INTRODUÇÃO:
A TERCEIRIZAÇÃO é outra ferramenta que a empresa pode utilizar na GESTÃO DE MUDANÇAS. É aplicada como uma ação isolada ou em sequencia às ações da REENGENHARIA, do DOWNSIZING e do EMPOWERMENT. Diversos analistas dão um parecer sobre a TERCEIRIZAÇÃO como a tendência de maior destaque no futuro. Esta opinião é justificada pelas possibilidades de ser a grande alternativa de atividade econômica relevante na geração de emprego e renda para na ampliação do EMPREENDEDORISMO. Porém, na prática, o tema ainda tem ligações com as receitas para enxugar estruturas e baixar custos.
A ORIGEM
Após entrar na II Guerra Mundial em 1941, os EUA voltaram seu parque industrial totalmente para o esforço de guerra em auxílio aos Aliados na luta contra o EIXO.
Para atender a este intenso ritmo de produção de armamentos e procurando ter maior flexibilidade, os americanos criaram o OUTSOURCING, uma técnica de gestão operacional pelo qual partes do processo são preparadas por outras empresas.
O objetivo foi transferir tarefas para outros fabricantes (ou prestadores de serviço) obtendo uma produção mais eficiente e priorizando internamente as fases principais da produção.
OUTSOURCING pode ser entendido por: “OUT“ que significa “fora” e “SOURCE” significa “fonte”. Ou seja, uma empresa procura por uma fonte no ambiente exterior (terceiros) para passar algumas de suas atividades. Por isso, em português é usado o termo TERCEIRIZAÇÃO.
TERCEIRIZAÇÃO – Ferramenta de GESTÃO DE MUDANÇAS
DEFININDO TERCEIRIZAÇÃO
Em geral se entende e se define TERCEIRIZAÇÃO como o processo planejado que transfere atividades a terceiros (produção de bens e serviços). A empresa contratante fica direcionada somente nas atividades que se constituem o foco principal, basicamente ligada ao seu ramo de atuação. O OUTSOURCING também é conhecido como BUSINESS PROCESS OUTSOURCING (BPO).
A terceirização “consiste em contratar um terceiro para a realização das atividades que não constituem o foco principal da empresa”. MARTINS, (2001).
A EVOLUÇÃO DA TERCEIRIZAÇÃO
Após a II Guerra Mundial, nos anos iniciais da década de 50, o processo não foi extinto. Além do mais, com o desenvolvimento acelerado das indústrias, a TERCEIRIZAÇÃO foi sendo gradativamente implantada em várias empresas.
Entretanto, tomou um impulso muito maior a partir da década de 1970 com as crises na economia causadas pelo CHOQUE DO PETRÓLEO.
Até esta época era apenas uma contratação de serviços de outras empresas aplicados somente para reduzir custo da mão-de-obra. Assim, era possível obter alguns GANHOS de eficiência, eficácia, qualidade e produtividade. Nesta situação de negócios em retração e recessão na economia, as empresas foram em busca de alternativas para atuar no mercado de maneira competitiva.
A TERCEIRIZAÇÃO passa a ser vista como uma forma de cortar custos, baixar preços e SOBREVIVER. Transferir para terceiros a execução de atividades secundárias possibilitou enxugar as empresas (queimar GORDURA) demitindo muitos trabalhadores. A TERCEIRIZAÇÃO também se torna de alta importância em planos ESTRATÉGICOS e, ao mesmo tempo, fez com que os índices de desemprego chegassem a taxas crescentes.
O final da década de 80 e início da década de 90 foram caracterizados pelo fim do BLOCO SOCIALISTA, pela GLOBALIZAÇÃO e abertura da economia.
Se os preços internacionais do Petróleo se estabilizaram, por outo lado a concorrência se tornou muito mais feroz. E não se tratava apenas de manter parcelas de participação no mercado. Era uma luta pela sobrevivência num ambiente de grandes mudanças.
Para ter competitividade, as empresas começam a realizar processos de GESTÃO DE MUDANÇAS como forma de adaptação. Havia a necessidade premente de modernização com a adoção de outras estratégias e reestruturação na produção como a garantia de competitividade. Era preciso encontrar FORÇAS para sobreviver na recessão econômica (um longo período que já vinha de longa data). E uma das saídas foi ampliar a TERCEIRIZAÇÃO.
Atualmente a TERCEIRIZAÇÃO está em uso na maior parte das empresas em alguma fase do seu trabalho. Sua importância cresce pela rapidez e agilidade nas atividades-meio, que tomam muito tempo e recursos, que poderiam estar alocados em outros processos operacionais. Há riscos envolvidos, mas, a TERCEIRIZAÇÃO vem sendo utilizada para que as empresas tenha uma preocupação maior (o foco interno) com o produto/serviço final.
