2 – O Perfil do EMPREENDEDOR

INTRODUÇÃO:

Os últimos estudos sobre o perfil dos EMPREENDEDORES têm mostrado a grande parcela de participação de jovens, de ambos os sexos na faixa de 18 a 34 anos. E outras pesquisas que forem realizadas, provavelmente, mostrarão resultados muito semelhantes nos próximos anos. Na visão desta parcela da população, abrir um negócio para se tornar desde cedo um EMPREENDEDOR significa, cada vez mais, uma ideia associada com independência, status e menos associada com CARREIRA e “SEGURANÇA”.

QUESTÕES

Mas, o que EMPREENDEDORISMO apresenta que exerce atração sobre os jovens brasileiros? É possível justificar estas razões?

O DESENCANTO

No caso brasileiro, a expectativa de seguir uma carreira numa empresa, num EMPREGO FORMAL, está cada vez mais longe do objetivo (não só em relação aos jovens). Como alternativa, prestar concurso para o serviço público se tornou a saída para quem têm apenas a perspectiva (restrita) da garantia de estabilidade.

INDICADORES Há informações que podemos associar e que refletem sobre o que tem influenciado na construção do PERFIL dos EMPREENDEDORES. Os registros da Receita Federal mostram que o número de novas empresas aumentou 13,6% em 2017 e, dentro deste percentual, 75,5% eram no formato de Micro Empreendedor Individual (MEI) bem maior que os 42% de 2013.

De acordo com especialistas, o fato tem relação direta com a quantidade de pessoas DESEMPREGADAS, que usaram a rescisão para criar um negócio por conta própria, formalizado ou não. Portanto, é empreender por NECESSIDADE. Mas, outras pessoas, independente de estar empregadas ou não, compreenderam que seria preciso ousar para trabalhar e ter uma renda mais atraente.

Então, seria preciso correr RISCOS criando o próprio emprego, para ter independência financeira ao EMPREENDER e INOVAR usando o talento em seu próprio benefício.

E elas se prepararam, fizeram pesquisas sobre OPORTUNIDADES DE MERCADO que atendessem demandas sociais, estudaram e criaram um PLANO DE NEGÓCIOS. E foram à luta para obter um novo formato de renda, mesmo carregando falhas no PLANEJAMENTO, GESTÃO e ESTRUTURAÇÃO DO NEGÓCIO. Portanto, isto é empreender por OPORTUNIDADE.

A DESMOTIVAÇÃO

Por que o EMPREGO FORMAL desencanta cada vez mais? É um problema só entre os jovens? As outras faixas etárias também são assim? São as empresas que, por suas circunstâncias, não motivam ou não retém profissionais?

AS FAIXAS ETÁRIAS

Podemos fazer uma comparação pelas faixas etárias e GERAÇÕES. É uma análise complexa, por que antes se entendia que as GERAÇÕES se formavam e se sucediam num intervalo de 25 anos. Entretanto, este espaço de tempo hoje encurtou para dez anos e pessoas diferentes estão convivendo com mentalidades diferentes. Nos últimos 50 anos, o tempo andou de forma mais rápida pela tecnologia influenciando por novas maneiras de relacionamento, o modo de pensar, produzir, como fazer as coisas etc.

CONFLITOS

Ocorre é que a convivência entre as diferentes GERAÇÕES e diferentes mentalidades no mundo do trabalho criaram CONFLITOS e DESMOTIVAÇÃO.

BABY BOOMERS:

É a geração dos nascidos de 1945 até a metade dos anos 60, que viveu os ANOS DOURADOS e o MILAGRE ECONÔMICO. Não faltavam vagas nas empresas, havia muitas oportunidades de trabalho e a participação feminina era menor. Porém, esta geração sofreu com as mudanças políticas e as graves crises econômicas da década de 1970.

Em relação ao trabalho, por acreditarem no EMPREGO ESTÁVEL e na CARREIRA SÓLIDA de muitos anos na mesma empresa, os BABY BOOMERS não se preocupavam muito com sucesso financeiro, eram fiéis à empresa, obedientes, disciplinados, de pouca criatividade, não necessitavam de uma escolaridade refinada e não questionavam os seus superiores. Com este padrão de vida, para eles EMPREENDEDORISMO parecia mais uma aventura do que uma coisa a ser levada a sério.

Os BABY BOOMERS que alcançaram cargos de chefia tiveram sérios CONFLITOS com indivíduos das gerações X e Y que chegavam ao mercado de trabalho. Eles trouxeram as suas novas ideias e hierarquia de valores junto com um nível de instrução e visão diferentes a respeito da vida e da carreira profissional. Estas diferenças, nem sempre sutis, tiveram forte influência sobre sua MOTIVAÇÃO.

