A Inteligência Competitiva – IC

INTRODUÇÃO:

INTELIGÊNCIA COMPETITIVA (IC) não é um assunto novo. Sua origem está na Antiguidade, mas, só passou a fazer parte da Administração por volta de 1950 após a II Guerra Mundial. Da mesma forma que aconteceu com a LOGÍSTICA, os princípios da INTELIGÊNCIA MILITAR foram adaptados às necessidades das empresas. Em uma comparação com registros históricos, a INTELIGÊNCIA COMPETITIVA vem sendo praticada, ao longo do tempo, mostrando a importância das INFORMAÇÕES sobre os oponentes, a situação dos campos de batalha, meios de combate, meios de apoio etc.

Atualmente, é possível afirmar com muita convicção que as mudanças ocorridas no início do Século XXI fizeram com que organizações, mais atualizadas, entendessem com maior profundidade a dimensão da necessidade do uso de INTELIGÊNCIA COMPETITIVA (IC).

Isto se tornou fator crítico para a TOMADA DE DECISÕES (da mesma maneira que acontecia na Antiguidade) e a habilidade em lidar com as mais diversas INFORMAÇÕES fez com que as empresas tivessem maiores chances de sucesso.

CUIDADO: a pobreza de INFORMAÇÕES bloqueia a INOVAÇÃO. Portanto, a IC se tornou uma ferramenta de caráter proativo, utilizada para obter e estruturar INFORMAÇÕES expressivas e importantes sobre o comportamento do mercado na avaliação de tendências e circunstâncias.

A INTELIGÊNCIA COMPETITIVA (IC) não requer uma capacitação específica, pois, as INFORMAÇÕES de alguma maneira estão disponíveis em uma empresa. O que é inovador é o talento para dar direção e propósito a elas.

As empresas que as utilizarem de forma apropriada serão mais criativas e poderão se antecipar aos concorrentes. Assim, será possível atuar com PROATIVIDADE sem fazer o papel de uma entidade meramente reativa diante de imprevistos. O resultado irá manter ou elevar a competitividade pela forma correta de lidar com as INFORMAÇÕES.

CONCEITOS SOBRE A INTELIGÊNCIA COMPETITIVA

● É o processo que capta DADOS esparsos e desagregadostransformando estes DADOS em INFORMAÇÃO útil etransformando esta INFORMAÇÃO em CONHECIMENTO. A partir do CONHECIMENTO todo o material obtido pode se tornar DIFERENCIAL ESTRATÉGICO e VANTAGEM COMPETITIVA. É uma ação sistemática, contínua e não eventual.

● Outras ideias sobre INTELIGÊNCIA COMPETITIVA a definem como a aptidão de uma empresa, no seu TODO, para acumular INFORMAÇÕES para gerar CONHECIMENTO para trabalhar com base no próprio CONHECIMENTO que ela formou ao reunir o CONHECIMENTO INDIVIDUAL, CONHECIMENTO GRUPAL e CONHECIMENTO CORPORATIVO.

● A INTELIGÊNCIA COMPETITIVA é formação de CONHECIMENTO a partir de  INFORMAÇÕES para seguir tendências de mercado, fazer correções e mudanças, inovar com maior êxito, encontrar novas oportunidades e redefinir métodos, planos de trabalho ou até mesmo transformar o modelo de negócio.

INTELIGÊNCIA COMPETITIVA é a capacidade de uma empresa para mobilizar todo seu potencial intelectual disponível para direcioná-lo na realização de sua MISSÃO.

INTELIGÊNCIA COMPETITIVA é o processo pelo qual as organizações obtêm informações sobre a concorrência e sobre o ambiente competitivo para aplicá-las em seu planejamento e em seu processo decisório par a melhorar seus resultados.

INTELIGÊNCIA COMPETITIVA é a habilidade de ver além e permanecer à frente da concorrência, a verdadeira chave do sucesso.

FORMAÇÃO DA INTELIGÊNCIA COMPETITIVA – AMBIENTES

Grande parcela do trabalho é feito com atividades que priorizam o monitoramento contínuo do AMBIENTE EXTERNO. A busca, coleta, analise e disseminação de DADOS e INFORMAÇÕES deste ambiente procura perceber oportunidades e ameaças verificando: concorrência, condições econômicas e sociais, demografia, perfil do consumidor, legislação, tecnologia, meio ambiente e outros assuntos que a empresa possui pouco ou nenhum controle. Mas, as conclusões deste monitoramento dá à empresa a noção SE ela é realmente competitiva e SE o seu modelo de negócio tem sustentabilidade. 