A EVOLUÇÃO DA TERCEIRIZAÇÃO CONTINUA
A TERCEIRIZAÇÃO da produção e da prestação de serviços aconteceu pelo rearranjo produtivo que teve início na década de 70. As mudanças foram muito fortes na organização da produção, do trabalho e na relação entre empresas.
Até a alguns anos atrás, a TERCEIRIZAÇÃO era limitada aos serviços fora da especialidade da empresa. No momento o assunto é visto como a grande tendência para o futuro do mercado de trabalho e vital para muitos EMPREENDEDORES por se tratar de grandes oportunidades de negócios (incentiva a criação de Micro, Pequenas e Médias empresas).
A TERCEIRIZAÇÃO pode ser feita em qualquer área da empresa: serviços gerais, contabilidade, finanças, telemarketing, cobrança, tecnologia, comunicação, departamento pessoal, Recrutamento e Seleção etc. Hoje, com a evolução dos negócios, a tendência é transformar o processo em PARCERIA estratégica e em um relacionamento de maior efetividade. Esta ligação deverá ser benéfica para ambas as partes, no médio e no longo prazo. Outras consequências foram mudanças na área trabalhista, a PRECARIZAÇÃO DE TRABALHO e a QUARTEIRIZAÇÃO.
Para muitos empresários a TERCEIRIZAÇÃO é uma grande oportunidade para demitir funcionários e diminuir os custos da empresa…
É uma grande oportunidade porque o resultado é a possibilidade da redução de níveis hierárquicos, diminuição na estrutura e no número dos cargos. A TERCEIRIZAÇÃO permitiu que as empresas mais modernas apresentassem um perfil horizontalizado.
Assim, funcionários que desempenhavam a atividade dentro da contratante puderam ser transferidos ou remanejados para outras funções ou foram demitidos. Algumas empresas que demitem tem a alternativa de solicitar aos ex-funcionários a criação de uma empresa para ter a oportunidade de manter um vínculo indireto. Ou então se tornam prestadores de serviços autônomos com ou sem exclusividade. Outra possibilidade é contar com os serviços de ex-funcionários que já estão aposentados.
Um dos fatos marcantes dos anos 90 foi o rápido desenvolvimento da TERCEIRIZAÇÃO que, desde o final da década anterior, já vinha sendo utilizada no Brasil em um ritmo muito intenso. Esta FERRAMENTA não é uma ideia inédita e os seus resultados não impediram a ocorrências de contínuas crises, típicas do fim do Século XX e que adentraram os anos 2000. A TERCEIRIZAÇÃO é um processo que foi sendo intensificado dentro das estratégias voltadas para reestruturação das empresas.
Sem sombra de dúvidas, o assunto obteve destaque nas pautas governamentais, na agenda e nas análises dos empresários e um transtorno para a classe trabalhadora. A TERCEIRIZAÇÃO se ampliou. Chegou a ter um peso muito significativo e, segundo diversos especialistas, é um dos principais instrumentos para o processo de PRECARIZAÇÃO DAS RELAÇÕES DE TRABALHO e crescimento do EMPREENDEDORISMO. Por volta de 2010 os debates sobre o tema e seus efeitos negativos foram diminuindo, as questões sobre as condições desta modalidade de trabalho não se tornaram mais o centro das atenções e a TERCEIRIZAÇÃO passou a fazer parte do cotidiano das empresas.
Sugestão de Leitura
VIANA, MÁRCIO TÚLIO. Para Entender a Terceirização. Editora LTR. Edição 3ª. São Paulo, 2017.
MARTINS, SÉRGIO PINTO. A Terceirização e o direito do trabalho. Editora Atlas. São Paulo, 2001.
LEIRIA, JERÔNIMO SOUTO; SARATT, NEWTON DORNELLES. Terceirização: Uma alternativa de flexibilidade empresarial. Editora Gente. Edição 8ª. São Paulo, 1995.
QUEIROZ, CARLOS ALBERTO RAMOS SOARES DE. Manual de terceirização. Editora STS. Edição 9ª. São Paulo, 1998.
Lei 13429/17 | Lei nº 13.429, de 31 de Março de 2017.
SARATT, NEWTON; SILVEIRA, ADRIANO DUTRA DA; MORAES, ROGÉRIO PIRES. Empresabilidade na Gestão de Serviços. Badejo Editorial. Porto Alegre, 2003.
PINHEIRO, IURI; MIZIARA, RAPHAEL. Manual da Terceirização: Teoria e Prática. Editora Juspodivm. Edição 2ª. Salvador, 2019.
