INTRODUÇÃO:
O Século XX pode ser considerado como um período em que a “MÃE-NATUREZA” foi muito mal tratada e sofreu um intenso nível de destruição. Não obstante, no fim dos anos 60, alguns movimentos se posicionaram de forma contrária à situação e procuraram reverter o descaso em relação ao MEIO AMBIENTE.
Aos poucos a reação foi surtindo efeito na comunidade científica, na política de muitos governos, na sociedade e no meio corporativo. E a preocupação com a sustentabilidade do planeta deixou de ser um assunto exótico, restrito a um pequeno grupo específico de contestadores, para se tornar uma preocupação geral.
A VISÃO CAPITALISTA – 1939 A 1950:
Além dos 47 milhões de mortos e do nível de destruição alcançado, a II Guerra Mundial ocasionou efeitos devastadores sobre o MEIO AMBIENTE. Os combates, os bombardeios aéreos e os incêndios subsequentes destruíram cidades, áreas industriais, portos, refinarias e instalações militares.
O movimento intenso de veículos militares, o deslocamento de tropas e de navios consumiram quantidades enormes de combustível.
● Os navios que foram afundados, principalmente no Atlântico Norte, levaram para o fundo do oceano milhares de toneladas de materiais, petróleo, combustíveis e equipamentos destinados ao esforço de guerra.
● Como resultado, as ações de guerra provocaram a emissão de metais pesados e muitas outras substâncias nocivas que acabaram por contaminar o ar, o solo e a água dos rios e dos oceanos.
A VISÃO CAPITALISTA – 1950 A 1960:
O modelo econômico dos anos 50-60 funcionou sem problemas. Nestas duas décadas, os EUA e os países da Europa Ocidental registraram uma grande atividade econômica, que voltou a ser dinâmica e sem grandes perturbações. O cenário propiciou altas taxas de crescimento e baixos níveis de desemprego.
● Os EUA se tornam o padrão de CAPITALISMO,apresentando prosperidade e confiança pelos altos níveis de bem estar social, consumo de bens e serviços e a exemplar qualidade de vida de sua população. O cinema e a música se tornam muito eficientes para divulgar os padrões do AMERICAN WAY OF LIFE.
● Apesar de toda essa fase de bem estar, no fim da década de 1950 surgiu nos EUA a geração chamada “BEAT“.
Estes jovens refutaram os tradicionais padrões e se voltaram para novas formas de comportamento. Sua visão inconformista era uma oposição à sociedade vigente.
● Mesmo com as ameaças da Guerra Fria e os desassossegos causados pela Guerra da Coréia (1950-1953), Guerra do Vietnã (1955-1975), Revolução Cubana (1959), Crise dos Mísseis (1962) e a Corrida Espacial entre os EUA e a URSS o período não trouxe nenhum motivo para causar grandes estragos à economia mundial.
● As pequenas oscilações no ritmo de crescimento ou nos preços do Petróleo não resultaram em nenhum tipo de recessão prolongada. E o mercado mostrou poucas mudanças.
● Neste cenário tão favorável pouca gente se importou com problemas ambientais. A exploração dos recursos naturais e as agressões ao ambiente se acentuaram seguindo o ritmo do crescimento econômico.
A VISÃO CAPITALISTA – 1960 A 1973:
A década de 1960 começa com a continuação das mudanças culturais, ideológicas e alternativas que se manifestaram a partir no fim dos anos 50. Há uma crise no moralismo rígido da sociedade americana que não conseguia mais seduzir e convencer seus jovens. Os anos 60 podem ser analisados em duas partes:
A – De 1960 a 1965: uma fase ainda marcada por idealismo nas manifestações socioculturais, movimentos e ideologias despolitizadas.
B – De 1966 a 1968: uma geração altamente questionadora, inconformista, rebelde, cheia de ideias contra os padrões da sociedade. A ousadia e a contestação não tiveram limites na busca pela liberdade em experiências com drogas, na perda da inocência, na revolução de costumes, nos protestos nas ruas contra o estado das coisas, contra a Guerra Fria, Guerra do Vietnã e etc. (contracultura, Hippies, feminismo…).
● Nos países do Ocidente, a década de 60 mostrou o fortalecimento de movimentos de esquerda e, em contrapartida, o aparecimento de várias ditaduras de direita nos países em desenvolvimento.
● Os problemas ambientais, um tema restrito aos pequenos grupos eram vistos como sendo assuntos exóticos e típicos de jovens idealistas, visionários fora da realidade, drogados e alienados.
● Para o CAPITALISMO a explosão do consumo continuava e os negócios se expandiam. O MEIO AMBIENTE não era importante. A década de 60 não teve a sua prosperidade abalada por causa de jovens rebeldes e suas mudanças de comportamento. Isto não era uma ameaça para os lucros.
Porém, os Hippies do final da década de 60 com suas utopias e ideias de uma vida mais simples, próxima à NATUREZA e sem apego aos bens materiais, passaram a chamar a atenção para problemas relacionados com as ações nocivas do homem no ambiente.
O CHOQUE DO PETRÓLEO: A partir de outubro de 1973 os preços do petróleo dispararam e chegaram a valores altíssimos. Esta foi a represália dos países árabes contra o apoio dado a Israel na GUERRA DO YON KIPUR pelos EUA e países Ocidentais.
O aumento causou uma recessão profunda que desestabilizou toda a economia mundial promovendo mudanças importantes na VISÃO de MUNDO do CAPITALISMO.
Com base no exemplo da alta dependência em relação ao Petróleo, a humanidade percebeu repentinamente que os recursos naturais não são infinitos e que muitos deles não são renováveis. Para cada país a crise teve seu nível de estrago.