Os BABY BOOMERS que hoje estão no EMPREENDEDORISMO, em geral, atuam em atividades simples no AUTO EMPREGO, sem grande comprometimento para completar a sua aposentadoria.

GERAÇÃO X:

Nascida entre 1965 e início dos anos 80 presenciou o fim do período HIPPIE e da GUERRA FRIA, as graves crises, inflação alta e os planos econômicos. O período também mostrou a crescente participação feminina.

Em contraste com as décadas de 50 e 60, a GERAÇÃO X sofreu na retração do mercado de trabalho e com o aumento das exigências em processos seletivos face ao excesso de candidatos.    

As pessoas da GERAÇÃO X não tiveram uma definição de futuro muito clara. Mas, de modo geral eram mais descrentes, criativos e questionadores. E viram o mundo mudar rapidamente com o computador, VHS, FAX e várias novidades tecnológicas (CD, DVD, impressora, internet, celular, e-mail etc.).    

Apreciavam novidades, tinham objetivos de consumo fortes, passaram a cuidar da aparência física, consumiram vários livros de autoajuda, apreciavam status e a aparência de sucesso.

Também aprenderam a conviver com a informática e aos poucos se envolveram com questões relativas ao MEIO AMBIENTE e NATUREZA.

Em relação ao trabalho a GERAÇÃO X bateu de frente contra os padrões BABY BOOMERS de seriedade e dedicação, de anos a fio, num emprego que não garantiu uma situação de sucesso. A GERAÇÃO X foi materialista e na busca do sucesso desenvolveu uma personalidade WORKAHOLIC, competitiva, muitas vezes sem ética. E também não gostava de ser gerenciada de perto. As pessoas da GERAÇÃO X chegaram ao mercado de trabalho diferente dos BOOMERS e com um nível de escolaridade melhor. E perceberam algumas situações:

● As empresas não se importavam muito com a qualidade da escolaridade, demitiam, eliminavam postos de trabalho e achatavam os salários para baixar custos e aumentar LUCROS

● A realidade da maior parte do trabalho era de tarefas rotineiras, burocráticas, monótonas e desmotivadoras (uma situação paradisíaca para os BOOMERS) e incompatíveis com o nível da formação escolar exigida pelas empresas.

● Se oportunidades de encarreiramento e de crescimento diminuíram, as pessoas por sua vez, também não se motivavam mais para manter o vínculo com a mesma empresa por muito tempo. Assim, se tornou mais viável fazer o próprio plano de carreira trocando de empresa para poder subir de cargo.     

● Ao contrário do feitio BABY BOOMER, que não questionava os chefes e que acreditavam na ideia de que a longevidade num emprego é símbolo de caráter, os indivíduos da GERAÇÃO X passam a crer que uma atividade por conta própria seria mais atraente em termos de independência e segurança diante do DESEMPREGO. Esta tendência já havia dado sinais de vida diante as ondas de desemprego desde o início da década de 70 (abrir “UM NEGÓCIO”).

Hoje, para os indivíduos da GERAÇÃO X que estão no EMPREENDEDORISMO e na faixa acima de 50 anos, um erro nos negócios pode ter sérias consequências: eles não têm mais chances de voltar ao mercado de trabalho.

Sugestão de Leitura

TAMARA ERCKSON. E Agora, Geração X? Editora Elsevier. Edição 1ª. Rio de Janeiro, 2011.

LIPKIN, NICOLE; PERRYMORE, APRIL. A Geração Y no Trabalho. Editora Elsevier. Edição 1ª. Rio de Janeiro, 2010.

MACHADO, GILSON M. Os Pais da Geração Y. Editora All Print.  Edição 1ª. São Paulo, 2015.

GRUBB VALERIE M. Conflito de Gerações: desafios e estratégias para gerenciar quatro gerações no ambiente de trabalho. Editora Autêntica Business. Edição 1ª.  Belo Horizonte, 2018.

FERRIGNO, JOSÉ CARLOS. Conflito e cooperação entre gerações. Edições Sesc. São Paulo, 2015.

OLIVEIRA SIDNEI. Gerações Encontros, Desencontros e Novas Perspectivas.  Editora Integrare Business. Edição 1ª. São Paulo, 2016.

CODEÇO, PAULO VITOR. Gerações X e Y e Seus Perfis Motivacionais. Editora Appris.  Edição 1ª. Curitiba, 2015.

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