No AMBIENTE INTERNO o monitoramento efetua um diagnóstico organizacional detectando pontos fracos e pontos fortes corrigindo ou reduzindo os riscos de  ineficiência.

Portanto, podemos considerar que a INTELIGÊNCIA COMPETITIVA tem como a base da análise SWOT. Simultaneamente, esta verificação interna aproveita experiências acumuladas e o CONHECIMENTO já existente na empresa.

A INTELIGÊNCIA COMPETITIVA é vital. Na medida em que dá suporte ao processo de gestão e às decisões estratégicas ela faz com que a identificação de necessidades seja uma rotina. Transforma a INFORMAÇÃO em INFORMAÇÃO ANALISADA, desenvolve o CONHECIMENTO e gera valores.

OBSTÁCULOS

Uma empresa que se limita apenas a copiar o que outras estão fazendo não pode afirmar que tem INTELIGÊNCIA COMPETITIVA. Esta atitude não é considerada como sendo um exemplo por que agindo desta maneira, maquiando alguns pontos para aparentar ser uma organização inovadora, ela poderá no máximo, raciocinar só na direção de um melhor resultado operacional. 

Sendo assim, no presente ainda encontramos poucas empresas que têm CULTURA ORGANIZACIONAL, estrutura e LÍDERANÇAS hábeis para fazer a conversão da INTELIGÊNCIA COLETIVA em uma VANTAGEM COMPETITIVA. Na maioria dos casos, há uma considerável perda de um valioso conhecimento humano que, na opinião de inúmeros EXECUTIVOS e GESTORES, é visto como um acontecimento cotidiano (normal!).

Contudo, o maior obstáculo está na qualidade do AMBIENTE ORGANIZACIONAL, que por falta de uma LIDERANÇA atuante, não estabelece objetivos comuns, permite (ou incentiva) rivalidades e conflitos internos, politicagem, desorganização e outros inúmeros problemas de ordem funcional. O resultado é o desgaste coletivo e o desperdício da capacidade intelectual da empresa.

O CAPITAL HUMANO NA INTELIGÊNCIA COMPETITIVA

Todas as atividades necessárias na construção e efetividade da INTELIGÊNCIA COMPETITIVA têm relação direta com a qualidade e desempenho das pessoas. E isto se refere a todos os níveis, desde a Diretoria aos Níveis Operacionais.

A experiência tem mostrado que, ao longo do tempo, boa parte dos GESTORES com poder de decisão foi habituada a trabalhar com muitos DADOS em seu estado bruto. Poucos têm boa vontade (podemos dizer assim!) para uma análise mais apurada. A GESTÃO é de forma mecânica, sem muita criatividade e com pouca INFORMAÇÃO ANALISADA. Portanto, quase sem nenhuma INTELIGÊNCIA

GESTORES mais atualizados têm um dos seus papéis mais valorizados como sendo o Coletor (que busca INFORMAÇÕES internas e externas) que interpreta, filtra, Dissemina e toma decisões. Avaliam AMEAÇAS e OPORTUNIDADES para definirem ações ofensivas ou defensivas. Mas, por influência da ZONA DE CONFORTO ou desconhecimento, a maioria apenas reúne DADOS, mas, só alguns analisam de forma mais detalhada.

Para que a INTELIGÊNCIA COMPETITIVA funcione por completo, os GESTORES, além de usar INFORMAÇÕES, deverão praticar suas Habilidades Gerenciais, o poder de Observação, o Raciocínio Lógico, saber Revolucionar e ter coragem de quebrar Paradigmas. Por sua vez, os Níveis Operacionais dão o suporte trabalhando sobre os dados na GESTÃO DOCUMENTAL e formação de MÉTRICAS.

Para que a INTELIGÊNCIA COMPETITIVA funcione por completo, há um problema muito sério para as empresas: as práticas para atrair e, principalmente, reter mão de obra qualificada e com grande capacidade intelectual.

Habitualmente, os resultados favoráveis da maioria das organizações estão atrelados à capacidade de colaboradores de bom nível, porém, em quantidade relativamente pequena. Então, os processos seletivos são mais rigorosos para a formação de um contingente hábil na construção da IC.

