos grandes impérios coloniais.
Sugestão de Leitura:
SUN TZU. A Arte da Guerra. Tr. Mirian Paglia Costa e Caio Fernando. Editora Cultura. Edição 1ª. São Paulo, 2016.