INTRODUÇÃO:
JAMES MOONEY foi um engenheiro americano e executivo de destaque na GENERAL MOTORS. No período entre 1910 e 1917 trabalhou na WESTINGHOUSE, BF GOODRICH e HYATT ROLLER (que foi absorvida pela GM). Em 1917, durante a I GUERRA MUNDIAL, serviu ao exército dos EUA, como capitão, e combateu na França. Após a guerra, MOONEY teve uma rápida ascensão profissional. Foi nomeado Presidente e Gerente Geral da REMY ELECTRIC COMPANY (subsidiária da GENERAL MOTORS) até 1922, quando assumiu a presidência da GENERAL MOTORS OVERSEAS.
JAMES DAVID MOONEY (1884-1957)
Aproveitando suas inúmeras viagens em diferentes países, em visita às fábricas de sua divisão, MOONEY registrou suas experiências, desenvolveu teorias e se tornou um dos primeiros líderes em teoria gerencial.
Em 1931 lançou com ALLAN CAMPBELL REILEY um livro de grande repercussão: OS PRINCÍPIOS DA ORGANIZAÇÃO (THE PRINCIPLES OF ORGANIZATION).
Esta publicação deu uma nova dimensão ao trabalho de FAYOL ao abordar a natureza e o desenvolvimento da organização e da administração empresarial apresentando a aplicação de métodos americanos, nas diversas condições existentes em outros países.
MOONEY também pesquisou personagens da história (Alexandre o Grande, Júlio César, Aristóteles e outros) e concebeu que os princípios organizacionais, empregados por eles, eram provavelmente os mesmos e compatíveis com a Administração.
Seu foco foi estudar os problemas relacionados com a COORDENAÇÃO, principalmente enfatizando sua importância para os interesses de todos os envolvidos, COORDENADORES e COORDENADOS. Dentro das teorias da Administração, JAMES MOONEY é um autor pouco comentado. Ele ficou muito mais conhecido como um alto executivo, que teve a carreira interrompida em 1940, sob a acusação de simpatia e colaboração com o regime nazista.
O PODER COORDENADOR
Sob o seu entendimento este é o poder supremo, que representa a autoridade dentro da empresa. Para ele, o modelo militar deveria ser o padrão de comportamento administrativo.
“Organização é a forma de toda associação humana para a realização de um fim comum. A técnica de organização pode ser descrita como a técnica de correlacionar atividades específicas ou funções num todo COORDENADO.” JAMES MOONEY MOONEY, J.D. The principies of organization, ed. rev. 1947, N. York, Harper and Brothers.
OS PRINCÍPIOS DA COORDENAÇÃO
É a razão fundamental para a organização, como o arranjo do esforço conjunto para dar a uniformidade de ação para alcançar um propósito comum. Inclui a AUTORIDADE, o serviço mútuo (RECIPROCIDADE DE INTERESSES), doutrina (ENTENDIMENTO) e DISCIPLINA (para assegurar a eficiência na organização).
1 – O Princípio ESCALAR: o princípio é a HIERARQUIA. Refere-se à linha de autoridade de execução, do mais alto ao mais baixo nível da organização. Isso inclui o princípio de LIDERANÇA (espírito de COORDENAÇÃO), a DELEGAÇÃO e a definição precisa das FUNÇÕES. É através da concessão de uma determinada medida de autoridade por uma autoridade mais elevada.
2 – O Princípio FUNCIONAL: ou a diferenciação entre várias atividades devido a grande variedade de FUNÇÕES. Todas as organizações devem apresentar características que determinam sua finalidade. Este Princípio identifica três grupos principais:
A – Discriminativo: funções ligadas à definição do objetivo. Determinação de que alguma coisa seja feita.
B – Aplicativo: funções referentes ao seu alcance ou sua a sua execução.
C – Interpretativo: funções relativas às decisões interpretativas ou decisões sobre problemas que surjam ao executá-la, seguindo regras e preceitos preestabelecidos.
“Não se pode conceber trabalho, função ou tarefa individual, de qualquer espécie, que não envolva um dos três elementos: a determinação de alguma coisa a ser feita, a feitura dessa coisa e a decisão de questões que possam surgir no decurso da execução da coisa em obediência a normas e práticas predeterminadas.” JAMES MOONEY. MOONEY, J.D. The principies of organization, ed. rev. 1947, N. York, Harper and Brothers.
3 – O princípio de FUNCIONAMENTO CONSULTIVO: significa ter um serviço de consultas, que deve haver nas empresas, para o tomador de decisão.
AS LIGAÇÕES COM O NAZISMO
No fim da década de 20, a Alemanha estava passando por um período muito difícil, numa condição financeira precária. O país tentava se recuperar da derrota na I Guerra Mundial e, simultaneamente, pagava altas indenizações aos vencedores do conflito (conforme as cláusulas estabelecidas pelo TRATADO DE VERSALHES).
Em expansão pelo mundo, a GENERAL MOTORS,que já havia adquirido a VAUXHALL MOTORS na Inglaterra em 1925, aproveitou esta situação. Em maio de 1929 comprou 80% da ADAM-OPEL, a maior fabricante de automóveis da Alemanha. Após a quebra da Bolsa de Nova York, em outubro do mesmo ano, a situação alemã se agravou ainda mais e a GM comprou os 20% restantes em 1931.