A nova circunstância obrigou a busca por possibilidades de economizar petróleo, forçou a criação outros estilos de vida e de tecnologias que diminuíssem seu consumo. E, ao mesmo tempo, a ciência passa a pesquisar fontes alternativas de energia economicamente viáveis e menos agressivas. Mas, nenhuma solução seria no curto prazo.
FONTES ALTERNATIVAS: O início das pesquisas e investimentos em fontes alternativas para minimizar a dependência em relação ao Petróleo, veio junto com a preocupação em desenvolver soluções que não tivessem grandes impactos sobre o MEIO AMBIENTE. Todos os resultados iniciais apontaram soluções, a princípio, antieconômicas e prejudiciais: carvão, lenha, xisto etc.
A PERCEPÇÃO – CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS: Além do efeito do Petróleo e dos impactos do seu uso desmedido, os estudiosos passaram a considerar várias consequências: a elevação da temperatura da TERRA, alterações visíveis no clima, efeitos do desmatamento e o desaparecimento de espécies animais e vegetais.
Se antes havia só uma leve percepção sobre danos ambientais, o resultado mais detalhado mostrou que os problemas eram maiores, mais extensos e relacionados às atividades econômicas:
● A industrialização acelerada.
● O rápido crescimento demográfico.
● O rápido processo de urbanização.
● A escassez de alimentos.
● O esgotamento de recursos não renováveis.
● O descuido (por muitos anos) em relação ao MEIO AMBIENTE.
Por décadas, o crescimento econômico do CAPITALISMO não percebeu (ou não quis perceber) os efeitos adversos sobre os ECOSSISTEMAS e os efeitos adversos sobre a própria sociedade.
E durante as décadas de 70 e 80 verificaram-se que os problemas sociais e problemas ambientais se tornaram muito próximos, uns dos outros, e cada vez mais críticos.
Diversos estudos apontaram que a produção agrícola irregular em determinadas regiões eram consequência das alterações climáticas, que por sua vez, eram decorrentes das agressões ao ambiente. Um problema atrelado a outro: a devastação de solos produtivos, a poluição das águas, a poluição do ar, a chuva ácida, as modificações no clima, a mudança das temperaturas, efeito estufa, problemas de saúde, acidentes ambientais… e outros mais.
O tratamento incorreto dado a tudo o que a “MÃE-NATUREZA” nos forneceu, por milhares de anos, poderia representar o fim de nossa própria existência. O nível alcançado pela crise ambiental não pode mais ser visto somente como resultado do descaso de algumas empresas e de suas ações imprudentes.
Esta crise, nada mais é, do que o resultado de um modelo produtivo que persistiu por muitos anos. E, infelizmente, não é um problema localizado e restrito às atividades de um determinado setor. A sua escala é mundial.
Os resultados, tanto do desenvolvimento econômico quanto do aumento do consumo, são provados por centenas de pesquisas e estudos feitos por cientistas. A degradação do MEIO AMBIENTE é crescente e acelerada e os danos são visíveis. E a situação deverá piorar caso nenhuma mudança aconteça.
O SOCIALISMO E O MEIO AMBIENTE:
A economia planificada e centralizada dos países socialistas também não teve grandes preocupações com questões ambientais.
O rio Danúbio: nasce na Alemanha, tem 2.888 quilômetros de extensão e após a II Guerra Mundial foi vítima de produtos químicos (fertilizantes – nitrogênio, fósforo, etc.) vindos da produção agrícola, industrial e da atividade urbana. O rio corta a Áustria e países que faziam parte da antiga cortina de ferro do Leste Europeu: Hungria, República Tcheca, Eslováquia, Croácia, Sérvia, Romênia, Bulgária e Moldávia. A sua recente recuperação foi possível graças ao apoio da ONU.
Mar de Aral: está localizado na Ásia Central entre o Cazaquistão e o Uzbequistão, já foi o quarto maior lago do mundo com 68.000 km² e atualmente está reduzido a 10% da superfície original. Na década de 60, quando a região fazia parte da antiga União Soviética, os rios que formavam o Mar de Aral foram desviados para irrigação. Como resultado, o reduzido volume da água definhou o lago progressivamente, destruiu a indústria pesqueira local e iniciou um grave processo de desertificação.
CHERNOBYL: a usina está localizada na Ucrânia. Em 1986 quando a região ainda fazia parte da União Soviética ocorreu um grave acidente nuclear com a explosão de um de seus reatores durante um teste de segurança por falha no seu projeto.
O incêndio decorrente liberou na atmosfera uma nuvem de material radioativo contaminando pessoas, animais e o meio ambiente numa vasta extensão. Também foram relatados anomalias climáticas e danos à flora em várias partes da Europa. Até hoje os seus efeitos continuam causando vítimas na população local como problemas congênitos em recém-nascidos e câncer de tiroide. O processo de descontaminação ainda continua em andamento.
Sugestão de Leitura
LOURENÇO, DANIEL BRAGA. QUAL O VALOR DA NATUREZA? Editora Elefante. Edição 1ª. São Paulo, 2019.
MANO. ELOISA BIASOTTO; ÉLEN, BEATRIZ A. V. PACHECO; BONELLI CLÁUDIA MARIA CHAGAS. Meio Ambiente, Poluição e Reciclagem. Editora Blucher. Edição 2ª. São Paulo, 2010.
AILTON KRENAK. Ideias para adiar o fim do mundo. Editora Companhia das Letras. Edição 1ª. Rio de Janeiro, 2019.