DIVISÕES DA INTELIGÊNCIA COMPETITIVA (IC)

Por uma questão de maior nível de precisão, alguns GESTORES dividem a INTELIGÊNCIA COMPETITIVA (IC) em formas diferenciadas:

● INTELIGÊNCIA COMPETITIVA ATIVA: é a mais comum, de caráter OFENSIVO focada na coleta de dados, planejamento, organização, análise e disseminação. A ATIVA está dividida em ESTRATÉGICA e TÁTICA.

● INTELIGÊNCIA COMPETITIVA DEFENSIVA: controla o fluxo de INFORMAÇÕES consideradas de nível estratégico e confidencial impedindo que sejam divulgadas ao público (interno e externo).

● CONTRA INTELIGÊNCIA COMPETITIVA (CIC): tem o mesmo conceito da área militar ao empregar ações para anular a espionagem. Uma empresa com a IC mais desenvolvida tem contra medidas neutralizando a IC praticada pelos concorrentes ou organizações que tenham atitudes não éticas.  A CIC é a garantia de resultados mais seguros com o uso de ferramentas e técnicas que corrijam vulnerabilidades para proteger as INFORMAÇÕES.

“Nos dias de hoje os profissionais de IC coletam, analisam e aplicam, legal e eticamente, informações relativas às capacidades, vulnerabilidades e intenções de seus concorrentes e monitoram acontecimentos do ambiente competitivo geral (como concorrentes antes desconhecidos que surgem no horizonte ou novas tecnologias que podem alterar tudo). O objetivo: informações que possam ser utilizadas para colocar a empresa na fronteira competitiva dos avanços. Ou nas palavras do guru da estratégia LIAM FAHEY: “Ajudá-las a vencer, descobrir as táticas e superar concorrentes atuais e potenciais (…) Olhamos para a concorrência como forma de nos analisarmos e verificar até que ponto somos bons‟. (PRESCOTT; MILLER, 2002, p. 11)

O momento atual requer novas capacidades de raciocínio para ter destreza do CAPITAL HUMANO para transformar DADOS desagregados e INFORMAÇÕES subjetivas em INFORMAÇÔES proveitosas que sirvam de bases para aplicações práticas. Ainda mais diante da PANDEMIA do COVID 19 e de suas consequências. O CAPITAL HUMANO, ou melhor, o CAPITAL INTELECTUAL, substituiu os fatores convencionais de produção (terra, mão-de-obra e capital financeiro) transformando o CONHECIMENTO ACUMULADO por qualquer tipo de organização em seu principal fator de produção.

Sugestão de Leitura

MILLER, JERRY. O Milênio da Inteligência Competitiva. Editora Bookman. Edição 1ª. Porto Alegre, 2002.

KLEIN, DAVID A. A gestão estratégica do capital intelectual: recursos para a economia baseada em conhecimento. Editora Qualitymark. Edição 1ª. Rio de Janeiro. 1998.

REZENDE, DENIS ALCIDES. Planejamento estratégico para organizações privadas e públicas: guia prático para elaboração do projeto de plano de negócios. Editora Brasport. Rio de Janeiro, 2008.  

PRESCOTT, JOHN E; MILLER, STEPHEN H. Inteligência competitiva na prática: técnicas e práticas bem sucedidas para conquistar mercados. Editora Campus. Rio de Janeiro, 2002.

STAREC, CLÁUDIO e outros. Gestão da Informação, Inovação e Inteligência Competitiva. Editora Saraiva. Edição 1ª. São Paulo, 2017.  

STEWART, THOMAS A. Capital intelectual: a nova vantagem competitiva das empresas. Editora Campus. Edição 2ª. Rio de Janeiro, 1998.

PASSOS, ALFREDO. Inteligência Competitiva para pequenas e médias empresas. Editora LCTE. São Paulo, 2007.

VAITSMAN, HÉLIO SANTIAGO. Inteligência empresarial: atacando e defendendo. Editora Interciência. Edição 1ª. Rio de Janeiro, 2001.

FULD, LEONARD M. Inteligência Competitiva: como se manter à frente dos concorrentes. Editora Campus Elsevier.  Rio de janeiro, 2007.

GARBER, ROGÉRIO. Inteligência Competitiva de Mercado. Editora Madras. Edição 1ª. São Paulo, 2001.

NONAKA, IKUJIRO; TAKEUCHI, HIROTAKA. Teoria da criação do conhecimento organizacional. Editora Bookman. Porto Alegre, 2008.

ABRAIC – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS ANALISTAS DE INTELIGÊNCIA COMPETITIVA .

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