Chegando ao poder em 1933, ADOLF HITLER inicia o programa de recuperação econômica e o rearmamento alemão.
Em 1939, MOONEY teve contato com oficiais e altos membros do partido nazista para discutir as questões relacionadas às instalações da GM, em condições mais favoráveis. Em março de 1940, com a II GUERRA MUNDIAL em andamento, MOONEY se encontrou primeiro com ADOLF HITLER e posteriormente com HERMANN GOERING.
Em agosto do mesmo ano, uma revista publicou artigos com duros ataques a JAMES MOONEY. O motivo das críticas foi pelo seu contato, muito próximo, com os líderes nazistas e por seus pontos de vista favoráveis aos alemães. Assim, ele renunciou ao seu cargo e foi chefiar uma pequena equipe de diretores, criada para preparar a GM na produção no esforço de guerra.
A GM NA ALEMANHA NAZISTA
Dentro do trabalho de recuperação econômica e do rearmamento iniciado por HITLER,a GM/OPEL inaugurou em novembro de 1935 a mais moderna fábrica de veículos do mundo em BRANDENBURG (a OPELWERK BRANDENBURG) além da fábrica original em RUSSELSHEIM (1863).
O OPEL BLITZ
Em 1930 é lançado o BLITZ, um caminhão compacto de acordo com as características e necessidades do momento da Alemanha.
Até o final da década de 30, a empresa teve um papel muito importante por atuar no papel de um cidadão corporativo. A OPEL foi leal e obediente, dando total apoio a HITLER na recuperação econômica, na expansão do emprego, propaganda política, perseguição aos judeus e na preparação para II GUERRA MUNDIAL.
Em troca, GM/OPEL prosperou muito. E, por sua contribuição e esforços importantes para o nazismo, MOONEY recebeu a GRANDE CRUZ DA ÁGUIA ALEMÃ (1938).
Durante a II GUERRA MUNDIAL, as filiais alemãs da GM (em BRANDENBURG e RUSSELSHEIM)e da FORD (em COLÔNIA) tiveram suas instalações transformadas, para a produção militar, com mão de obra escrava trazida de países ocupados. Estas unidades foram parte muito importante dentro do esforço de guerra nazista.
A FORD em COLÔNIA produzia caminhões. As fábricas da GM/OPEL produziam caminhões, motores e componentes para tanques e aviões, peças, torpedos etc. e os mais diversos equipamentos militares. O caminhão BLITZ foi largamente utilizado pelos exércitos alemães em todas as frentes de combate. Em BRANDENBURG foram produzidos mais de 130.000 caminhões até 1944. Em agosto deste ano, metade da fábrica foi destruída por um violento ataque aéreo da RAF paralisando a produção até o final do conflito.
Em 1945 as instalações restantes foram desmontadas e enviadas para a UNIÃO SOVIÉTICA como reparação. Após o fim da guerra, a GM pediu indenizações ao governo americano em função dos danos causados pelos bombardeios nas suas fábricas. Entretanto, de certa forma a opinião pública considerou que MOONEY e a GM contribuíram para que HITLER tivesse condições para destruir milhões de vidas na Europa.
A FORD NA ALEMANHA NAZISTA
ADOLF HITLER foi um grande admirador de HENRY FORD por ele ter aperfeiçoado a produção em massa que revolucionou a indústria automobilística.
E tomou por inspiração o FORD T, um automóvel de baixo custo, para o desenvolvimento do VOLKSWAGEN.
HITLER via em FORD o exemplo de mente progressista, fonte de inspiração ideológica e faria o possível para colocar em prática suas ideias no TERCEIRO REICH. Outro aspecto que chamou a atenção do chanceler alemão foi o explícito antissemitismo de FORD que publicava com frequentemente artigos em que expunha sua opinião sobre os JUDEUS (livro: “O JUDEU INTERNACIONAL”, que foi traduzido em vários idiomas).
No dia 2 de outubro de 1930, a fábrica da montadora FORD começou a ser construída, na Alemanha (em COLÔNIA) e os industriais e engenheiros nazistas adotaram e adaptaram processos americanos.
Mesmo depois que os EUA declaram guerra ao EIXO em 1941 e proibiram relações comerciais com os nazistas, muitos empresários mantiveram seus negócios com os inimigos durante o conflito com o aval do governo americano, especialmente quando havia muito dinheiro envolvido nas transações. A FORD mais que dobrou de tamanho no país 1938 e 1945 (um terço de todos os caminhões do exército alemão era da FORD).
CONDECORAÇÃO
HENRY FORD foi o maior colaborador estrangeiro para os alemães. Em 1938, por ocasião de seu aniversário de 75 anos e, em reconhecimento, ele foi condecorado pelo cônsul alemão em CLEVELAND numa cerimônia em MICHIGAN com a GRANDE CRUZ DA ÁGUIA ALEMÃ (a condecoração mais alta concedida a um estrangeiro). Há evidências de que HENRY FORD nutria uma grande simpatia pelo nazismo e que ele teria dado apoio financeiro nos esforços contra os JUDEUS. A FORD teve grandes lucros durante a guerra, tanto produzindo para os nazistas como para os aliados. Mas, ninguém fez nenhum comentário…